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Estado de Minas CINEMA

Filme 'Ela disse' mostra bastidores da reportagem que escanteou o machismo

Estreia o longa sobre o persistente trabalho das repórteres Megan Twohey e Jodi Kantor, que pôs Harvey Weinstein na prisão e deu origem ao movimento Me Too


08/12/2022 07:30 - atualizado 08/12/2022 07:36

Atrizes Zoe Kazan e Carey Mulligan estão na redação de jornal em cena do filme Ela disse
Reportagem de Jodi Kantor (Zoe Kazan) e Megan Twohey (Carey Mulligan) teve impacto em todo o planeta (foto: Universal Pictures/divulgação)


Alguém tinha que falar abertamente. Mas, na maior parte do tempo, duas repórteres com uma história bem trabalhada – fruto do tino investigativo, muito tempo de apuração e todo o arsenal que só o “The New York Times” poderia oferecer – só recebiam nãos. As negativas vinham por medo, vergonha e, principalmente, cláusulas de confidencialidade em acordos que envolveram advogados poderosos e algumas boladas de dólares.

“Ela disse”, que chega nesta quinta-feira (8/12) aos cinemas, mostra o processo que tornou públicas as três décadas de assédio sexual de Harvey Weinstein, o superprodutor de Hollywood que catapultou várias carreiras – e também apagou outras tantas. O filme acompanha a investigação jornalística das repórteres Megan Twohey (Carey Mulligan) e Jodi Kantor (Zoe Kazan).
 
Em 5 de outubro de 2017, as duas assinaram, no “Times”, a reportagem “Harvey Weinstein pagou por décadas acusadoras de assédio sexual”. A partir da publicação, mais de 80 mulheres foram a público acusá-lo de abuso e agressão.
 
 

Vilão do MeToo

Cumprindo pena de 23 anos em Nova York e em meio a novo julgamento criminal em Los Angeles, Weinstein, vencedor do Oscar por “Shakespeare apaixonado” (e produtor de centenas de filmes e séries, com títulos assinados por Quentin Tarantino e Martin Scorsese), é o maior vilão do MeToo.

O movimento, que explodiu mundialmente após as denúncias, provocou a saída de outros altos executivos e mudanças para as mulheres tanto na indústria cinematográfica quanto em outros locais de trabalho.

Dirigido pela alemã Maria Schrader, “Ela disse” é uma adaptação do livro homônimo que Megan Twohey e Jodi Kantor, vencedoras do Pulitzer, publicaram sobre a história.

Assim como “Spotlight” e o clássico “Todos os homens do presidente”, o longa acompanha o trabalho árduo, de persistência, mas também de alguma frustração, que redundou no furo jornalístico que acabou por mudar o curso da história.

Aqui, elas são duas repórteres que apenas se conhecem da redação do “Times”. A investigação tem início com Jodi Kantor, jornalista que tem que se dividir entre a vida de repórter e a família com duas crianças pequenas. Ela se encontra num beco sem saída – a história dos abusos já era ventilada, mas ninguém falava nada – quando Megan Twohey, mais experiente, volta à ativa depois da depressão pós-parto.
 
Megan já havia causado barulho um ano antes, quando investigou denúncias de agressão contra o então candidato à presidência Donald Trump. O caso não foi longe – Trump acabou eleito naquele ano, não custa lembrar – mas ela, no retorno ao trabalho após a licença maternidade, agarra a oportunidade.

A partir do encontro entre as duas personagens, o filme mostra, com minúcias, todo o processo investigativo. Tateando em busca de confirmações, elas vão atrás de atrizes – Ashley Judd, a única celebridade que falou abertamente sobre o caso na primeira reportagem, interpreta a si própria, em uma cena cheia de dor – e de mulheres desconhecidas que trabalharam com Weinstein.

O filme traz ainda a participação de Gwyneth Paltrow, que venceu o Oscar por “Shakespeare apaixonado” – é a voz da própria atriz que se ouve em um telefonema com Jodi Kantor.

O caso chega até a Europa, mais especificamente ao Reino Unido, onde há outras mulheres vítimas de Weinstein. A entrada da personagem Laura Madden (Jennifer Ehle), que trabalhou com ele na juventude, terá desdobramento importante na história, já que a maior parte das fontes não revela seu nome.

Enfoque feminino

As mulheres são o foco o tempo todo – não há nenhuma cena de violência explícita na tela, tampouco a visão de Weinstein, interpretado por um ator e visto somente de costas.

À medida que a narrativa avança, vemos ainda o impacto que as revelações trazem para a dupla de jornalistas, que trabalha à beira de exaustão.
 
Em sua metade final, “Ela disse” ganha ritmo mais frenético, pois o “Times” começa a correr contra o tempo – a equipe fica sabendo que Ronan Farrow (filho de Mia Farrow e Woody Allen) também publicaria matéria de denúncias contra Weinstein na “The New Yorker”.

As duas reportagens saíram com a diferença de cinco dias – a do “Times” conseguiu se antecipar.

“ELA DISSE”

(EUA, 2022, 129min., de Maria Schrader, com Carey Mulligan e Zoe Kazan)
• Estreia nos cines Pátio 7, às 15h05, 17h55 e 21h10 (qui, sáb, dom, seg), 17h50 e 21h10 (sex), 19h15 e 22h10 (ter) e 17h40 (qua); Ponteio 1, às 18h10 (exceto quarta); Ponteio 4, às 16h20 e 21h20.












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