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Estado de Minas CINEMA

Filme traz história de soldado que ficou por 29 anos na 2ª Guerra Mundial

Em cartaz em BH, "Onoda - 10 mil noites na selva" tenta decifrar por que o combatente Hiroo Onoda se recusou a acreditar que o Japão havia se rendido


29/08/2022 04:00 - atualizado 29/08/2022 13:50

cena do filme Dirigido por Arthur Harari,
'Onoda - 10 mil noites na selva' é dirigido pelo francês Arthur Harari (foto: DIVULGAÇÃO)

 
A Segunda Guerra Mundial durou seis anos, mas não foi para todos que ela acabou em 1945. Para o soldado Hiroo Onoda, o conflito continuou por outros 29 anos, período no qual ele se recusou a deixar seu posto na ilha filipina de Lubang e a acreditar que o Japão havia se rendido.
 
Sua história, já narrada em livros, inclusive por Werner Herzog, ganha as telas no filme "Onoda – 10 mil noites na selva", que chega agora aos cinemas. Dirigido pelo francês Arthur Harari, o longa tenta, em suas quase três horas de duração, entrar na mente do combatente para entender o que o motivou a continuar uma espécie de guerra pessoal.
 
O longa começa com o soldado sendo treinado em seu país, recebendo ordens para destruir o porto e a pista de pouso da ilha para que os inimigos – os americanos – não consigam tomá-la. Mais importante, Onoda não deveria se render, ele precisava ficar vivo até que seus superiores lhe dessem novas ordens.
 
A missão, no entanto, foi frustrada, e o grupo de soldados precisou se esconder na selva filipina. Aos poucos, eles foram morrendo ou se rendendo, mas o militar continuou empunhando armas, promovendo ataques à população local mesmo com o fim da guerra.
Foram quase três décadas morando isolado na mata, se alimentando de frutas e sacos de arroz roubados. Vários tentaram convencê-lo de que o conflito havia terminado após a rendição dos japoneses, mas o soldado não se dava por vencido, achava que aquilo era uma armadilha do Exército ianque.
 
Em 1974, enfim, o governo japonês conseguiu levá-lo de volta ao lar, mas só depois de ter pedido ao antigo comandante de Onoda que integrasse uma missão de resgate e que lhe ordenasse a baixar suas armas.
 
"Essa é uma história que meu pai me contou há alguns anos, quando eu estava procurando um tema para o meu próximo filme. Então, fui ler sobre esse homem e tudo aquilo me pareceu muito emocionante", explica Harari, o diretor, por telefone.
 
O cineasta não tem vínculo com o Japão, mas soube identificar ali um personagem digno de uma grande produção cinematográfica. Por "Onoda", Harari foi ao Festival de Cannes, venceu o César – o equivalente ao Oscar na França – de melhor roteiro original e embolsou ainda um prêmio de público na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

VIDA NO BRASIL

No Brasil, o roteiro baseado na vida de Onoda ganhou ainda mais significado, já que o soldado japonês é, também, quase brasileiro. Depois de sua batalha solitária na selva, ele passou quatro décadas entre o Japão e o Brasil, até morrer, em 2014. Por aqui, se casou e montou uma fazenda de gado, em Mato Grosso do Sul.
 
A vinda ao Brasil foi motivada pelo fato de que o mais próximo de seus irmãos, Tadao Onoda, havia fixado residência aqui depois da guerra. Sobrinho-neto de Hiroo, o advogado e escritor Camilo Onoda Caldas diz que seus pais conviveram muito com o ex-combatente.
 
"Eu me lembro de tê-lo visto duas vezes pessoalmente. Mas era muito jovem, então nunca criei um diálogo, uma relação muito próxima. Ele se estabeleceu aqui, inicialmente, mas com o passar dos anos foi ficando cada vez mais tempo no Japão e fomos perdendo o contato", diz o sobrinho-neto.

É curioso pensar que um homem tão patriota tenha deixado a sua terra natal. Camilo e sua família, no entanto, têm uma teoria para isso. Nas três décadas que separaram o treinamento militar de Hiroo Onoda de seu retorno ao Japão, o país mudou completamente. Ele já não reconhecia o local, mas encontrou, na comunidade nipônica brasileira, costumes e tradições preservados.
 
"Meu avô, quando foi ao Japão naquela época, disse que o país havia se ocidentalizado demais. Já a colônia no Brasil era muito fechada, ficou mais fiel ao Japão que eles conheceram. Fora que aqui no Brasil ele era tratado como herói. Lá também, mas ele era mais um militar no meio de vários. Aqui as pessoas faziam festas e jantares em sua homenagem, era tudo muito intenso."

QUESTIONAMENTOS

Hiroo Onoda de fato foi recebido como herói depois que deixou a ilha nas Filipinas. Chegou a ser homenageado pela Força Aérea Brasileira e pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Mas hoje, em especial diante do lançamento do filme, seu legado vem sendo questionado.
 
Falamos, afinal, de um soldado que lutou em nome do imperialismo japonês, ao lado do nazismo e do fascismo europeus, e que, em sua recusa em aceitar a derrota, matou de forma brutal moradores de Lubang, de acordo com diversos relatos locais.
 
"Era importante, para mim, não apresentar uma figura simplesmente heroica. Ele também é um assassino, parte de um exército colonial, então é um personagem muito ambíguo. No meu filme, quis propor ao público que formasse sua própria opinião", diz o diretor, Arthur Harari.

MISTÉRIO

Para ele, é difícil até saber se Hiroo Onoda achava mesmo que o conflito não tinha terminado. Parece ingenuidade pensar que um homem, resgatado sem problemas de saúde mental ou traumas de guerra, teria ficado 30 anos alheio ao mundo real.
 
"Isso sempre será um mistério, mas meu filme sugere que, no final, ele tinha algo para provar a si mesmo e a seu país, não era uma questão de rendição." (Leonardo Sanchez/Folhapress)
 
complexo de cinema em belo horizonte
Levantamento aponta que apenas 26% dos brasileiros foram ao cinema nos últimos 12 meses (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
  

Brasileiros menos empolgados com a telona 

Mesmo com a vacinação e a diminuição dos casos de COVID-19, não é todo brasileiro que se sente confortável em voltar a ir ao cinema – só 26% foram assistir a um filme na telona nos últimos 12 meses. Cada ponto percentual equivale a 1,46 milhão de pessoas.
 
É o que diz o levantamento “Hábitos culturais 3”, realizado pelo Itaú Cultural em parceria com o Instituto Datafolha. O estudo ouviu 2.240 pessoas das cinco regiões do país, que têm entre 16 e 65 anos, de todas as classes econômicas, homens e mulheres.
 
E há mesmo uma queda vertiginosa de cinéfilos – o mesmo estudo feito no ano passado apontava que 59% dos entrevistados, mais que o dobro do número atual, tinham ido ao cinema pelo menos uma vez antes da pandemia.
 
Mas a pesquisa vai além e aponta que a diminuição de público não é problema só das salas de cinema. Apresentações de música, dança e teatro tinham sido visitadas antes da pandemia por 39% dos entrevistados, segundo o levantamento feito em 2021, mas agora só 18% declararam terem ido a atividades do tipo nos últimos 12 meses. Exposições e museus caíram de 11% para 8%.

PODCASTS DECOLAM

Na contramão disso, os podcasts decolaram no último ano. O estudo conclui que, se antes do coronavírus 32% dos brasileiros consumiam esse tipo de programa, agora 42% dos entrevistados apreciam ouvir esses programas.
 
O mesmo não pode se dizer sobre outras atividades feitas em casa, como a leitura de livros digitais e assistir a filmes e séries on-line – todas tiveram queda de 5% de consumo entre os tempos antes da COVID e os últimos 12 meses.
 
Vale dizer que, apesar disso, o interesse por atividades presenciais cresceu. Se no ano passado, 62% diziam que dariam preferência a ver shows musicais fora de casa, o número agora cresceu para 72% dos entrevistados.

Espetáculos circenses, apresentações de teatro e de dança seguem a mesma tendência e subiram 9%. Mesmo com a queda de público, houve aumento de interesse na ida ao cinema também – antes eram 64% e agora 76% que preferem ver um filme fora de casa.
 
O estudo apontou que os brasileiros gastam em média R$ 178 por mês com atividades culturais presenciais. Para programas feitos on-line, a despesa média é menor, de R$ 128,38.

As dificuldades trazidas pela pandemia se refletem na saúde das pessoas. O estudo indica que 49%, quase a metade dos entrevistados, afirmaram que alguém de seu domicílio sofreu com algum problema de saúde mental nos últimos 12 meses.

EFEITO POSITIVO

A boa notícia é que, para 48% dos consultados, as atividades culturais on-line contribuíram para melhorar a qualidade de vida, e 53% atestam que elas também ajudaram a diminuir o estresse e ansiedade. O lazer feito virtualmente também diminui a sensação de tristeza de 54% das pessoas. (Folhapress) 


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