escritores Hélio de la Peña e Beto Silva

Hélio de la Peña e Beto Silva viraram máquina de fazer piadas e se misturaram ao público na Fliti, após a mesa 'Notas sobre o humor'

Morandi Fotocinegrafia/DIVULGAÇÃO

Tiradentes –  Durante a mesa-redonda “Notas sobre o humor”, realizada nesse sábado (28/10), durante a 4ª Feira Literária de Tiradentes (Fliti), os ex-Casseta & Planeta Beto Silva e Hélio de la Peña viraram uma máquina de piadas.

“As piadas sempre existiram, mas elas mudam com o tempo e procuram os meios mais interessantes de cada época”, disse Beto ao Estado de Minas. “No entanto, acho que o humor se manteve (do mesmo jeito) nas crônicas. Ainda tem bastante gente escrevendo crônicas de humor”, emendou ele, que lançou no festival a coletânea de crônicas “Notas sobre o humor”, pela 7 Letras.

O livro reúne uma série de textos que tratam desde questões polêmicas, como o politicamente correto, lugar de fala, limite do humor e cancelamento; até assuntos cotidianos, como escatologia, palavrões e trocadilhos, entre outros.

Humor no centro

O bate-papo dos humoristas sintetiza bem a atmosfera desta quarta edição da Fliti, que homenageia o centenário de Fernando Sabino e termina neste domingo (29/10). Até ontem, ao longo de quatro dias de programação, escritores, expositores e público em geral compartilharam experiências “sem cerimônias”, como se estivessem na casa de amigos.

Na sexta-feira (27/10), Bob Wolfenson não se abalou quando o telão no qual mostraria algumas das fotos que citou durante a mesa “Erotismos no olhar” falhou. Bem-humorado, aceitou a sugestão de alguém da plateia que, brincando, pediu para ele andar por entre o público com seu notebook, mostrando as imagens.

Também na sexta, Maria Ribeiro fez jus ao título de sua mesa-redonda junto a Antonio Prata (“Geração espontânea”), ao tirar os sapatos e cruzar as pernas sobre o banco, diante do público.

O bom humor e a descontração também se refletiram nas obras lançadas durante o festival. Em “As aventuras do pijamão”, de Hélio de la Peña e Adão Iturrusgarai, editado por Almedina Brasil e Banca do Minhoca, a dupla reuniu crônicas e cartoons que zombam de coisas como o solteirismo, a pegação e “outras vulgaridades que afrontam homens e mulheres que ainda vivem na pré-história do sexo”, conforme definiu o humorista.

“(Com “As aventuras do pijamão”,) faço um relato de um tempo que já passou, o tempo das cavernas ao qual eu pertenço, sabe?”, disse De la Peña ao EM. “Mas o livro também vem provar que, apesar de eu e meu amigo Adão pertencermos a esse tempo, nós somos educados, cortamos as unhas, tomamos banho”, brincou.

Autores independentes

O livro, contudo, não é ilustrado por Adão, ressalta o ex-Casseta, e sim uma obra de coautoria. “A gente pensava em um tema. Aí, o Adão bolava um cartoon e eu fazia as crônicas. Não conversávamos sobre o que faríamos para que ambos ficassem livres (no processo de produção). Ele não ilustrou minhas crônicas e nem eu escrevi com base no que ele desenhou”, explicou.

A Fliti, evidentemente, não focou somente no humor. Pedroca Monteiro, por exemplo, lançou o livro infantil "Ser o que se é", pela Companhia das Letrinhas, selo infantil da Companhia das Letras; Valéria Martins esteve presente com o seu “O lugar das palavras”, da editora 7 Letras; e Eliane Alves Cruz, com “Solitária”, também da Companhia das Letras.

Houve ainda espaço para que autores independentes pudessem lançar suas obras. Foram 129 inscritos e 24 selecionados, caso de Luciana de Gnone, que lançou o romance policial “Crimes em Copacabana: Caçada ao dono da Babilônia”.

Best-seller na Amazon Kindle Brasil, a publicação é ambientada nos anos 1980 e acompanha os desafios da detetive Iolanda Braga em recuperar o traficante Touro Bravo, que fugiu de sua delegacia.

“Ela é a única mulher da corporação combatendo a violência urbana. Portanto, precisa lidar com o machismo ali dentro”, explicou a autora. “Além disso, com a fuga do traficante, a polícia precisa de um bode expiatório, que vai ser a Iolanda”. 

Feira em números

Até este sábado, segundo estimativas da organização da Fliti, 20 mil pessoas passaram pelos três espaços dedicados à programação  – Praça da Rodoviária, Largo das Forras e Centro Cultural Yves Alves. O número é cinco vezes maior do que o da primeira edição, em 2019, quando o evento recebeu 3.800 visitantes. Neste ano, participaram 
35 distribuidoras, entre lojas e editoras.

* O jornalista viajou a convite da Fliti