Quem está por trás dos grandes eventos da cidade? A resposta a essa pergunta é uma das propostas do “Produza como uma mulher”, série de encontros onlines e gratuitos criados para reunir produtoras de eventos e mulheres que desejam ingressar no ramo. O evento acontecerá durante os dias 30 de agosto a 2 de setembro, na plataforma do Youtube, e já tem inscrições abertas.
As participantes vão contar com discussões sobre quatro temas principais: gastronomia, turismo, diversidade e carnaval, áreas e eventos que têm ganhado destaque e cada vez mais movimentam a economia e as ações em Belo Horizonte e em Minas Gerais. Para isso, os encontros terão a contribuição de especialistas e profissionais das áreas, como Gigi Favacho e Danusa Carvalho, que vão movimentar os debates e contribuir com a visibilidade de mais um cenário em que há desvalorização profissional de mulheres.
"O Produza como uma mulher demonstra a importância da inserção das mulheres no lugar do protagonismo. Sempre estivemos nas produções. No entanto, em Belo Horizonte, uma comarca cultural, está processo de avanço e tomada de lugar de protagonismo", afirma a atriz e jornalista Juhlia Santos.
Como um dos nomes da retomada do carnaval de ruda de Belo Horizonte, Juhlia estará no painel "E agora carnaval?". A experiência na maior festa popular da cidade projetou Juhlia para a produção de outros eventos, como o Festival Transvida, o primeiro festival de arte trans realizado na capital com uma semana de apresentações e mostras. Juhlia integra vários blocos e está na produção do Corte Devassa e do Angola Janga.
Juhlia destaca que o festival foi quase todo produzido por pessoas trans, com a participação da artista cisgênera Nath Sol. "Ela teve um papel de letramento, de formar as outras para futuros festivais e não precisar contar com pessoas cisgêneras. Não é segregação. Precisamos recortar para dar visibilidade", afirma.
Juhlia avalia que, embora a produção seja uma área com grande presença das mulheres, os espaços de decisão e poder ainda são dominados por homens, brancos e cisgêneros. Ela lembra que há pouquíssimo tempo as produções abriam cotas para mulheres e pessoas negras, mas o que de certa forma limitava a ampliação da particição. "Cumpriam a cota e não passavam disso. Mas é importante transbordar essas cotas", defende.
E ela completa que as mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+ avançam no processo de ocupar espaços de poder. "Quando conseguimos passar nos editais, compor curadoria é outro olhar. A produção não é só a parte prática. A produção tem que passar pelas mãos de mulhers desde editais e curadorias. O olhar na ponta chega em toda a construção. É necessário ter mais mulheres espaço de poder para delegar", completa.
CRESCIMENTO DOS EVENTOS VIRTUAIS
Com a pandemia e muitos encontros presenciais suspensos, o ambiente virtual ganhou destaque na sociedade. Com os eventos e celebrações isso não foi diferente, facilitando a participação de pessoas e ganhando a preferência de muitos. Em pesquisa realizada pela plataforma da Startup Even3, foi constatado que os eventos online cresceram 300% em relação aos anos anteriores, ocupando plataformas como o Youtube, Zoom e o Instagram.
No entanto, os dados não expressam os bastidores e a necessidade de qualificação, principalmente em relação às mulheres. Há diversos cuidados, tarefas e conhecimentos para a produção desses encontros neste formato consideravelmente novo de ambiente virtual. Para a coordenadora do evento e produtora, Fernanda Batista, o "Produza como uma mulher" surgiu para ajudar com essas transformações que a área da produção de eventos está passando, com o aumento de programações totalmente onlines e digitais.
"O intuito deste encontro é fazer com que essas profissionais reciclem seus conhecimentos e se sintam motivadas a entregar, para seus clientes e público, eventos cada vez mais surpreendentes. As participantes podem esperar quatro dias de muito conteúdo e oportunidades para criar conexões e compartilhar experiências entre essas mulheres que exercem diferentes papéis nos bastidores, seja criando, planejando ou executando eventos nos mais diversos segmentos", explica Fernanda.
MULHERES NA PRODUÇÃO
O “Produza como uma mulher” é organizado por um dos coletivos que vem ganhando espaço no cenário dos eventos em BH: o Mulheres na Produção, criado em 2018 pela produtora Fernanda Batista.
Desde seu surgimento, o coletivo tem apoiado diversas mulheres que têm o interesse na área da produção de eventos em diversos segmentos. Apesar de mineiro, tem atuação nacional, realizando atividades e ações que impactam diretamente os conhecimentos e a carreira de muitas profissionais.
Confira a programação
Painel 1: E agora Carnaval?
Mediadora: Juhlia Santos
Participantes: Gigi Favacho e Renata Chamilet.
Data: 31/08 das 19h às 21h30
Painel 2: Futuros Desejáveis: O que esperar daqui pra frente?
Mediadora: Erika Ziller
Participantes: Ana Biavaschi, Andreia Peres, Anna Pinheiro, Isaura Paulino e Nanda Miranda
Data: 31/08 das 19h às 21h30
Painel 3: Como produzir eventos gastronômicos com criatividade e segurança?
Mediadora: Sulamita Theodoro
Participantes: Ananda Fernandes e Danusa Carvalho
Data: 01/09 das 19h às 21h30
Painel 4: Conexão eventos & turismo – Elos Possíveis
Mediadora: Fernanda Batista
Participantes: Ana Torres, Mauren Castro e Mayara Tavares
Data: 02/09 das 19h às 21h30