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Estado de Minas CINEMA

Gabriel Leone conta como virou o garoto de 16 anos de 'Eduardo e Mônica'

Ator andou de bike em Brasília, usou mega hair, pôs espinha falsa no rosto e largou o celular para construir o personagem oitentista da canção de Renato Russo


24/01/2022 04:00 - atualizado 24/01/2022 01:35

Atores Gabriel Leone e Alice Braga se abraçam no parque em cena do filme Eduardo e Mônica
Gabriel Leone e Alice Braga em "Eduardo e Mônica", filme em cartaz em 500 salas de cinema no Brasil (foto: Janine Moraes/divulgação)
 
O ator Gabriel Leone, de 28 anos, sempre viu nas artes a formação de identidade cultural e, por extensão, um fator transformador da sociedade. Porém, foi no auge da pandemia que, entre momentos instáveis, com muito tempo e de mãos atadas para o trabalho, ele ampliou essa percepção.

“A música segurou muito minha onda. Sou músico, estudo e pesquiso música há muito tempo. Até mesmo o fato de compor segurou as pontas”, revela.
 
O intérprete de Eduardo do filme “Eduardo e Mônica”, em cartaz em 500 salas do país – inclusive Belo Horizonte –, tem elos com Brasília, cenário da canção de Renato Russo adaptada para o cinema pelo diretor René Sampaio. Seja pelas histórias do avô, que serviu na Marinha na capital federal, seja pelas visitas a uma tia-avó, moradora da cidade.
 
“Brasília é personagem muito recorrente na vida da Legião Urbana”, observa o fanático pela banda de Renato Russo. Nesta entrevista, Leone revela como ocorreu o seu “mergulho” na cidade, que não deixa de ser personagem do longa estrelado por ele e Alice Braga.
 
Voltando à música – mote do filme –, Gabriel já interpretou Roberto Carlos (no longa “Minha fama de mau”, de Lui Farias) e Cazuza (numa peça na escola). Também usou seus dotes musicais nas peças “Aladin”, “Gota d'água” e “Os miseráveis”.
 
“Formei banda com amigos, estudei canto, sou autodidata ao violão e piano. Aliás, o meu nome é Gabriel por causa de uma música do Beto Guedes”, revela.

"Ficou clara a importância da cultura e da arte para a gente. A possibilidade de alguém ficar instável emocional, psicológica e financeiramente, ao longo da pandemia, é gigantesca"

Gabriel Leone. ator


 
Como você incorporou o Eduardo na tela?
A caracterização foi fundamental para mim: eu vinha de “Onde nascem os fortes”, série que tinha história passada no sertão, e meu personagem pediu um preparo físico com outra realidade. Um mês depois, estava na Brasília dos anos 1980, fazendo um menino de 16 anos. O cabelo que uso no filme é mega hair. E tinha o aparelho nos dentes. Colocamos espinhas na cara. Usamos fotos minhas aos 16 anos para chegar à ideia do Eduardo. Com o filme, tive flashes de mim mais novo.
 

Qual é o seu olhar sobre Brasília?
Durante muito tempo, não tinha olhar político em cima de Brasília. Veio a interação das coisas e a consciência política. O político é tão presente no nosso dia a dia que é difícil dissociar. Acho bonito o René, sendo de Brasília, ter escolhido fazer o filme “Eduardo e Mônica” na cidade com o intuito de mudar a visão de que Brasília só se resume à política. Quantas músicas da MPB não citam o céu de Brasília?! É uma cidade muito interessante de ser filmada, tem uma luz muito interessante. Filmamos na Chapada dos Veadeiros, que também é linda! Além de tudo, Brasília é o cenário da vida deles e da obra da Legião Urbana. Brasília é personagem muito recorrente na vida da Legião Urbana. Esse mergulho na cidade foi muito importante.
 
Qual é a “saudade no verão” do Gabriel Leone?
Da Alice Braga. Foi um processo de muita generosidade, de muita entrega, de muita parceria. Nisso, me bate muita saudade. A música é bem centrada na relação dos dois. Em cena e fora de cena, tivemos um convívio diário intenso – criamos arte juntos. Sinto muitas saudades, até porque ela mora nos Estados Unidos.
 
Você crê ter voz ativa junto ao público?
Sou muito discreto. Atores experientes me deram toques importantes, desde muito cedo, sobre como lidar com a exposição natural que vem do trabalho. Objetos de arte trazem milhões de interpretações possíveis e reações diferentes. Acho importante deixar sempre minha vida pessoal para mim. Ela diz respeito a mim e às pessoas que fazem parte dela: minha namorada, minha família, etc. Quanto à nossa voz como fator de transformação, o trabalho em si traz esse componente. Nisso há a carga política absurda. Figuras públicas, às vezes, com as redes sociais, atingem pessoas com reflexão e diálogo, tudo distanciado do teor de justiçamento e de tribunal presente nas redes, e com os quais não compactuo.

Onde você buscou a inocência e a pureza do Eduardo?
Quando filmei, estava com 25 anos. O personagem tem 16. Além do desafio, a composição trouxe um dos momentos mais divertidos da minha vida. Foi a investigação de trazer à tona no meu corpo as minhas memórias de energia. Tivemos tempo de preparação até mesmo em Brasília. A bicicleta do personagem ficou comigo, então ficava circulando com ela. Vivi um pouco da experiência do jovem dos anos 80 (o filme se passa em 1986), sem internet e celular. O contraponto com a Alice (Braga) foi muito fundamental para mim. Construímos lados aparentemente opostos, mas, na verdade, complementares.

"Eduardo e Mônica' está entre os filmes de que me orgulho muito de ter feito. Em meio a momentos muito tristes e difíceis, o filme é solar"

Gabriel Leone, ator


 
No filme, você solta a voz com um sucesso internacional divertido, “Total eclipse of the heart”, de Bonnie Tyler (risos). Como foi isso? Qual  é a sua relação com as músicas da Legião?
Sou muito fã da Legião. Como dizem, sou legionário. Sou fanático: é a minha banda de rock nacional favorita. Meu pai tem a coleção de discos completa. O Renato, por meio das letras das músicas, sempre foi o cara que mais me emocionou. Bonnie Tyler ajuda a reconstruir esses anos 80: há pontos de referência, pistas que são dadas sobre o Eduardo e a Mônica. Por mais tempo que a música tenha, dá apenas para pincelar algumas características.

O filme mudou muito a canção?
Com o longa, as coisas tiveram de ser aprofundadas. O “gostar de novelas” (verso da canção a respeito de Eduardo) aparece quando se colocam trilhas sonoras de novelas da época. Obviamente, ele gostava muito de ouvir rádio também. Aquele clipe extravagante da Bonnie Tyler é um ícone nesse universo. Amo a Bonnie Tyler e essa música. Foi bom ter me arriscado no “embromation”, com os fonemas cantados do jeito que se ouve (risos).



Um filme solar chega em meio à pandemia... Como é isso?
A pandemia frustrou expectativas de lançamento criadas. “Eduardo e Mônica” está entre os filmes de que me orgulho muito de ter feito. Em meio a momentos muito tristes e difíceis, o filme é solar e já existe no imaginário das pessoas. Para além de compreender a essência da música, é um bom filme. As pessoas vão se divertir e se entreter. O filme tem lados muito bonitos, românticos.

Como você experimenta a convivência entre arte e pandemia?
Mais do que nunca, ficou clara a importância da cultura e da arte para a gente. A possibilidade de alguém ficar instável emocional, psicológica e financeiramente, ao longo da pandemia, é gigantesca. O vírus é um vírus democrático, que pega todo mundo. A arte, ao longo do tempo, sempre esteve presente: fosse com músicas, livros ou filmes para acompanhar a gente e fazer a gente refletir e espairecer. É muito triste testemunhar que, no meio disso tudo, exista um governo que bate tanto na cultura, na arte e nos artistas. Um governo que luta contra, que destruiu o Ministério da Cultura como uma de suas primeiras medidas.

Quais são os seus futuros projetos?
Estou num momento muito bacana. Nos últimos três anos, fiz trabalhos que não foram lançados. Em 2022, terei três filmes que já foram vistos no último Festival do Rio. “Meu álbum de amores”, do (diretor) Rafael Gomes, com músicas do Odair José e Arnaldo Antunes – eu canto essas músicas! “Alemão 2”, do José Eduardo Belmonte. “Cidade ilhada”, do Sérgio Machado, baseado em texto do Milton Hatoum. E “Duetto”, do Vicente Amorim, coprodução com a Itália. Filme enquanto não estreia, não existe. Meus amigos, enquanto não viram, achavam que todos esses filmes eram lendas (risos). Além de estar no ar com a novela das nove (“Um lugar ao sol”, Globo), há a segunda temporada do “Dom” (série da Amazon Prime), com previsão de lançamento para o ano. Pedro Machado Lomba Neto, da série “Dom”, era um carioca que assaltava locais de luxo. Dependente químico, a história dele é trágica, morreu muito cedo. 
 

GABRIEL, O CAMALEÃO

Gabriel Leone de óculos e barba como Felipe, personagem de Um lugar ao sol
Como Felipe, o jovem apaixonado por mulher mais velha da novela 'Um lugar ao sol' (foto: Fábio Rocha/Globo)

 

Ator Gabriel Leone usa bata verde e cabelos encaracolados no papel de Roberto Carlos no filme Minha fama de mau
Como o jovem astro Roberto Carlos do filme "Minha fama de mau" (foto: Downtown Filmes/divulgação)


Ator Gabriel Leone como o personagem Pedro Lomba, usa touca, blusa de time e tem aspecto de drogado na série Dom
Como Pedro Lomba, o assaltante de classe média e viciado em drogas da série "Dom" (foto: Amazon Prime)


No filme Alemão 2, os atores Gabriel Leone e Leandra Leal estão vestidos de policiais e têm armas na mão na carroceria de caminhonete
Como o policial Ciro, em ação com a colega Freitas (Leandra Leal), do filme "Alemão 2" (foto: Serendipity/divulgação)


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