Boneca de barro do Vale do Jequitinhonha

Projeto Jequitinhonha: Origem e Gesto vai destacar a beleza das peças criadas por artesãos naquela região mineira

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
 
A rica cultura popular do Vale do Jequitinhonha será a estrela no Palácio das Artes. A partir da próxima quinta-feira (3/9), ficarão expostas 100 obras de artistas e artesãos pertencentes a colecionadores particulares e aos acervos do Centro de Arte Popular (CAP) e do Sebrae/MG. Algumas peças foram criadas especialmente para a ocasião.

Até outubro, a Cia de Dança Palácio das Artes apresentará “Jequitinhonha: Origem e gesto”, espetáculo com estreia marcada para a próxima sexta-feira (4/8), às 20h, na Grande Galeria, junto da mostra panorâmica de artes visuais. Esse espaço ganhará ambientação inspirada no Vale, com os tons terrosos de barrancos e das casas de pau a pique, além das texturas da paisagem da região.

Criação coletiva dos bailarinos, a coreografia é resultado da pesquisa de campo realizada pelo corpo artístico do Palácio das Artes no Alto Jequitinhonha. Visitas a associações de artesãos e conversas com moradores inspiraram o trabalho, que mescla tradições mineiras e contemporaneidade.

O artista plástico Marco Paulo Rolla, coordenador geral do projeto, diz que a interpretação das culturas do Vale do Jequitinhonha se deu a partir de múltiplos suportes. Artesanato, pintura e videoinstalação remetem à identidade daquela região.

“Uso transições entre as artes o tempo inteiro. Estudei música desde criança, depois artes visuais. O espetáculo tem coisas performáticas, ele transita. A música é parte importante dessa produção, foi gravada lá no Vale do Jequitinhonha. Tudo tem sentido meio transitório, e isso aproxima a gente da vida”, ressalta.
 
Quadros da exposição 'Jequitinhonha: Origem e Gesto' quadros

Quadros que ficarão expostos na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
 

Terra, barro e argila

O ponto de partida da expografia se baseia na terra, no barro e na argila.“O primeiro impacto, tanto na expressão quanto na dança, eu quis criar com os elementos artísticos primordiais. É basicamente a origem da vida, alimento e também arte. Por isso, quando você chega à galeria, encontra o barranco com a boneca feita do mesmo material.”

Sérgio Rodrigo Reis, presidente da Fundação Clóvis Salgado, diz que o projeto Jequitinhonha: Origem e Gesto celebra as tradições do estado, mas transcendendo a Minas histórica.
“Essa produção inédita celebra as outras histórias de nosso estado. A Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard abre seu espaço para todo o simbolismo das Gerais, região mais profunda de Minas. Ela tem histórias, culturas e tradições bem diferentes da centralidade do estado. O objetivo é estimular novos olhares para a diversidade e a riqueza da produção artística da nossa terra”, aponta Reis.
 
Marco Paulo Rolla

Marco Paulo Rolla, é coordenador geral do projeto, procurou destacar elementos primordiais da arte do Jequitinhonha, como barro, argila e terra

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
 

Marcelo de Souza e Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, destaca a importância de valorizar o artesanato mineiro, especialmente o trabalho dos 130 artesãos envolvidos no projeto.

“A exposição é uma grande oportunidade para fortalecer a identidade e origem do território, contribuindo para o desenvolvimento econômico local, além de divulgar a rica cultura do Vale e dar mais visibilidade às peças produzidas por artesãos”, afirma.
 
Leonidas Oliveira

Leonidas Oliveira, secretário de Estado de Cultura e Turismo, promete mais recursos para estimular a cultura nas regiões mais carentes de Minas

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
 

Pedido da população

Leonidas Oliveira, secretário de Estado de Cultura e Turismo, ressalta que o Palácio das Artes foi um pedido dos trabalhadores. “É uma via de mão dupla, pois, no primeiro momento, estivemos no Vale do Jequitinhonha. Nos reunimos com trabalhadores da cultura em mais de 30 municípios e houve o desejo dessas pessoas de que a exposição estivesse no Palácio das Artes”, conta.

O secretário promete que as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc cuidarão das regiões que mais necessitam de fomento à atividade cultural. “O Vale do Jequitinhonha é uma delas”, afirma. “Teremos um critério importantíssimo, o IDH para regionalização, sobretudo para que os recursos do estado cheguem onde se precisa deles”, informa.

“JEQUITINHONHA: ORIGEM E GESTO”

• A exposição de artes visuais será aberta na próxima quinta-feira (3/8), às 20h, na Grande Galeria do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Em cartaz de 4 de agosto a 8 de outubro. O espaço funciona de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e domingo, das 17h às 20h. Entrada franca.


• Espetáculo da Cia. de Dança Palácio das Artes nos dias 4, 5, 11, 12, 18 e 19 de agosto; 1º, 2, 8, 9, 22, 23, 29 e 30 de setembro; 7 e 8 de outubro. Sempre às 20h, na Grande Galeria. Entrada franca. Retirada de ingressos uma hora antes, na bilheteria.