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Estado de Minas MÚSICA

Mineira Josy.Anne lança single que celebra o reinado

'Domercês' homenageia bisavó da artista e traz junção do congado com ritmos afro-brasileiros e ruídos eletrônicos


27/12/2021 04:00 - atualizado 27/12/2021 14:15

Cantora e compositora mineira Josy. Anne
Artista diz que single que abre caminho para seu primeiro álbum, 'Mozamba' (foto: Helder Tavares/Divulgação)

Abrindo o caminho para o álbum “Mozamba”, Josy.Anne lança nas plataformas digitais o single-clipe “Domercês”. A música de trabalho apresenta a relação da cantora mineira com o reinado local e a pesquisa sobre sua ancestralidade. A canção que precede o primeiro álbum fala da ligação da multiartista com o reinado, sendo ainda uma homenagem tanto à sua bisavó paterna, dona Maria das Mercês, quanto a Nossa Senhora das Mercês, santa de devoção do terno de Moçambique.

A artista explica que o encontro com o tambor é sua oração, direção e lugar de pertencimento: “Com ele me vi artista e com ele seguirei. No processo de criação, tomei conhecimento de que minha bisavó, Maria das Mercês, era reinadeira, reforçando assim um elo entre minha identidade e os legados das rainhas e capitãs do terno de Moçambique de Nossa Senhora das Mercês (Os Leonídios). O single narra tanto a relação com minha bisavó quanto com o terno, estabelecendo um trânsito entre referência e invenção como construção de uma identidade sonora e visual”.

Josy.Anne ressalta que o single vem com a cultura mineira do reinado, em junção a ritmos afro-brasileiros. “Ruídos eletrônicos formam uma atmosfera mântrica de tecnologias ancestrais. A narrativa visual do clipe de “Domercês” parte da gestualidade da busca, enquanto a performance da artista nas diferentes paisagens revela as relações entre memória, afeto e referência.”

O single questiona quem é essa bisavó que Josy.Anne conheceu melhor no processo do disco, durante a vivência e conversas com as reinadeiras e sua tia paterna, revelando à cantora sua bisavó como uma reinadeira de sua época. Desse modo, a artista foi entendendo melhor sua própria relação com o reinado, fazendo a escolha da canção como uma homenagem à sua ancestralidade. “Minas Gerais é a terra do intangível e os mistérios do Rosário são guardados a sete chaves pelos reinadeiros.”

DISCO EM JANEIRO 

O disco, segundo a cantora, “foi criado, gestado, gravado” neste período pandêmico. “Domercês” é o primeiro single desse álbum. “Na verdade é o único, porque vamos lançar, em 20 de janeiro, o disco inteiro, que traz 11 faixas. São nove canções autorais e duas vinhetas, que são canções de domínio público.”

Josy.Anne ressalta que essas duas músicas são do reinado e que os reinadeiros cantam no seu terno. “É um disco de mergulho mesmo, profundo nesse território  Bantu e preto mineiro que é o reinado, no qual comecei. Descobri-me artisticamente no Tambor Mineiro e decidi ficar mais próxima do terno dos Leonídios, da cidade de Oliveira. Conversei com várias pessoas e li o livro 'Afrografias da memória’, de Leda Maria Martins, para me imbuir de inspiração para compor as músicas do 'Mozamba',  meu primeiro disco.”

Além da homenagem à bisavó, “Domercês” traz também descobertas e revela a energia ancestral que cerca a cantora.  “É tanto mistério, tanta história, tanto enredo dos povos que foram escravizados e o que eles trouxeram para o Brasil e para Minas Gerais. Com essa vivência com as reinadoras, descobri que não tem uma resposta. Falo que a resposta para o meu atravessamento do que é o reinado é o disco, e ‘Domercês’ é a música que abre portas para o ‘Mozamba’, para esse lugar. Chamo esse lugar desse território de negra ressonância mineira, que traz um lugar nesta junção rítmica do congado, com ritmos afro-brasileiros e ruídos eletrônicos que também coloco no disco para trazer um olhar mais contemporâneo.”

Josy.Anne acredita que o single vem para trazer isso musicalmente e em imagens do videoclipe dirigido por Maré de Matos. “Ela também está fazendo a direção artística do disco. E a gente vem pensando muito em como representar essa negra ressonância mineira por imagens. Em colocar assim, tão explícito, uma forma como a que os congadeiros fazem e como eles são. Mas não estou pretendendo representar o reinado, apenas quero trazer essa inspiração, esse atravessamento dele para a minha música e para me colocar dentro do território da música popular brasileira, com identidade e pertencimento, sendo uma mulher preta e de Minas Gerais, desse lugar intangível que tem em Minas, desse mistério, desse profundo”, explica.

BITUCA E MARKU 

A artista diz que, quando pensa em Minas Gerais, lembra-se da voz de Milton Nascimento e da genialidade de Marku Ribas, “que me a inspira muito”. “Falo que se for querer ser alguém no palco, queria ser o Marku. Nesse disco, faço também homenagem a ele e ao percussionista Naná Vasconcelos.”

A cantora ressalta que o single traduz o que é o disco e essa mistura dos elementos rítmicos com reinado, com os afro-brasileiros. “Além disso, tem muitas camadas sonoras, de sobreposições, textura de vozes que têm a ver com o meu álbum, com essa identidade dessa música da negra ressonância mineira. Nossa Senhora das Mercês também, que é a santa de devoção dos Leonídios, que é a dona dos mistérios.”

Josy.Anne diz sentir que “Mozamba” vem mais para trazer perguntas do que são os mistérios do reinado do que respostas. “No disco, toco vários tipos de tambores. Aprendi a tocar com a Júlia Tizumba. Falo que meu instrumento principal é o tambor. Componho as músicas a partir dos ritmos do congado, dos ritmos do tambor.”

“DOMERCÊS”
Single-clipe de Josy.Anne
Disponível nas plataformas digitais


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