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Estado de Minas VISIBILIDADE LÉSBICA

Potência invisibilizada: movimento lésbico realiza mobilizações em BH

De acordo com UFRJ, entre 2014 a 2017, 126 mulheres foram mortas por serem lésbicas e 55% destas por não apresentarem comportamentos considerados femininos


27/08/2021 14:09 - atualizado 27/08/2021 18:19

Comemoração dos 3 anos da Terça das Manas, em 18/07(foto: Úrsula Jauar/Divulgação)
Comemoração dos 3 anos da Terça das Manas, em 18/07 (foto: Úrsula Jauar/Divulgação)

 

No domingo (29/08) será comemorado o Dia da Visibilidade Lésbica. Belo Horizonte receberá eventos para a celebração da data. O Sapatão no Guidão - Pedalada pela visibilidade lésbica é organizado pela Caminhada das Lésbicas e Bissexuais de BH e pela Terça das Manas, coletivo feminista de mulheres ciclistas. A concentração está marcada para 15h na Praça do Ciclista, na Avenida Carandaí, 331, no Bairro Funcionários, na Região Centro-sul.

 

Segundo levantamento do Núcleo de Inclusão Social (NIS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), somente entre os anos de 2014 a 2017, 126 mulheres foram mortas por serem lésbicas e 55%  destas foram por não apresentarem comportamentos considerados femininos.

 

Dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos coletados entre 2000 e 2017 revelam que os homicídios de mulheres lésbicas saltou de dois para 54 por ano, sendo que 83% destes foram cometidos por homens. 

 

O Dia da visibilidade lésbica faz referência ao 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE) com o tema “Visibilidade, Saúde e Organização”, realizado em 1996. O evento teve como objetivo promover a união das mulheres lésbicas e o debate sobre sexualidade, direitos e políticas públicas.

 

O Sapatão no Guidão tem o objetivo de celebrar o movimento lésbico, estabelecer redes e criar um ambiente alegre de socialização entre as mulheres. Na edição deste ano a caminhada será substituída pela pedalada, para garantir o distanciamento social necessário devido à pandemia de COVID-19. É obrigatório o uso de máscara pelas ciclistas.

 

Lara Sousa, que organiza a Caminhada desde 2018 e é  integrante da Terças das Manas, tem orgulho em se declarar sapatona. "Quando a Caminhada, ao longo desses 17 anos, ocupa as ruas com um monte de sapatão, é pra falar que nós existimos, que nós queremos ter segurança, que a gente quer andar ruas, que a gente quer poder trabalhar e ter nossos corpos e nossas expressões respeitadas".

 

Como ação complementar ao evento "Sapatão no Guidão" a Caminhada das Lésbicas e Bissexuais de BH presenteou a cidade de Jequitionha com o primeiro outdoor sobre a visibilidade lésbica que se tem registro no Brasil, com a mensagem "Um dia sem lésbicas é como um dia sem Sol".

 

A arte foi feita por Alessandra Alixandrinho, companheira da Caminhada das Lésbicas e Bissexuais, como uma releitura de faixa icônica na Parada pela Liberdade Gay de São Francisco (EUA), em 1979. O outdoor teve grande receptividade na cidade.

 

Outdoor em Jequitinhonha(foto: Thatielle de Freitas)
Outdoor em Jequitinhonha (foto: Thatielle de Freitas)

 

Outro importante evento, que acontece ente os dias 26 e 29 de Agosto, é a 3ª edição da M.A.L. (Mostra de Arte Lésbica). Em 2019 a mostra fez parte do programa da Virada Cultural com evento no Parque Municipal, e esse ano realiza uma versão online e transmitida pelo YouTube. A mostra apresenta diversas expressões artísticas como audiovisual e artes plásticas vem  com a curadoria de Jessica Marroques, lésbica, cineasta, artista visual e pesquisadora.

Lutas e conquistas

XVII Caminhadas das Lésbicas e Bissexuais em ato contra Bolsonaro(foto: Fabíola Ladeira)
XVII Caminhadas das Lésbicas e Bissexuais em ato contra Bolsonaro (foto: Fabíola Ladeira)
 

 

Ao longo dos anos, o movimento LGBTQIA%2b conquistou muitos direitos para a comunidade lésbica, como o casamento no civil, amparo legal no processo de reprodução assistida e a equiparação do crime de LGBTfobia à ao crime de Racismo, pela  Lei 7.716/1989, e aguarda a formulação de uma legislação específica.

 

Apesar das conquistas, as mulheres lésbicas ainda sofrem com a lesbofobia e a tentativa de deslegitimação de sua sexualidade e afetividades. Além disso, em uma sociedade em a mulher tem pouco espaço em debates, as lésbicas também sofrem por serem invisibilizadas pela sociedade, e até mesmo no meio LGBTQIA%2b devido à construção social que valoriza a figura masculina em detrimento da feminina.

 

Os movimentos e eventos voltados para esse público explicitam a existência das lésbicas, não apenas dentro do tema diversidade, mas para falar de suas vidas, expansão de seus direitos, respeito e dignidade dentro de suas especificidades. "As mulheres, quando se encontram, elas são adubos de si e permeiam o solo para que outros coletivos e outras relações brotem. Então quando a gente se encontra é uma primavera. Eu gosto muito de ter essa figura na minha mente porque dá um horizonte de esperança, de florir. Que é o que todos desejamos", declara Lara.


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