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Estado de Minas AUDIOVISUAL

Em minissérie, Gilberto Gil conta que sonha com cidade da sua infância

"Infinito brasileiro", projeto sobre a vida e a obra do cantor e compositor baiano inaugura nova fase na atuação da Casa do Saber


15/02/2022 04:00 - atualizado 15/02/2022 13:23

Gilberto Gil sentado de perfil
Gilberto Gil, que completa 80 anos em junho, cita Luiz Gonzaga e Dorival Caymmi como suas referências sobre o Brasil do sertão e o Brasil do litoral (foto: MARCELO HALLIT/DIVULGAÇÃO)

Luiz Gonzaga, Dorival Caymmi e Filhos de Gandhy. Três forças da música brasileira, três referências seminais na música de Gilberto Gil. O cantor e compositor baiano está no centro da minissérie “Infinito brasileiro”, que abre nova frente na Casa do Saber. A instituição paulistana, referência para cursos livres nas áreas de filosofia, psicologia, história e arte, está completando o primeiro ano de seu próprio streaming, a Casa do Saber+.

Além de extenso conteúdo de cursos, a plataforma também passa a oferecer séries documentais. Dirigida por Marcelo Hallit, “Infinito brasileiro” traz, em três episódios, a visão de Gil sobre o país, a partir de sua própria vivência. Os capítulos “Brasil profundo”, “Brasil moderno” e “Brasil utópico” entrelaçam lembranças e análises do compositor.

Sozinho em um cenário montado para a série em seu próprio estúdio, Gil tem apenas a companhia de seu violão, que empunha sempre que a fala traz uma relação com uma canção. A primeira que ele executa é “Procissão” (parceria com Edy Star), uma das faixas de “Louvação” (1967). Composta a partir das memórias das festas religiosas de Ituaçu, onde passou sua infância (ele nasceu em Salvador e foi, com menos de um mês, para a pequena cidade, uma das entradas para a Chapada Diamantina), a canção abre o baú.

Gil conta que sonha pelo menos a cada 15 dias com a cidade, as pessoas e as lembranças que traz de lá. Uma delas era do serviço de alto-falante que tomava as ruas na infância de Gil. Foi por meio dele que o garoto conheceu a música de Luiz Gonzaga. Além do Rei do Baião, ele foi, na opinião do compositor, um inventor e tanto. “Pegou um instrumento de origem europeia, o acordeom, e leva para cada canto do Brasil. Gonzaga foi um realizador profundo da maneira nordestina de entender o instrumento.”

CARTA

É também de Luiz Gonzaga a carta de apresentação do Brasil do sertão para o menino de Ituaçu. O Brasil do litoral veio de Dorival Caymmi. “Os dois são mestres fundamentais da minha formação.” Ainda que Gil, seu pai, José Gil, sua mãe, Claudina, e sua irmã, Gildina, vivessem em Ituaçu, todo o restante da família estava em Salvador.

Os verões eram sempre na capital. E Gil tinha apenas 7 anos quando viu, no carnaval de 1949, a estreia do bloco Filhos de Gandhy. O impacto foi imediato para o garoto. Ele conta que ali começou a entender o que era o afoxé e suas próprias raízes, que em um momento posterior se juntaram para sua produção musical. 

O segundo episódio, “Brasil moderno”, leva o baiano ao Rio de Janeiro. A bossa nova, em especial a batida inventada por João Gilberto, mostram a Gil outras possibilidades do violão. Outras revoluções musicais, como o rock dos Beatles e o reggae de Bob Marley, estão na pauta da conversa. Finalizando o projeto, “Brasil utópico” apresenta Gil diante de outras manifestações, em especial o carnaval, e também no momento atual, em que, próximo da chegada aos 80 (em 26 de junho), ele se vê diante de toda a sua produção.

“INFINITO BRASILEIRO”

Minissérie em três episódios. Disponível na Casa do Saber (casadosaber.com.br). Assinatura anual, que dá acesso à série e a 180 cursos da plataforma: R$ 358,80 (12 de R$ 29,90).

GUINADA PARA O AMBIENTE VIRTUAL

A pandemia provocou uma revolução na Casa do Saber. A instituição, que funcionava desde 2004 em São Paulo (chegou a ter uma filial no Rio de Janeiro), fechou uma porta e abriu outra. O espaço físico foi encerrado e todos os projetos migraram para o formato digital, por meio da plataforma. A transformação digital mudou o formato, mas não sua essência, segundo a direção.

Hoje, todos os cursos são criados para o meio digital, investimento que começou na empresa antes mesmo de se ouvir falar em COVID-19. “Quando começamos a ter grandes professores com uma super-reputação e um limite de 40 pessoas dentro da nossa maior sala de aula, vimos que existia um potencial para além dela”, afirma Alexandre Max, que preside a Casa do Sabor desde 2020.

Em 2017, a instituição passou a gravar as aulas físicas e transmiti-las para aqueles que se inscreviam a distância. “Com a pandemia, e a parte física encerrada, vimos pela experiência anterior que tínhamos tido via transmissão o que podíamos levar para o ambiente virtual”, conta. Em 2020, houve diversas ofertas de cursos (gravados e ao vivo) para serem acessados em casa. 

“Começamos então a avaliar como seria a realidade no pós-pandemia. Acreditamos nos cursos ao vivo para fazer de casa como uma onda no período do lockdown, realidade que se consolidou. Passamos a pensar no passo seguinte, e desenvolvemos a plataforma, que é como uma Netflix do conhecimento”, continua Max.

O executivo diz não acreditar que a Casa do Saber volte a ter salas de aula como no passado. “O que não impede que possamos fazer eventos presenciais, com grandes professores. Vamos monitorando onde está a demanda do público e, neste momento, o acesso é de forma virtual.”

ASSINANTES 

Há um ano no ar, a Casa do Saber conta com 10 mil assinantes – o modelo, neste momento, é somente de assinatura anual. Dez por cento dos assinantes estão em Minas Gerais – e mesmo que o conteúdo seja exclusivamente em português, há assinaturas de outros 22 paí- ses. Em seu canal do YouTube, onde oferece conteúdo gratuito, são 1,55 milhão de inscritos.

Para os assinantes da plataforma, são oferecidos cerca de 180 cursos, de toda ordem. Com lançamentos mensais, o material é dividido em cursos criados para o ambiente digital e outros que fazem parte da história da Casa do Saber. “Eu brinco que, se você quiser ver o Clóvis de Barros de cabelo, é só na Casa do Saber”, acrescenta Max, citando os cursos de filosofia do professor entre os campeões de audiência da plataforma. 

A filosofia, por sinal, é a temática mais procurada, seguida por história e psicologia. Outros professores que se destacam são Christian Dunker, Maria Homem e Renato Nogueira. A minissérie de Gil é a primeira das produções a não ter o formato de aulas.

“A gente quer apresentar na plataforma múltiplos formatos que levem ao conhecimento de forma prazerosa e com linguagem acessível. É importante que a gente não se amarre em um formato específico.” Na primeira conversa com Gil, Max ouviu dele que não poderia pedir um curso, já que não era professor. “A ideia é trazer outros nomes emblemáticos para falar sobre a sua relação com a cultura brasileira.”

VERSÃO MINEIRA

Iniciativa semelhante à Casa do Saber, o Idea Espaço Cultural, inaugurado em 2015, em Belo Horizonte, com sede num casarão na Rua Bernardo Guimarães, no Funcionários, também incrementou sua oferta de cursos on-line, em áreas como artes, filosofia, literatura e história, nas modalidades gravado e ao vivo. Para o acesso aos cursos é cobrada taxa de inscrição. Há também material disponível gratuitamente no canal da entidade no YouTube.   


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