A jornalista Renata Matta Machado

Em "Nada será como antes", a jornalista Renata Matta Machado relata o dia em que sofreu o AVC que mudou para sempre a sua vida; lançamento do livro, hoje, em BH, terá também apresentação de jazz

Cecília Pederzoli/divulgação

'Comecei com 19 anos. E o que quero com o livro é colocá-lo debaixo do braço e fazer palestras para que os jovens evitem o uso da droga. Essa coisa que dizem que droga não é bom é ilusão. É bom, o problema é usar a primeira vez. Você não para, perde o controle e daí acontece o que houve comigo'

Renata Matta Machado, jornalista e escritora


Foram Picola e Pitico que deram o alarme. O latido dos cachorros anunciou que sua tutora, a jornalista Renata Matta Machado, estava caída no quarto. Era 6 de março de 2021 e ela, aos 52 anos, havia sofrido um AVC hemorrágico.

"Nada será como antes" (Páginas Editora), título que será lançado neste sábado (12/8), na Livraria da Rua, começa precisamente com o relato, em primeira pessoa, que Renata faz do dia que mudou radicalmente sua vida. 

Dois anos e meio mais tarde, ela convive com as sequelas. Ficou com o lado esquerdo paralisado e anda pouco, sempre com a ajuda de uma bengala. Como é canhota, escreveu o livro digitando com apenas um dedo – o indicador direito. A escrita veio de forma desorganizada, tanto que dois amigos, os jornalistas André Gobira e Miguel Anunciação, fizeram a edição e a estruturação do texto.

Mas Renata não arrefece. Está lançando o livro como um alerta para que adolescentes e jovens não entrem "numa onda errada" como ela. "É importante frisar: o AVC foi provocado por um combo, uso abusivo de cocaína, estresse, ansiedade e depressão." Renata consumiu cocaína durante 36 anos contínuos.

Perda de controle

"Comecei com 19 anos. E o que quero com o livro é colocá-lo debaixo do braço e fazer palestras para que os jovens evitem o uso da droga. Essa coisa que dizem que droga não é bom é ilusão. É bom, o problema é usar a primeira vez. Você não para, perde o controle e daí acontece o que houve comigo."

A partir do momento do AVC, Renata conta no livro como foi sua recuperação. Ficou hospitalizada por 10 meses, mais tarde foi para um lar de idosos e só depois retornou para casa. Além das adversidades, ela também escreve sobre sua infância e adolescência em Belo Horizonte, a atuação no jornalismo (trabalhou nos três jornais diários de BH, TVs e revistas, fez assessoria de imprensa para órgãos públicos) e as passagens por clínicas de reabilitação. 

Quem a conhece sabe de sua verve bem-humorada. "Em uma das histórias, falo do período em que fiquei internada em uma instituição para dependentes químicos, Instituto Padre Haroldo, em Campinas. Entrei como interna e saí como assessora de imprensa. O padre fazia um programa para a TV Canção Nova, e eu era a única que podia usar computador. Eu produzia o programa e também tinha aulas de ioga."
 
O prognóstico, Renata diz, é bom. "Já estou andando, mas falta um pouco de coragem. Nesse meio tempo, levei um tombo e quebrei um ombro. Estou meio ressabiada desde então", ela conta.
 
No dia a dia, faz fisioterapia, lê e assiste TV. De vez em quando também se permite sair com os amigos para um chopinho. 

O livro foi nomeado com o verso-título da letra de Ronaldo Bastos para a música de Milton Nascimento; a foto da capa traz outro verso, "Para sempre é sempre por um triz", de "Beatriz" (Chico Buarque e Edu Lobo), que ela traz tatuada no ombro.
 
Neste sábado, Renata vai receber os amigos com música, outra paixão. O lançamento vai contar com uma apresentação de jazz.

Capa do livro de Renata Matta Machado

Capa do livro de Renata Matta Machado

Páginas Editora
“NADA SERÁ COMO ANTES”

• Renata Matta Machado
• Páginas Editora (110 págs.)
• R$ 50
• Lançamento neste sábado (12/8), das 11h às 14h, na Livraria da Rua (Rua Antônio de Albuquerque, 913, Savassi).