Maestro André Brant está no palco, durante concerto, e conversa com o público

André Brant, regente assistente da Sinfônica de Minas Gerais, quer conquistar as pessoas que não costumam ir ao teatro ouvir óperas e concertos

Paulo Lacerda/Divulgação


Embora carregue o estigma de elitista, a ópera tem origem popular. “Dafne”, de Jacopo Peri, por exemplo, considerada a primeira obra do gênero, estreou em pleno carnaval de 1598, na cidade italiana de Florença.

Buscando resgatar esse caráter popular, a Orquestra Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais apresentam neste domingo (9/7), no Parque Jornalista Eduardo Couri, na Barragem Santa Lúcia, a prévia de “Viva ópera: espetáculo dos clássicos operísticos”. A montagem completa estreia no próximo dia 20, no Palácio das Artes.

O programa tem início com a abertura de “O barbeiro de Sevilha”, composta por Gioacchino Rossini, executada pela orquestra. Na sequência, o coral entra para cantar “Coro di zingarelle”, de “La Traviata”, de Giuseppe Verdi. A ária terá Estefânia Cap como solista.

“Do ponto de vista do regente, esse é um dos trechos mais difíceis”, afirma André Brant, regente assistente da orquestra, que assumirá a batuta neste domingo. “O ‘Coro di zingarelle’ é um coro com orquestra e solista. Então, a maior dificuldade é manter todo mundo unido”, explica.

O programa prossegue com as árias “Brindisi” e “Addio del passato”, de “La Traviata”; “Preludio” e “Scena delle sacerdotesse”, da ópera “Aída”, de Verdi; “In questa reggia”, de “Turandot”, de Giacomo Puccini; “Gli arredi festivi”, de “Nabucco”, também de Verdi; e “Um bel di vedremo”, de “Madama Butterfly”, de Puccini.

Ao final do concerto, coral e orquestra retornam a “Nabucco”, executando “Va pensiero”, popularmente conhecida como “Coro dos escravos hebreus”.

Repertório sob medida

A ordem das árias foi pensada por Brant exclusivamente sob a perspectiva musical. De modo geral, elas são efusivas e conhecidas do grande público, como é o caso do próprio “Coro dos escravos hebreus”.

“Optei por finalizar com ‘Nabucco’, que é o coro mais conhecido pelas pessoas, talvez um dos mais conhecidos da história da ópera. Já para o início do concerto preferi ‘O barbeiro de Sevilha’, justamente pelo fato de ser uma abertura”, explica o maestro. “Por se tratar de apresentação realizada de manhã, num parque a céu aberto e sem a parte cênica, escolhi trechos mais animados.”
 
A ópera completa, que será encenada no Palácio das Artes, terá momentos mais suaves, que flertam com a melancolia. “Achei que eles não caberiam na apresentação deste domingo”, comenta Brant.
 

Tradicionalmente, sempre que a Fundação Clóvis Salgado (FCS) prepara alguma ópera, trechos dela são apresentados ao público antes da estreia. Geralmente, o evento ocorre no Parque Municipal Américo René Giannetti.

No entanto, o concerto de hoje marca o início do projeto da fundação de descentralizar suas produções, levando-as às regiões periféricas da cidade. Por isso, a escolha da Barragem Santa Lúcia, onde fica um dos maiores aglomerados da capital. A próxima apresentação deve ocorrer na Lagoa do Nado, Região da Pampulha, em agosto.

“Viva ópera: espetáculo dos clássicos operísticos” é um compilado de fragmentos de obras que já foram montadas pela FCS. De “O barbeiro de Sevilha” a “La Traviata”, passando por “Aída”, “Madama Butterfly”, “Nabucco” e “Rigoletto”, está tudo no espetáculo. “Mas haverá todo um enredo cênico costurado justamente pelos trechos das óperas, formando uma única obra”, avisa Brant.

“Optou-se por interpretá-las porque estamos fazendo óperas italianas (há algum tempo). Vamos voltar a elas por dois motivos: o primeiro é que estamos utilizando muito dos figurinos e cenários (do acervo da FCS). O segundo é que nosso diretor cênico, Pablo Maritano, entendeu que haveria uma lógica que melhor costuraria o enredo que ele planejou”, explica o maestro.
 
Assim, por mais que se trate de uma espécie de caleidoscópio, “Viva ópera” conta com elementos essenciais a obras do gênero, como árias, duetos e quartetos.

“O bom de fazermos a apresentação no parque é que, na maioria das vezes, as pessoas que assistem a esses concertos são aquelas que estão curtindo o passeio, elas não se programaram para assistir a um espetáculo de música de câmara. São pessoas que não iriam ao teatro para ver esse tipo de apresentação. Isso é ótimo, porque tira o estigma elitista desse tipo de música”, conclui Brant.

“CONCERTOS NO PARQUE – VIVA ÓPERA”

• Com Orquestra Sinfônica e Coral Lírico de Minas Gerais
• Neste domingo (9/7), às 10h30
• Parque Jornalista Eduardo Couri, na Barragem Santa Lúcia (Avenida Arthur Bernardes, 85, Vila Paris)
• Entrada franca
• Informações: (31) 3236-7400 ou no site fcs.mg.gov.br