Fernanda Takai olha para a câmera

Cantora e compositora com três décadas de carreira, Fernanda Takai abre o Sonora Festival, com show nesta quarta-feira (16/8)

Tibério França/divulgação

Criado em 2016 nas redes sociais para divulgar o trabalho das compositoras, o Sonora Festival Internacional chega à edição deste ano reforçando uma de suas principais frentes, as ações formativas, e intensificando o diálogo entre suas agentes. Desta quarta-feira a domingo (20/8), no Sesc Palladium, a programação vai oferecer shows, oficinas, rodas de conversa e saraus.

Fernanda Takai e Bia Nogueira abrem os trabalhos, às 19h30 de hoje. Shows de Déa Trancoso e Glaw Nader estão previstos para o último dia, no Teatro de Bolso. Ingressos têm preços populares, com inteira a R$ 2. Saraus de artistas selecionadas por edital – Manu Ranilla, na sexta-feira, e Cleópatra, no sábado – completam a programação musical.

Intercâmbios na Casa Sonora

A grande novidade é o projeto Casa Sonora, que, além de ações formativas, vai promover o intercâmbio entre 15 produtoras culturais de cinco regiões brasileiras. Será a primeira vez em que elas vão se reunir presencialmente para participar das atividades.


Idealizadora da iniciativa, a cantora, compositora, escritora, violonista e produtora Deh Muss explica que o Casa Sonora é o espaço de materialização dos interesses que nortearam a criação do festival, ou seja, o fortalecimento profissional e o empoderamento de mulheres no mercado da música, por meio do trabalho em rede, e a criação de um ambiente de aprendizado e trocas.
 
Deh Muss olha para a câmera

Deh Muss diz que produtoras virão do Rio Grande do Sul, Rondônia, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e do Uruguai para participar do Sonora

Instagram/reprodução

'Quando começamos disseminando a hashtag #mulherescriando nas redes, nem tínhamos ideia de que pudesse vir a ser um festival, mas ele aconteceu e impulsionou muitas carreiras. O Sonora tem cumprido o papel de legitimar a presença da mulher compositora'

Deh Muss, compositora e produtora


O Festival Sonora alcançou todas as regiões do Brasil e também o exterior, somando 74 cidades de 16 países e abraçando mais de 1 mil artistas. As responsáveis pela realização do evento em cada praça praticamente não tiveram oportunidade, até agora, de se encontrar.

“A ideia do Casa Sonora é reunir as mulheres que vêm fazendo o festival. Temos produtoras vindo de Rondônia, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e do Uruguai. A gente se conhece basicamente on-line; muitas delas eu nunca vi”, revela Deh Muss, que responde pela coordenação geral do projeto em parceria com a cantora e compositora Isabella Bretz.

O primeiro encontro presencial deste grupo ocorreu na Semana Internacional da Música (SIM), em São Paulo, em 2018, mas de maneira informal. “Naquela ocasião, estivemos reunidas por algumas horas, numa noite de apresentações. Agora, o encontro acontecerá ao longo de alguns dias. Na SIM, não tivemos a estrutura que vamos ter agora, com proposta formativa”, diz Deh.

As convidadas para conduzir as ações formativas são Dani Ribas (Sonar Cultural Consultoria), Carol de Amar (A Macaco), Maria Laura Tergilene (Fábrica Criativa), Monique Dardenne (Women's Music Event), Aline Cântia (Instituto Cultural Abrapalavra) e Ivana Tolotti (produtora independente).

Deh destaca que oficinas e bate-papos são voltados para as produtoras associadas, mas a participação do público é permitida. “A gente deixa em aberto para quem quiser acompanhar”, informa.
 

Nos encontros, serão debatidos temas como produção artística, elaboração de projetos e captação de recursos. Também está na pauta a produção afetiva, relacionada à ideia de comunicação não violenta apregoada pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg.

“Convidamos duas mulheres que já fazem eventos grandes para falar de seus cases – a Carol de Amar, do Festival Sarará; e a Monique Dardenne, criadora do Women's Music Event, a primeira premiação de música só para mulheres, que é realizada em São Paulo e conta com a participação de muitas artistas de renome, de muita gente do mainstream”, aponta.
 
Carol de Amar olha para câmera

Carol de Amar, criadora do Festival Sarará, vai falar de sua experiência nesta quinta (17/8), no Sesc Palladium

Rio 2C/reprodução
 

Ao comentar os shows de abertura e encerramento do Sonora, Deh explica que a premissa do festival é colocar uma artista emergente abrindo para outra que já desfrute de projeção. “Vamos ter a Bia tocando antes da Fernanda Takai, na quarta-feira. E, no último dia, a Glaw Nader fazendo o show de abertura para a Déa Trancoso, cuja carreira é extensa e muito consolidada”, ressalta.

Sarau aberto a novos sons

As selecionadas para os saraus representam gêneros distintos, que se descolam do eixo central, mais ligado à MPB tradicional. “Manu vem com música mais eletrônica e experimental, enquanto a Cleópatra é do universo do hip hop. A gente busca contemplar todos os estilos, com a preocupação de manter o equilíbrio entre artistas negras e brancas”, pontua Deh.


As atividades começam na quinta-feira (17/8). O primeiro encontro é com Dani Ribas, na oficina “Sensibilização de públicos”, às 10h30, no mezanino do Sesc Palladium. A consultora da Sonar Cultural vai explicar como os algoritmos segmentam os públicos on-line e ensinará à artista estratégias para coletar dados e compreender as motivações de seu público.

Também amanhã, às 15h, haverá bate-papo com Carol de Amar. Cofundadora e gestora artística da produtora A Macaco, ela é uma das idealizadoras do Festival Sarará e empresária da banda Lagum e do grupo Fenda, entre outros nomes de BH ligados ao selo MacacoLab.

Na sexta-feira (18/8), a programação será aberta com um bate-papo com Monique Dardenne, às 15h. Ela vai falar da plataforma Women's Music Event, da qual é cofundadora, e também do primeiro prêmio da música exclusivo para mulheres desenvolvido pela WME. O Sarau Casa Sonora, sob comando de Manu Ranilla, completa a programação, às 18h.
 
Aline Cântia olha para a câmera

No sábado (19/8), Aline Cântia ministra oficina sobre produção afetiva e comunicação não violenta

Instagram/reprodução
 

Produção afetiva

No sábado (19/8), haverá oficina de produção afetiva com Aline Cântia, às 15h, no mezanino. Ela abordará o trabalho em equipe no setor cultural, explicará como desenvolver a chamada comunicação não violenta – conceito de relacionamento interpessoal e intrapessoal que abrange os vocabulários sugerido e a evitar –, além de tratar da mediação de conflitos. O sarau de Cleópatra ocorrerá no Espaço Jardim, às 18h.

No domingo (20/8), a agenda vai de oficinas à música. Ivana Tolotti comanda encontro, às 15h, sobre captação criativa de recursos. Às 19h30, o Teatro de Bolso recebe os shows de Déa Trancoso e de Glaw Nader.

Deh Muss destaca a contribuição das convidadas para a cena. “A Maria Laura, parceira do Sonora, veio querendo participar continuamente do projeto. Produtora e empresária, ela transita mais no meio do funk e do trap, faz um festival próprio e tem muita experiência. Com relação à Monique, desde antes da criação do Sonora a gente já conversava. Ela abriu a catalogação de mulheres na música, iniciativa grande.”
 
Ao longo de sete anos, o festival tem conseguido cumprir os objetivos a que se propôs, acredita Deh Muss. “Quando começamos disseminando a hashtag #mulherescriando nas redes, nem tínhamos ideia de que pudesse vir a ser um festival, mas ele aconteceu e impulsionou muitas carreiras. O Sonora tem cumprido o papel de legitimar a presença da mulher compositora. Hoje em dia, muitos festivais e mostras têm o Sonora como inspiração”, conclui.
 
Bia Nogueira

Bia Nogueira se apresenta nesta quarta (16/8) à noite

Paulo Abreu/divulgação
 

SONORA FESTIVAL

QUARTA (16/8)
» 19h30 – Show de Bia Nogueira
» 20h30 – Show de Fernanda Takai
Ingressos: R$ 2 (inteira) R$ 1 (meia), disponíveis na plataforma Sympla e na bilheteria

QUINTA (17/8)
» 10h30 – Oficina com Dani Ribas
» 15h – Bate-papo com Carol de Amar
» 17h – Workshop com Maria Laura Tergilene

SEXTA (18/8)
» 15h – Bate-papo com Monique Dardene
» 18h – Sarau com Manu Ranilla

SÁBADO (19/8)
» 15h – Oficina com Aline Cântia
» 18h – Sarau com Cleópatra

DOMINGO (20/8)
» 15h – Oficina com Ivana Tolotti
» 19h – Shows de Glaw Nader e Déa Trancoso
Ingressos: R$ 2 (inteira) R$ 1 (meia, disponíveis no Sympla e na bilheteria

• Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Atividades abertas ao público. Informações: (31) 3270-8100.