'A viagem de Chihiro'

Aclamado pelo público e pela crítica, "A viagem de Chihiro", de Hayao Miyazaki, é a atração do próximo dia 20 no ciclo

Studio Ghibli/Divulgação

Um dos mais importantes e tradicionais polos do cinema de animação do Japão, o Studio Ghibli é foco de uma mostra que segue em cartaz até o próximo dia 27, no Cine Santa Tereza. A programação reúne filmes aclamados pela crítica e pelo público.

Ao todo, são 11 títulos, que abarcam um período que vai desde os anos 1980, quando o estúdio foi criado, até produções mais recentes. A entrada para as sessões é gratuita.

Fundado em 1985, o Studio Ghibli já realizou mais de 20 longas de animação, além de curtas, telefilmes e coproduções, e é conhecido pela perícia de seus realizadores – em especial Hayao Miyazaki e Isao Takhata, considerados mestres da animação japonesa.

Coordenadora do Cine Santa Tereza, Vanessa Santos aponta que o Studio Ghibli é uma referência não só no Oriente, mas em todo o mundo, pela qualidade de suas produções. “São animações que, além da perícia técnica, tratam de temas que carregam certa complexidade, mas com um olhar leve, delicado, sensível, que faz com que cheguem a diferentes públicos”, afirma.

Ela diz que a mostra foi pensada para este período de férias justamente por sua adequação a todas as faixas etárias. A seleção dos filmes foi orientada por vetores distintos, como o temporal e o temático, segundo Vanessa. “Pensamos na temporalidade, no desenvolvimento do estúdio ao longo dos anos.”

A programação comporta animações clássicas, do final da década de 1980, como “Túmulo dos vagalumes”, de Isao Takahata, e “Meu amigo Totoro”, de Hayao Miyazaki, e também títulos muito prestigiados dos anos 2010, como “Da colina Kokuriko”, de Goro Miyazaki, e “As memórias de Marnie”, de Hiromasa Yonebayashi.

Prêmios

Obras premiadas, significativas dentro da produção do estúdio, também compõem a mostra, como “Porco Rosso” e “A viagem de Chihiro”, ambos de Hayao Miyazaki. Este último consagrou o diretor com um Oscar de melhor animação, em 2003, e o Urso de Ouro no Festival de Berlim, em 2002. Aclamada pela crítica internacional, a obra é frequentemente citada como uma das melhores animações de todos os tempos.

Vanessa observa que vários traços distintivos caracterizam a produção do Studio Ghibli. Ela aponta que, em sua maioria, são animações que trazem um universo de mistérios, onírico, fabular, cativante para as crianças, mas com abordagens complexas, que dialogam com o público adulto. “A gente quis trazer filmes que representam a diversidade temática que o estúdio abarca, com críticas ao capitalismo, por exemplo”, pontua.

Segundo ela, nos 11 filmes da mostra (como a maratona teve início na última terça-feira, dois deles já foram exibidos), é marcante a presença de questões relativas aos costumes culturais japoneses, ao folclore, à relação entre o homem e a natureza, entre a tradição e o moderno, com um enfoque grande também na guerra e no pós-guerra.

“Uma coisa muito legal é que tem essas abordagens existenciais, políticas, sociais, mas que tratam de modo especial a transição da infância e da adolescência para a fase adulta, com uma presença muito marcante da figura feminina. São várias as protagonistas mulheres nesse conjunto de animações. Isso é um traço distintivo do Studio Ghibli. Não à toa são filmes que têm esse traço da leveza e da sensibilidade”, ressalta.

Diretores

Curiosamente, no entanto, são todos diretores homens por trás dos 11 títulos que compõem a mostra. “Situando no Oriente, é muito difícil pensar em realizadoras, ainda mais na área da animação. Mesmo em outros cantos do mundo, são poucas as mulheres trabalhando com animação”, diz Vanessa.

Questões universais relacionadas ao amadurecimento, independência e insegurança e o modo como se ancoram em um universo fantástico também são elementos marcantes nas produções do Studio Ghibli. “São filmes com muitas camadas, mas, mesmo na superfície, são mensagens muito bonitas, com muito simbolismo”, destaca a coordenadora.

Em cartaz

Confira a programação da mostra, cujas sessões ocorrem às 16h30

5/1, quinta
“Ponyo” (Hayao Miyazaki/ 2008 /Classificação: livre)

6/1, sexta
“Da colina Kokuriko” (Goro Miyazaki/ 2011 / Classificação: livre)

07/1, sábado
“Meu amigo Totoro” (Hayao Miyazaki/1988 / Classificação: livre)

18/1, quarta
“Porco Rosso” (Hayao Miyazaki / Shinichi Matsumi/ 1992 classificacao|: livre)

19/1, quinta
“O mundo dos pequeninos” (Hiromasa Yonebayashi/ 2010/ Classificação: livre)

20/1, sexta
“A viagem de Chihiro” (Hayao Miyazaki / Japão / Classificação indicativa: livre)

25/1, quarta
“Túmulo dos vagalumes” (Isao Takahata/ Japão classificacao / indicativa: 12 anos)

26/1, quinta
“O reino dos gatos” (Hiroyuki Morita / Japão / Classificação indicativa: livre)

27/1, sexta
“O serviço de entregas da Kiki” (Hayao Miyazaki / Japão / Classificação indicativa: livre)


“MOSTRA STUDIO GHIBLI”
Até o dia 27 de janeiro, com sessões sempre às 16h30, no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza, Praça Duque de Caxias). Entrada gratuita. Ingressos: antecipadamente pelo site DiskIngressos ou diretamente na bilheteria do cinema, com 30 minutos de antecedência à sessão.