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Estado de Minas CINEMA

Politizados, filmes russos trazem dramas e mensagens de paz

Com reconhecimento internacional e premiações no Oscar, produções russas apostam em temas políticos, pacifistas, além de evidenciarem sofrimentos familiares


03/03/2022 04:00 - atualizado 03/03/2022 08:05

Cena do filme 'Leviatã', Andrey Zvyagintsev
Com ''Leviatã'', Andrey Zvyagintsev assina uma tragédia familiar com enredo potente e proporções bíblicas (foto: PYRAMIDE INTERNATIONAL/Divulgação)

Com enorme reconhecimento para a vertente da animação, a Rússia – que está em guerra contra a Ucrânia – constantemente produziu filmes que trouxeram mensagem pacifista ou de franca harmonia entre personagens centrais. O sofrimento e os potentes dramas familiares, igualmente, se sobressaem.

Até a dissolução da União Soviética, em 1991, muitas produções de cinema foram consagradas no Oscar, caso de “Guerra e paz” (1965), no qual Sergey Bondarchuk destrincha, por mais de sete horas, um enredo situado no início do século 19, em que a aristocracia russa sofre efeitos da dissolução decorrentes do avanço do poderio napoleônico. O longa foi produzido pela mesma Mosfilm que colocou clássicos de Andrei Tarkovsky a circular pelo mundo.

Também consagrados pelo Oscar de melhor filme estrangeiro, “Dersu Uzala” (1975) apresentou a expedição de um capitão soviético pelo território mongol, em que ele se alia a um caçador íntimo das florestas, nesta produção de Akira Kurosawa.

Também premiado com a famosa estatueta dourada, “Moscou não acredita em lágrimas” (1980) revelou, ainda em regime comunista vigente nos anos de 1950, o destino de três mulheres que buscam, na cidade russa, a construção das vidas profissionais e amorosas.

Já na filmografia estritamente russa (ainda que com enormes pontes de coprodução), filmes consagrados como “Leste-Oeste — O amor no exílio” (1999) despontaram. Comandado por Régis Wargnier, a coprodução entre Rússia, Ucrânia, Bulgária, França e Espanha trouxe roteiro assinado por Sergei Bodrov, e Catherine Deneuve e Sandrine Bonnaire como estrelas.

O filme narra a reconstrução da União Soviética, passada a guerra, num período em que Stalin cooptou famílias (no exterior) a reassumirem o patriotismo, num regresso para o país de origem. O longa mostra as limitações na liberdade experimentadas pelos integrantes de uma família reintegrada.

Também em esquema de coprodução, “A última estação” (2009) trouxe impulsos financeiros do Reino Unido, da Alemanha e da Rússia, num enredo protagonizado por Christopher Plummer e Helen Mirren. O filme narra os últimos momentos do escritor Liev Tolstói (“Guerra e paz”), numa atmosfera de valorização da natureza e das coisas simples da vida.

Com rigor visual, em 2014, o diretor Andrey Zvyagintsev assinou mais um tratado sobre um núcleo familiar dissolvido, no longa “Leviatã”. Com enredo potente, em proporções bíblicas, o diretor traz um drama que remete às provações de Jó: Nikolay (Aleksey Serebryakov) se vê em escalonada tragédia que atinge a família e o melhor amigo. Três anos depois, o mesmo diretor apresentou o longa “Sem amor”, detido no sumiço de uma criança, em meio ao desleixo dos pais, em processo de separação, e mais interessados em renovar as vidas amorosas.

Com cinema politizado, Nikita Mikhalkov é outro representante do cinema russo de amplo reconhecimento. Com o longa “Urga – Uma paixão no fim do mundo” (1992), ele contou do apagamento de diferenças culturais, quando um caminhoneiro russo se vê preso numa região próxima da tenda de um pastor mongol que vive na simplicidade dos estepes.
Cena do filme ''O sol enganador'' (1994)
''O sol enganador'' (1994), que revela interesses de um artífice do governo de Stalin, deu a Nikita Mikhalkov o Oscar de melhor filme estrangeiro (foto: Arts et vida/divulgação)

É de Mikhalkov também o longa premiado com o Oscar,“O sol enganador” (1994), que mostra os reais interesses de um artífice do governo de Stalin que, em 1936, visita, numa casa de campo, um comandante do Exército russo. Mikhalkov assinou também “12” (2007), candidato ao Oscar, em que uma dúzia de jurados são escalados para decidir o destino de um checheno acusado de matar o padrasto.

Problemáticas paternas são um dos pontos fortes da filmografia russa, como comprovam os longas “O ladrão” (de 1997, criado por Pavel Chukhrai e que mostra um órfão de soldado narrando a capacidade persuasiva do padrasto) e “O prisioneiro das montanhas” (1996), em que, durante a guerra nas montanhas do Cáucaso, uma dupla militar de russos é feita refém por checheno interessado em negociar a vida do filho (preso), com o Exército russo. Também assinado por Sergei Bodrov, “O guerreiro Genhis Khan” (coprodução entre Cazaquistão e Rússia) competiu ao Oscar de melhor filme estrangeiro, em 2007.

Com a projeção do criador de curtas-metragens Konstantin Bronzit (à frente de “Lavatory-Lovestory”, em 2007, e “We can't live without cosmos”, em 2014), o cinema de animação russo se reafirma.

Numa longa jornada, o compatriota Alexander Petrov assinou clássicos em curta-metragem, como “A sereia” (1997), em que um monge idoso vê um noviço reproduzir uma antiga paixão dele; o vencedor do Oscar “O velho e o mar” (1999), que mostra a obsessiva corrida de um pescador pela caça de um gigantesco peixe; “A vaca” (1989) e “Meu amor” (2006), com impressionante retrato do século 19, no qual um adolescente se vê dividido entre dois amores simultâneos por mulheres muito diferentes.


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