Vista aérea de paisagem urbana com diversas vias que se entrecruzam

Imagem assinada por Claudio Edinger integra o terceiro volume de "Machina mundi", no qual o fotógrafo explora paisagens urbanas e também serras, montanhas, praias e florestas; livro será lançado no festival

Claudio Edinger/Divulgação

Saindo do Largo das Forras (praça principal de Tiradentes) em sentido à Matriz de Santo Antônio, passa-se pela Rua Direita, um verdadeiro corredor cultural. A via estreita, com seu calçamento irregular de “pé de moleque”, abriga não só construções barrocas tombadas pelo patrimônio histórico, como também espaços culturais importantes. Estão lá o Centro Cultural Yves Alves, Museu de Sant’Ana, Espaço Cultural Aimorés, Quatro Cantos Espaço Cultural, Teatro Casa de Boneco e Instituto Rouanet.

Cada um mantém programação e agendas independentes. Contudo, desta quarta-feira (15/3) a domingo (19/3), todos esses espaços vão abrigar exposições da 12ª edição do Festival de Fotografia de Tiradentes – Foto em Pauta. O festival contará com debates, projeções de fotografias, lançamentos de livros e atividades educativas oferecidas gratuitamente para a população.

“Não é um evento só para fotógrafos. É para quem curte arte, natureza e viajar. É para todo mundo”, afirma Eugênio Sávio, idealizador do festival. “A fotografia, aliás, é algo que as pessoas gostam muito e é de fácil absorção”, comenta.
 
É a segunda edição presencial depois da pandemia. E, de acordo com Eugênio, a programação deste ano está mais robusta e com mais novidades do que a do ano passado.

Uma delas é o retorno do projeto “Moradores – A humanidade do patrimônio”, que tem como objetivo fomentar a ocupação do espaço público pelos moradores da cidade por meio das artes integradas.
 
Fotografia mostra coletivo de camelos caminhando a contraluz no Qatar

Clique de Pedro Vilela feito em Al Shahaniya, no Catar, com camelos em treinamento para corrida, está incluído na projeção "Copa do mundo de futebol"

Pedro Vilela/Divulgação
 


Audiovisual

Nos primeiros dias do festival, uma tenda fica montada no Largo das Forras, com uma câmera ligada e um convite para os pedestres se sentarem diante da máquina fotográfica. Os que aceitam são fotografados e têm gravados seus depoimentos sobre memórias afetivas em relação à cidade ou a algum local específico de Tiradentes. Por fim, todo esse material se transforma em vídeo para ser exibido nas noites de sexta e sábado.

“É curioso que, em 2013, quando nasceu, esse projeto era muito mais fotográfico do que audiovisual. Ele foi amadurecendo e se modificando ao longo desses 10 anos. Hoje, já tomou uma forma mais de audiovisual. É basicamente um filme, de cerca de 27 minutos, contendo entrevistas dos moradores”, explica Eugênio.

Outra projeção destacada pelo fotógrafo é a “Copa do Mundo de futebol”. Com curadoria de Sergio Moraes, a exibição reúne imagens de fotojornalistas brasileiros que estiveram na Copa do Mundo do Catar em 2022, entre eles, o próprio Eugênio.

Haverá ainda mais três projeções, que abordam, respectivamente, elementos típicos das diferentes cidades do Brasil, a cultura africana para além dos estereótipos e o rompimento com a estética tradicional da fotografia.

Das exposições que estarão nos espaços culturais, somente “Outros outros”, com curadoria de Pedro David e João Castilho, é idealizada pela própria organização do festival - as demais mostras são de coletivos ou fundações de diferentes regiões que foram “adotadas” pelo festival.

Ética

“Outros outros”, de acordo com Eugênio Sávio, tem como objetivo mostrar a importância da sintonia entre fotógrafo e fotografado. “Esse ‘outro’ não precisa, necessariamente, ser uma pessoa. Pode ser um objeto ou a própria natureza”, aponta.

A sintonia deve ser baseada em princípios éticos e de respeito - sobretudo do fotógrafo para com seu fotografado. “De todos que estão expondo nessa mostra, o Gustavo Lacerda é um dos que deixam essa questão muito presente na própria obra. No ensaio que ele fez com pessoas albinas, e que exibiremos em ‘Outros outros’, isso ficou muito evidente”, destaca Eugênio.
O acervo da CâmeraSete, da Fundação Clóvis Salgado (FCS), estará disponível na mostra “Sou aquilo que se vê”, em cartaz na Galeria do Iphan. “Este acervo estava pouco ativo, incorporando poucas obras. Então decidimos convidar a Fundação para trazê-lo e expor no festival”, conta Eugênio.

É a primeira vez que a FCS monta uma mostra no evento. A parceria, embora antiga, limitava-se ao apoio da fundação ao festival e, em seguida, ceder o espaço da CâmeraSete para a montagem da mostra principal em Belo Horizonte.

Lançamentos

Também integram a programação lançamentos de fotolivros nas noites de sexta e sábado, na Vila Foto em Pauta. Ao todo, serão 44 obras. Entre elas, “Fogueira doce”, de Marcelo Greco, que explora a influência do design e da fotografia japoneses; e o terceiro volume de "Machina mundi", de Claudio Edinger, que trabalha com imagens de serras, montanhas, praias, florestas e cidades.

O Festival de Fotografia de Tiradentes – Foto em Pauta promoverá 16 palestras e 10 oficinas que abordam diferentes temas do universo fotográfico, desde produção de fotos até as responsabilidades dos fotógrafos com seus fotografados. 

“É interessante fazer esse evento em Tiradentes, porque é uma cidade que não tem galerias. Então o festival permite que as pessoas ocupem os espaços públicos de maneira muito curiosa”, diz Eugênio Sávio..

FESTIVAL DE FOTOGRAFIA DE TIRADENTES – FOTO EM PAUTA
Desta quarta-feira (15/3) a domingo (19/3), em diferentes espaços culturais de Tiradentes (Centro Cultural Yves Alves, Museu de Sant’Ana, Espaço Cultural Aimorés, Quatro Cantos Espaço Cultural, Teatro Casa de Boneco, Instituto Rouanet, Galeria do Iphan e Vila Foto em Pauta). Todas as atividades são gratuitas. Programação completa no site