Escritor Marçal Aquino

Marçal Aquino, autor do livro em questão, disse que "lamenta que [a crítica] parta de um deputado"

TV Brasil/Divuglacao
O deputado federal Gustavo Gayer (PL), por meio de um vídeo no Instagram, manifestou sua indignação com um livro que estava presente na lista de livros indicados para o vestibular da Universidade de Rio Verde (UniRV), em Goiás. De acordo com o deputado, a obra apresenta "conteúdo literário pornográfico".
 
 
No vídeo, o deputado leu passagens do livro "Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios", de Marçal Aquino. "Por que pé de maconha, xoxota e pau estão fazendo parte de um livro, um conteúdo literário, para que seja feita uma prova para ingressar na faculdade?", indagou Gayer.

A Universidade de Rio Verde, do estado de Goiás, emitiu uma nota de esclarecimento informando que o autor "não fará parte das obras indicadas para os vestibulares da UniRV". A faculdade justifica que o livro chegou a ser escolhido porque "trata-se de uma obra da literatura brasileira contemporânea, trabalhada nos principais cursinhos pré-vestibulares e presente na lista obrigatória de diversos concursos do país".

"Cruzada moralista burra"

Marçal Aquino, autor do livro em questão, disse que "lamenta que [a crítica] parta de um deputado". Ele enxerga a atitude do deputado como forma de censura e classifica a visão dele como "obscurantista". Quanto à nota emitida pela UniRV, Marçal julga como uma "atitude covarde".

Flávio de Castro, professor de literatura em três cursinhos pré-vestibular, conta que ficou revoltado com o deputado, classificando a situação como uma "cruzada moralista burra". "É promíscuo quem faz esse recorte", disse Flávio. Para ele, isso é "censura e puritanismo".

Ele falou ainda que "a opinião deve vir do professor" e classificou o vídeo do deputado federal como "crítica literária de opinião".

Além disso, Flávio ressaltou que o autor Marçal Aquino é um roteirista renomado de grande alcance. "É o Marçal, não é o 'Zé da Esquina'", disse. Ele destacou também a importância de existirem listas de livros a serem lidos para prestar os vestibulares, porque a prática incentiva a leitura de obras célebres.

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata