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Estado de Minas MÚSICA

O olhar mais solar e poético da Maglore

Banda baiana apresenta quinto disco de estúdio na Autêntica, neste sábado (10/9), em apresentação que também marca o retorno do Transmissor aos palcos


09/09/2022 14:25 - atualizado 09/09/2022 21:57

Na foto, banda Maglore
Sucessor de "Todas as Bandeiras" (2017), "V" começou a tomar forma antes da pandemia do coronavírus, porém, somente em 2022 foi disponibilizado seu produto final (foto: Divulgação)
O vocalista e guitarrista Teago Oliveira admite que ele e seus comparsas de Maglore são “muito viciados em música triste”, mas que o quinto álbum de estúdio da banda baiana, batizado de “V” e lançado neste ano, apresenta uma proposta mais solar, sem abrir mão de reflexões sobre a vida e críticas ao cenário político-social no país. As 13 faixas do mais recente trabalho, assim como canções de todas as outras fases do grupo, serão destiladas neste sábado (10/9), na Autêntica, em uma celebração que marca também o retorno aos palcos dos mineiros do Transmissor, após um hiato provocado pelo período pandêmico.

“Desta vez escolhemos olhar a metade do copo ‘meio cheio’ em vez da metade do copo ‘meio vazio’. A gente quis dizer que, embora as coisas não estejam ‘tudo bem’, elas estão ‘tudo bem também’, de que vamos dar um jeito de superar os problemas. Como os que acontecem hoje no país, em um clima tão horrível que a gente vive, em um cenário político lamentável”, discorre Oliveira.

Sucessor de “Todas as Bandeiras” (2017), “V” começou a tomar forma antes da pandemia do coronavírus, porém, somente em 2022 foi disponibilizado seu produto final, por decisão da banda, o que também contribui para o clima mais otimista que rodeia o rebento. 

“Eu digo que o disco (‘V’) foi cozinhado na pandemia. Começamos a trabalhar em janeiro de 2020, aí depois veio a pandemia. O que não foi ruim para a gente naquele momento é que pudemos maturar um pouco mais o álbum, transformando-o esteticamente em algo mais sólido. No fim de 2020, fizemos uma pré-produção, com uma plaquinha de som aqui na minha casa, algo bem simples. Foi quando percebemos que já erámos outro tipo de músico”, relata. “Ao gravarmos com o Leo (Leonardo Marques, produtor), muita coisa do disco foi transformada. Seguramos o lançamento para 2022; em 2021 era meio impossível sermos honestos em dizer às pessoas para terem esperança num país que mal tinha vacina direito”, completa.

Maturidade

Na foto, os quatro integrantes da banda Maglore
Teago Oliveira (voz e guitarra), Felipe Dieder (bateria), Lelo Brandão (guitarra e sintetizadores) e Lucas Gonçalves (baixo) não economizaram temperos para o caldeirão musical do quinto disco (foto: Divulgação)
Teago, Felipe Dieder (bateria), Lelo Brandão (guitarra e sintetizadores) e Lucas Gonçalves (baixo) não economizaram temperos para o caldeirão musical de “V”. Rock, MPB, tropicalismo, indie e reggae, com direito a metais, fazem parte da receita de faixas como “A Vida É Uma Aventura”, primeiro single do novo trabalho e cujos versos “A gente envelheceu, a gente superou/ Cada momento em que a vida foi mais dura/ Para se escrever em um final que não chegou” escancaram o tom de esperança do play, assim como exaltam a maturidade adquirida pelo grupo ao longo de quase uma década e meia de história.

“Essa música estava pronta antes da pandemia. É algo mais pessoal, sobre a banda, e também no sentido de envelhecimento. Quando veio a pandemia, o tempo passava, e a música passou a fazer ainda mais sentido. A gente gosta muito de escrever sobre o mundo. E uma hora o mundo vira o que você escreveu”, enfatiza o vocalista.

A viagem sonora prossegue com “Amor de Verão”, que, apesar de esbanjar outra temática, também aborda a passagem do tempo. “É uma música que o Luquinha (Lucas Gonçalves) fez. A primeira vez que vi o título dela, pensei que fosse algo mais ‘iê-iê-iê’. E na verdade é sobre o desejo de ficar velhinho com a pessoa que se ama, sobre o amor que não é passageiro”, destaca Oliveira.

Enquanto “Espírito Selvagem” possui influência de Belchior, como o cantor do Maglore revela, “Para Gil e Donato” homenageia dois ícones da música brasileira, Gilberto Gil e João Donato. Já “Eles” e “Revés de Tudo” emanam a veia mais crítica do Maglore. “Todo disco nosso tem (críticas políticas e sociais), mas desta vez fomos mais diretos e poéticos, encontramos um lugar na poesia em que nos sentimos mais confortáveis para falar de coisas mais duras”, declara.

E para quem aprecia saber quais as referências de uma banda, a influência de Beatles no som e na capa não são mera coincidência. “(A capa) é completamente inspirada em 'A Hard Day's Night' (1964). Embora também tenha algo de 'Some Girls' (1978), dos Stones, o ‘A Hard Day’s Night’ é mais evidente”, conta.

Relação com BH

Admirador de bandas como Skank e o próprio Transmissor, com quem vai dividir o palco, Teago Oliveira faz questão de classificar Belo Horizonte como “um dos lugares mais importantes para a história da Maglore”. “Logo que começamos, tínhamos um pequeno, mas fiel público, que nos pedia, ainda no Orkut (risos), para que tocássemos em BH. Quando fomos pela primeira vez, conhecemos vários ídolos nossos, como o pessoal do Transmissor, e ficamos muito amigos das pessoas daí”, recorda.

A capital mineira também rendeu à banda uma parceria de longa data. “O Leonardo Marques já vinha produzindo com a gente. E agora resolvemos ir para a ‘casa dele’, no Estúdio Ilha do Corvo, gravar o ‘V’”, diz.

Um novo capítulo dessa saga mineira-baiana será escrito no sábado, quando o Maglore espera se sentir “em casa” novamente. “Em São Paulo, a galera cantou todas as músicas. Vamos ver BH agora”, desafia, em tom de brincadeira, eufórico com o reencontro com os mineiros e avisando que não é apenas o repertório que está atualizado: “Eu fiquei meio grisalho, e o Felipe ficou grisalho de vez (risos)”.
 
Na foto, integrantes da banda Maglores
Taego Oliveira faz questão de classificar BH como "um dos lugares mais importantes pra a história do Maglore" (foto: Divulgação)
 

MAGLORE E TRANSMISSOR
Neste sábado (10/9), às 21h30, na Autêntica (Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia). Classificação etária: 18 anos. Inteira: R$ 100 (terceiro lote). Meia (estudante ou social mediante doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 50 (terceiro lote)

"V"
Quinto disco da banda Maglore
13 faixas
Difusa Fronteira
Disponível nas plataformas digitais


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