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Estado de Minas novidades na cozinha

Mulheres que produzem cafés especiais em Minas ganham voz com nova marca

5 O'Coffee tem uma linha de cold brew e também vende os cafés em grãos


25/04/2021 04:00 - atualizado 26/04/2021 19:05

Miriam Aguiar, de Santo Antônio do Amparo, chama a atenção pela consciência sustentável(foto: Moeda Semente/Divulgação)
Miriam Aguiar, de Santo Antônio do Amparo, chama a atenção pela consciência sustentável (foto: Moeda Semente/Divulgação)

Nas lavouras, elas participam de pelo menos 80% da produção brasileira, mas são invisíveis. Acabam escondidas atrás de projetos familiares e nem entram para as estatísticas. Como dar mais voz para as mulheres que trabalham com café? A marca 5 O'Coffee faz a sua parte ao mostrar do que pequenas produtoras de grãos especiais em Minas são capazes. Com conhecimento e produtos de qualidade, elas passam a ser vistas pelo mercado.
 
A consultora de qualidade e sustentabilidade Flávia Lacerda, de Alfenas, é a coffee hunter do projeto. Há mais de 12 anos, ela trabalha com exportação de cafés especiais e tem experiência em identificar preciosidades em pequenos lugarejos, principalmente no Sul de Minas. “O que tentamos fazer é levar a história do produtor para o consumidor. Mostrar quem está por trás do produto, todo o trabalho para se chegar a um café de qualidade. Isso é consumo consciente.”
 
Flávia foi escolhida por já desenvolver ações com foco em mulheres. Como única mulher na diretoria da Associação dos Cafeicultores do Brasil (Sincal), que sente na pele a dificuldade de ter voz, ela se uniu à Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA Brasil), que luta pela representatividade feminina em toda a cadeia. “Mostramos para a mulher que ela tem capacidade e força para não ficar mais escondida atrás de um projeto familiar. Assim, consegue sair também de outras situações ruins”, explica.
 
Atualmente, duas produtoras fazem parte do projeto: Miriam Aguiar, de  Santo Antônio do Amparo, e Maria Helena Brunelli, de Ingaí. Flávia conta que Miriam tem uma consciência sustentável que nunca tinha visto. Do início ao fim, ela pensa nos três pilares (social, econômico e ambiental). Não usa agrotóxicos, só homeopatia, porque sabe que o seu café é um alimento que vai para a casa de muitas famílias. “Aprendi com ela que você é responsável por todos com quem trabalha. Então, tem que comprar de quem tem a mesma consciência sustentável e vender para quem vai continuar seu legado.”
 
As embalagens exibem o nome e o rosto de quem produz o café(foto: Moeda Semente/Divulgação)
As embalagens exibem o nome e o rosto de quem produz o café (foto: Moeda Semente/Divulgação)
 
Maria Helena é descrita por Flávia como “uma guerreira”. Mostra determinação em fazer o negócio crescer e se desenvolver. “Ela trabalha diretamente na lavoura, faz testes, participa de pesquisas com a Universidade Federal de Lavras (Ufla), troca conhecimento com os vizinhos, tudo pela qualidade”, enumera. A produtora, que começou com uma fazenda bem pequena, agora investe no café torrado, com as ferramentas que tem, para não ficar só na produção e ter novos clientes.
 

Apoio do público

 
A oportunidade de criar a marca 5 O'Coffee veio através do projeto Semente Café Sustentável, idealizado pela fintech de impacto social Moeda Semente. O público apoia a iniciativa doando uma quantia em dinheiro e depois recebe de volta o valor + 8%. Com os R$ 52 mil arrecadados na primeira fase, a empresa ajudou a criar a marca, cujo nome é uma brincadeira com a hora do chá na Inglaterra, desenvolver os produtos e comercializá-los na sua plataforma on-line MoedaMarket. Agora, na segunda fase, espera-se somar R$ 45 mil. Os novos produtos começam a ser vendidos no mês que vem.
 
Além de receber um valor justo pelas sacas de café, as produtoras ganham uma parte do dinheiro arrecadado com a venda dos produtos.

Em 2019, a 5 O'Coffee lançou sua linha de cold brew. Flávia optou por começar pelo café extraído a frio, primeiro porque tem bastante experiência nisso (produz desde 2012) e segundo por ser uma bebida diferente, que não se encontra em qualquer lugar. As opções são tradicional e com tangerina. “Participava de muitas feiras em BH e sempre colocava tangerina no cold brew tradicional para vender como se fosse drinque. Era o que as pessoas mais gostavam.” Já está em teste o sabor açaí.
 
A marca também vende cafés em grãos. Ambos têm 84 pontos (80 é o mínimo para ser considerado um café especial), são bem encorpados, mais doces e agradam à maioria dos paladares. Enquanto o da Miriam puxa para caramelo, rapadura e banana, o da Maria Helena tem notas mais realçadas de chocolate. A embalagem tem estampada o rosto delas. “Isso é muito importante para que essas mulheres não continuem a ser coadjuvantes. Elas ficam muito satisfeitas e encorajam outras.”
 
O plano é ampliar o projeto em várias frentes: número de mulheres, mix de produtos, volume de produção e pontos de vendas. “Quanto mais vendemos, mais sacas de café compramos e mais impactamos a vida das produtoras”, pontua Flávia.
 

Serviço

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