Sentado à beira de um rio, Sérgio Pererê toca violão de olhos fechados

Sérgio Pererê gravou parte do documentário no Povoado de Viamão, na zona rural de Rio Manso, na Grande BH, e parte na Argentina

Leandro Miranda/Divulgação

Gravado em parte no Povoado de Viamão, na zona rural de Rio Manso, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e em parte na Argentina, o documentário musical “Viamão” será exibido neste sábado (8/4), na Praça Alto Glória, no Bairro Novo Glória. 

O filme registra encontros do cantor, compositor e percussionista Sérgio Pererê com o grupo portenho No Chilla. Às 20h, Pererê conduzirá, virtualmente, um debate sobre o filme, com transmissão pelo seu canal no YouTube. Na próxima quarta-feira (12/4), haverá exibição no Cine Santa Tereza, com sessão comentada pelo músico mineiro. O documentário terá exibição hoje também em Buenos Aires.

Pererê explica que a história toda começou quando conheceu em BH o grupo argentino No Chilla, que trabalha com música percussiva, através da improvisação. “Eles estiveram em Belo Horizonte para fazer alguns shows, se não me falha a memória, em 2013. Fiz uma participação com eles e, quando voltaram para a Argentina, me mandaram uma mensagem querendo saber da possibilidade de fazermos uma história juntos”, conta o artista mineiro.

Shows

“Quando eles voltaram a BH, a gente viajou até o povoado de Viamão. Ficamos em uma casa que equipamos como se fosse um estúdio, pois eles trouxeram alguns equipamentos da Argentina e lá gravamos algumas cenas do álbum 'Viamão'. Depois fui para a Argentina, para gravarmos mais algumas cenas. E, numa segunda vez que voltei lá, para fazermos nossos shows de lançamento do álbum, em Buenos Aires e em outras cidades, a gente achou interessante documentar também essa minha estada lá”, diz.

Ele conta que, “a princípio, não havia a intenção de que esse registro fosse virar um documentário”. Eles mudaram de ideia quando Pererê começou a “perceber algo muito interessante, ou seja, que na Argentina há vestígios de herança africana na cultura muito presentes, seja no linguajar ou na música”. Essa constatação foi incômoda para o músico porque ele “via os vestígios da África, porém não via os vestígios dos povos africanos lá”.

“E fiquei tentando entender o que era aquilo. Comecei a perguntar onde estão os negros daqui?”, diz. Esse questionamento foi o que guiou a montagem de “Viamão”. “Em síntese, o filme é algo falando desse trajeto do lançamento do álbum e mostrando trechos dos shows que fizemos no Brasil e na Argentina, além de mostrar também o nosso trajeto e entrevistas”, cita Pererê.

“Mas, ao mesmo tempo, ele é permeado por esse questionamento: como é que a cultura negra está ali e onde é que está a presença física desses povos negros que fizeram parte da construção da cultura argentina? Então, ele é um documentário meio provocativo.” 

O artista mineiro observa que “essas estratégias de 'embranquecimento' e extermínio do nosso povo, infelizmente, continuam, vão ganhando novas formas, mas estão aí, em vários sentidos”. Por isso ele avalia que quem for assistir ao documentário “perceberá essa provocação. A questão racial é um salto de evolução que o mundo ainda precisa dar”.

“VIAMÃO”

Documentário, 78 min. Direção: Elias Gibran, Leandro Miranda e Sérgio Pererê. Roteiro: Pedro Kalil. Montagem: Natacha Vassou. Com Sérgio Pererê e No Chilla. Exibição neste sábado (8/4), às 17h, na Praça Alto Glória (Rua Faustino Cardoso, 81, Bairro Novo Glória). Às 20h, debate com Pererê em seu canal no YouTube. Na próxima quarta (12/4), às 19h, apresentação no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Bairro de Santa Tereza).