Paulo Álvares toca piano

Paulo Álvares diz que fez "seleção nostálgica" para o repertório do concerto na Sala Sérgio Magnani

Zeitgenössische Musik/divulgação

A comemoração dos 60 anos da Fundação de Educação Artística, neste domingo (6/8), vai homenagear o compositor mineiro Eduardo Guimarães Álvares (1959-2013), com um concerto de música contemporânea. Irmão de Eduardo, o pianista Paulo Álvares se apresentará às 11h, na Sala Sérgio Magnani, no Bairro Funcionários.

Radicado há 34 anos na Alemanha, Paulo Álvares apresentará peças para piano solo que costumava executar na Fundação de Educação Artística (FEA) quando morava em BH.

“Estudei  lá quando tinha 15 anos. Farei uma seleção nostálgica, vamos assim dizer, do repertório que tocava na fundação, no qual se incluem obras de três compositores que considero os mais importantes do século 20: Arnold Schönberg, Igor Stravinsky e Béla Bartók. Tocarei peças deles na introdução. Depois, tocarei peças mais atuais, de Mauricio Kagel, Willy Corrêa de Oliveira e Galina Utsvolskaya, compositora aluna de Shostakovich e bem radical.”

A seguir, Paulo executará criações de seu irmão, Eduardo Álvares. “Como eu, ele trabalhou e estudou na fundação. Será um repertório grande, com pequena introdução, depois peças mais contemporâneas e, posteriormente, obras nossas”, adianta.
 
A parte final será uma espécie de “visão panorâmica” da obra de Eduardo Álvares. “Apresentarei uma evolução do estilo dele, além de três estudos meus”, detalha o pianista.

Entre BH e Alemanha

Paulo Álvares chegou ao Brasil recentemente para se apresentar e dar aulas no Festival de Campos do Jordão, em São Paulo. O ritmo de trabalho dele é intenso na Alemanha. Além de pianista principal de duas orquestras na cidade de Colônia, é solista e gravou vários CDs com composições dele e de Luciano Berio, Mauricio Kagel e Karlheinz Stockhausen, entre outros autores.

O interesse de Álvares não se limita a nomes consagrados.“Toco obras de compositores bem jovens ainda”, orgulha-se. “Trabalho bastante com música eletrônica, música por computador e com improvisações experimentais.” Neste domingo, porém, fará concerto acústico. “Não tem nada com eletrônica, somente piano solo mesmo”, diz.

Paulo ingressou no mundo da música ainda criança, em Uberlândia, antes de Eduardo. “Depois entramos para o conservatório, porém ele foi para o lado das artes plásticas, pois desenhava e pintava muito bem. Eu fiquei sempre na música”, conta.

Quando morou em Belo Horizonte, Paulo trabalhou e estudou na FEA. Depois, fez cursos nos Estados Unidos, onde criou ciclos de música contemporânea e apresentou concertos. Posteriormente, mudou-se para a Alemanha. Entre suas influências estão o húngaro Béla Bartók, o italiano Luciano Berio e o argentino Mauricio Kagel.
 

'Toco obras de compositores bem jovens ainda. Trabalho bastante com música eletrônica, música por computador e com improvisações experimentais'

Paulo Álvares, pianista e compositor

 

Galpão e Guimarães Rosa

Compositor premiado, Eduardo Álvares foi professor atuante em Minas Gerais e São Paulo. Ele apostava no diálogo da música com as artes cênicas, artes visuais e a literatura. Criou trilhas para os grupos Galpão e Giramundo, chamando a atenção com “Três canções para barítono e clarinete”, peça sobre textos de Guimarães Rosa premiada pela Unesco.

Eduardo Álvares presidiu a Fundação Clóvis Salgado, em BH, e comandou a Orquestra Sinfonia Cultura, em São Paulo. Morreu aos 54 anos, em decorrência de um câncer.

“MANHÃS MUSICAIS – 60 ANOS DA FEA”

Com o pianista Paulo Álvares. Neste domingo (6/8), às 11h, na Sala Sérgio Magnani (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários). Entrada franca. Informações: (31) 3226-6866.a