Cantor britânico Damon Albarn está no palco e olha para o lado, de braços abertos

Damon Albarn acaba de lançar o disco "Cracker Island", do Gorillaz

Valerie Macon/AFP

O cantor britânico Damon Albarn vive um grande momento da carreira: um de seus projetos, o Gorillaz, lançou novo álbum na sexta-feira (24/2), enquanto sua outra banda, o Blur, anunciou o retorno aos palcos e prepara turnê mundial.

"Ícone da música, o vocalista, de 54 anos, é um artista que continua sendo relevante ano após ano, assim como o Gorillaz, que tem um passado de prestígio, mas continua sendo vanguardista", diz  Clément Meyère, curador do festival parisiense We Love Green, no qual a banda se apresentou em 2022.

O oitavo álbum do Gorillaz, "Cracker Island", mantém o mesmo estilo pop híbrido que deixou a banda britânica mundialmente conhecida, embora o lançamento apresente um tom mais animado e quente do que o álbum anterior, "Song machine, Season one: Strange timez", de 2020.

O novo trabalho também repete o hábito do grupo de contar com inúmeras colaborações, como a do portorriquenho Bad Bunny e dos norte-americanos Beck e Stevie Nicks, vocalista do Fleetwood Mac.

Aura misteriosa

O objetivo do grupo segue o mesmo: alimentar a fama e a aura misteriosa do Gorillaz, apresentado em 2001 como banda virtual, cujos videoclipes mostravam apenas animações feitas pelo prestigiado artista Jamie Hewlett, autor da famosa história em quadrinhos "Tank girl".

Embora logo tenha se tornado público quem estava por trás do Gorillaz, isso não impediu Albarn de repetir o sucesso que havia desfrutado com o Blur, uma das bandas de maior sucesso da década de 1990.
 

Grandes nomes da música mundial já participaram dos álbuns e shows do Gorillaz, como Elton John, Jean-Michel Jarre, Grace Jones e a rapper Little Simz.

"Com o Gorillaz no palco, estamos imersos em um universo sonoro e visual que elimina barreiras e cria pontes. Há poucos casos parecidos, fora o da Björk", destaca Meyère, ressaltando o dinamismo e a diversidade dos shows.

No entanto, o vocalista deixará seu projeto de lado nos próximos meses para se concentrar no retorno do Blur, que parou de compor e fazer shows com regularidade no início dos anos 2000. O grupo fará uma turnê internacional com início na Espanha e término no Japão.
 
 

Dos ritmos africanos à ópera

O Blur já havia retornado aos palcos com a gravação de dois álbuns ao vivo, "All the people", em 2009, e "Parklive", em 2012. E o vocalista sempre guarda algum ato inusitado para estas apresentações, como, por exemplo, em um show no centro cultural La Gaîté Lyrique, em 2021, quando começou a improvisar e até surpreendeu os músicos que o acompanhavam. Esse espírito criativo o levou a se arriscar em estilos musicais distantes do pop, como a ópera e a música africana.

Entre essas colaborações, está o álbum "Mali music" (2002), um trabalho em conjunto com artistas do Mali, e a ópera "Le vol du Boli" (2020), promovida ao lado de um dos cineastas africanos mais conhecidos, o mauritano Abderrahmane Sissako, diretor do premiado filme "Timbuktu", lançado em 2014.