Os quatro músicos do Coletivo Margem sorriem, sentados no camarim, tendo espelho ao fundo

Coletivo Margem vai levar seu tempero pop ao repertório de Djavan

Orlando Bento/divulgação
 

Djavan inspira o show de abertura do Sarau Minas Tênis Clube em 2022. O Coletivo Margem, formado por Gui Ventura, Raphael Sales, Cassiano Luiz e Gouveia, vai apresentar espetáculo dedicado ao músico alagoano na próxima segunda-feira (3/10), às 20h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas.


O grupo surgiu da união de cantautores negros da periferia de Belo Horizonte que compartilham as mesmas referências musicais.

“Tínhamos admiração pelos trabalhos uns dos outros. A partir de um show que fizemos, montamos grupo de WhatsApp e começamos a trocar fragmentos de canções. Percebemos certa sintonia e facilidade em compor juntos”, relembra Gui Ventura.

Periferia longe dos clichês

O coletivo se propõe a romper estereótipos relativos à chamada arte periférica. “Pensamos a periferia como algo muito maior do que a roupagem que a sociedade lhe confere. No Brasil, ela carrega imensa pluralidade. Nosso som pode e deve ser o mais diverso possível, dada a diversidade da periferia”, explica Cassiano Luiz.


O coletivo busca não se definir como grupo de pagode, funk, samba, reggae ou rap, mas traz referências dos gêneros musicais difundidos pelas periferias brasileiras e do mundo. “Gostamos muito de usar a frase 'somos de bairros diferentes, mas da mesma rua'”, pontua o cantor.


Gouveia, que também é produtor musical, informa que “Margem”, o primeiro disco autoral do grupo, será lançado na segunda quinzena de novembro.


O coletivo escolheu Djavan como tema do sarau por causa da influência do artista sobre o trabalho de seus integrantes. “Djavan é um farol para nós. Temos a escola da MPB muito forte em nossa trajetória. Talvez por ser artista negro, também periférico e com origem semelhante à nossa, nos vemos muito no Djavan”, explica Gui Ventura.


“Estamos falando de um artista completo, com habilidade enorme na escrita de canções, com incrível sofisticação melódica e harmônica. É quase mágico ver um artista assim conseguindo ser popular”, acredita.


A proposta do quarteto é abordar Djavan com tempero pop, em diálogo com a música do Coletivo Margem. "Temos a intenção de trazer uma leitura que se distancie do que costumeiramente fazemos como banda. Particularmente, eu, como produtor, quis trazer a leitura do Djavan contemporâneo, dançante e possante em beats eletrônicos, que carregam influência de rap, trap e R&B", adianta Gouveia.

Violão deu o tom

O repertório contará com três canções autorais, que conversam com a obra do homenageado. “Essas canções nasceram a partir do violão, que é como o Djavan compõe a maior parte de suas músicas”, comenta Gouveia.


Gui Ventura destaca a importância de eventos como o Sarau Minas Tênis Clube para dar visibilidade a produções da periferia. “Existe uma potência negra e periférica que precisa apenas de espaço, embora não dependamos disso (para criar)”, finaliza.

COLETIVO MARGEM

Homenagem a Djavan, no Sarau Minas Tênis Clube. Segunda-feira (3/10), às 20h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas. Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia). Informações: (31) 3516-1360.

 
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria