João Bosco e Paula Santoro, abraçados, sorriem para a câmera

Fã de João Bosco, a cantora Paula Santoro diz que era um sonho gravar com o ídolo

Acervo pessoal


Até maio, quando lança o disco cheio “Sumaúma”, Paula Santoro vai mandar singles para as plataformas digitais. Agora é a vez de “Sassaô”, homenagem de João Bosco a Chiquinha Gonzaga (1847-1953). O próprio mineiro fez os vocais.
 
“Foi uma alegria imensa contar com a participação especial do João. Era um sonho antigo meu gravar com ele, pois sou sua fã. Os músicos que convidei são geniais e fizeram uma base incrível, além de muito suingada. É Brasil e África no mesmo som”, diz Paula.
 
Participaram do single Rafael Vernet (arranjo, piano e Fender Rhodes), Guto Wirtti (contrabaixo) e Armando Marçal (percussão).

A cantora afirma que “Sassaô” é composição “bem lado B” de João Bosco. “Adoro resgatar canções muito legais, mas que não tiveram a repercussão e o brilho merecidos. Esta é antiga, mas a acho supernova. A letra diz: ‘O povo, na alvorada, cantou’, o que tem muito a ver com este momento político. O Brasil anda muito devagar, pois músicas feitas há 30, 40 anos são bem atuais”, comenta Paula.
 
Em certo momento, a letra de “Sassaô” diz: “Me dano porque corto a jaca na banda”. O termo corta-jaca, título de composição famosa de Chiquinha Gonzaga, foi considerado obsceno naquela época.
 
“Nesta parte, João está falando de Chiquinha. Pioneira, ela foi contra as regras de seu tempo não só por ser instrumentista, mas também por sua vida pessoal. Chiquinha se separou e teve de abrir mão de um filho”, relembra.
 
“É uma história triste por vários lados, ela foi muito criticada. Acho interessante as pessoas saberem que esta música fala de uma revolucionária, além de falar dos negros e de outras coisas importantes e muito pertinentes até hoje.”

Levada afro

O arranjo ganhou levada africana criada por Rafael Vernet. “Mostramos para o Marçal, ele personalizou a ideia e fez uma percussão incrível. Ficou aquele suingue inteirinho ali, tudo feito por uma pessoa só. Rafael é um pianista rítmico. Diria até que ele é pianista baterista, enquanto o Guto tem o maior suingue no baixo”, diz. “Foi a gente descobriu essa africanidade. É como se mostrássemos um lance que não tem na música original.”
 
“Sassaô” faz parte do álbum “Sumaúma”, que vem sendo lançado aos poucos. O primeiro single foi “Yê melê”, de Luis Carlos Vinhas e Chico Feitosa, tema afro gravado por Sérgio Mendes, Elis Regina e Maria Bethânia nos anos 1960.
 
O álbum vai ganhar show de lançamento em 6 de maio, no Centro Cultural Unimed BH-Minas. “Tenho projeto aprovado na lei estadual para fazer sete shows, um em Beagá e o restante no interior do estado.” Paula Santoro estará acompanhada por quarteto formado por pianista, baixista, baterista e percussionista.
 
O título “Sumaúma” remete à árvore considerada mãe da floresta. “Ela tem raízes tabulares, grandes e profundas. Quando chove, acumulam água e, na época da seca, ‘explodem’, irrigando o solo no entorno. A sumaúma não deixa que as plantas ao redor morram”, explica a cantora.

Além disso, indígenas estabeleciam contato meio dessas raízes, que ficam fora da terra. “Era como se fosse o código Morse: eles batiam nas raízes com um pedaço de pau e se comunicavam assim.” A faixa-título “Sumaúma” foi composta por Bernardo Maranhão e Alexandre Andrés.
 
Cheia de planos, Paula Santoro vai lançar em breve o clipe de “Coisa maior de grande”, de Gonzaguinha, e o single de “Ê la la layê”, de João Donato, que participa do álbum “Sumaúma”. Outro convidado ilustre é o aclamado maestro e arranjador Arthur Verocai.
 

Ilustração de flores na capa do single Sassaô, lançado por Paula Santoro

Ilustração de flores na capa do single Sassaô, lançado por Paula Santoro

Repodução
“SASSAÔ”

. Single de Paula Santoro
. Participação de João Bosco
. Disponível nas plataformas digitais