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Estado de Minas TELEVISÃO

Noveleira assumida, Bárbara Colen vibra com o papel de mocinha na TV

Depois de fazer sucesso no cinema em "Bacurau", atriz mineira experimenta o formato de novela, como uma modelo em "Quanto mais vida, melhor!"


12/12/2021 04:00 - atualizado 12/12/2021 09:16

Bárbara Colen de pijama em cima da cama folheia revistas em cena de novela
Bárbara Colen, fã confessa de novelas, diz que a oportunidade de mostrar seu trabalho para um público amplo é uma grande conquista (foto: João Miguel Junior/Divulgação)

"Eu tinha que ficar muito distante de Mateus antes de começar a cena. Sempre dizia para ele: 'Não vem conversar muito comigo não', porque senão o sotaque voltava. Eu estava naquele esforço de neutralizar (risos), vamos neutralizar, vamos neutralizar"

Bárbara Colen, atriz


Bárbara Colen, de  35 anos, em pouco mais de 10 anos de carreira, se tornou um rosto conhecido no cinema nacional, ao fazer filmes como “Bacurau” (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, que recebeu o Prêmio do Júri do Festival de Cannes. Três anos antes, ela já havia trabalhado com o diretor pernambucano no também premiado “Aquarius” (2016).

Foi com a produtora Filmes de Plástico, de Contagem, que a atriz, mineira de Belo Horizonte, fez sua estreia na telona, com o curta “Contagem” (2010), dirigido por Gabriel e Maurílio Martins. A dupla levou o troféu Candango de melhor direção no Festival de Brasília.  Para abraçar a carreira de atriz, Bárbara abriu mão de um cargo como servidora pública.

“Naquela época, com 22 anos e quase me formando no Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado, pensei: é agora ou nunca. Foi aquele momento bem decisivo da vida. Intuitivamente, eu sentia que tinha que dar esse passo para as coisas começarem a engrenar. E foi como aconteceu, exatamente”, ela diz.

A atriz está agora no elenco da novela “Quanto mais vida, melhor!”, escrita por Mauro Wilson para a faixa das 19h na Globo. Noveleira assumida, ela considera sua escalação para o folhetim como uma grande conquista.  “Via todas (as novelas) desde o ‘Vale a Pena Ver de Novo’ até a das nove”, diz ela, que só começou a deixar as novelas de lado quando iniciou o curso de formação no Cefart.

SONHO 

Filha de Heloísa, servidora aposentada da Caixa, e de Chico, dono de uma lavanderia industrial, Bárbara é de uma família sem tradição artística. “Eu queria ser atriz desde pequenininha, mas fazer um curso de artes cênicas era um sonho distante. Meus pais sempre diziam que, se eu não passasse em uma universidade pública, teria que pagar meus estudos. Por isso desde cedo eu tinha a noção de ter que ganhar o meu próprio dinheiro, de ter a minha independência.”

Na novela dirigida por Allan Fiterman, Bárbara interpreta Rose, modelo internacional, que largou a carreira a pedido do marido, Guilherme (Mateus Solano),  bem-sucedido cirurgião cardíaco. “Rose é uma mulher incrível, ela tem uma história que é de muitas mulheres, sabe? Mulheres que abandonam os sonhos e a vida por um casamento e, muitas vezes, são infelizes nesse casamento”, observa. “A relação abusiva com o Guilherme reflete o que muita mulher vive, só que ela está determinada em querer mudar, em querer ter voz na vida de novo.”

Para a atriz, o alcance da novela dá uma importância ainda maior ao seu trabalho. “Se eu puder chegar a algumas mulheres, vir que elas estão pensando a própria vida através da personagem, será uma das maiores realizações que eu posso ter”, afirma. 

Apesar da admiração por Rose, Bárbara reconhece que ela é diferente das personagens ativas que já interpretou. “A Rose começa nesse estado muito submisso, então isso era diferente, mas ela tem uma coisa que é uma inteligência, uma coragem, uma retidão de caráter, que eu acho lindo nela.”

Ao contrário de muita gente que considera ser chato fazer uma mocinha em novela, Bárbara opina que “é tão bom você ver gente boa, correta, digna, e leal. Eu acho que a Rose tem essas virtudes, que me inspiravam muito mesmo, de ver um ser humano de verdade, uma mulher que acredita no outro, que atua pelo coração”.

No núcleo de sua personagem, Bárbara contracena com Mateus Abreu, o Tigrão, filho de Rose com Guilherme. “Conheci o Mateusinho na novela, mas foi muito louco, porque a gente tem um link instantâneo. Não sei se foi a questão de interpretarmos mãe e filho ou a mineiridade, mas foi muito rápido que a gente se entendeu e fomos ficando mais parecidos durante a novela”,  diz, entre risos. 

“Eu tinha que ficar muito distante de Mateus antes de começar a cena. Sempre dizia para ele: ‘Não vem conversar muito comigo não’, porque senão o sotaque voltava. Eu estava naquele esforço de neutralizar (risos), vamos neutralizar, vamos neutralizar”, diverte-se, na entrevista por telefone.

Ao longo de toda a produção da novela, que começou em 2020, foi interrompida no primeiro semestre deste ano por causa da pandemia e terminou no mês passado, Bárbara confessa que pensou muito na importância de Kleber Mendonça em sua formação. “Primeiro porque ele se arriscou e me colocou no momento que eu era totalmente desconhecida para fazer um papel tão importante em ‘Aquarius’”. Bárbara interpreta a protagonista na juventude, papel assumido por Sonia Braga na sequência da trama. 

“O Kleber é um profissional incrível, um diretor sábio. Tem um poder de ouvir todo mundo, colocar muito bem a vontade dele, mas de ter uma escuta muito aberta. Nos processos dele, a equipe está sempre muito satisfeita, todo mundo se sente muito contemplado. Isso gera um ambiente de muito tesão pelo filme, toda a equipe fica muito motivada, feliz de estar ali.”

TROCA 

Do cinema para a televisão, ela conta que descobriu mais semelhanças do que diferenças. “Atuação é sempre atuação, é você entender o texto, entender o que é o seu personagem, ver o que o autor está querendo dizer. Tanto em televisão quanto no cinema é a mesma coisa. É estar aberto pro jogo”, comenta. 

“Acho que quanto mais a gente está ali em relação com quem você está contracenando, presente, ouvindo, olhando para aquela pessoa e construindo uma relação de troca… Isso para mim é uma coisa que funciona sempre. Não que eu precise ser amiga de quem vou contracenar, mas preciso de uma relação de troca. Essas coisas eu encontrei muito na novela”, diz, elogiando os parceiros de cena Mateus Solano, Vladimir Brichta, Ana Lúcia Torre, Evelyn Castro, Thardelly Lima.

Sobre o futuro do país, Bárbara diz que estamos diante de um governo que atua contra, para fazer com que o setor da cultura acabe. E o setor lida também com o impacto da pandemia, que paralisou durante muito tempo suas atividades. “Foram duas coisas muito fortes, mas eu sinto que, de alguma forma, está trazendo para a gente uma necessidade de articulação, de pensar estratégias de como a gente vai atuar.”

A atriz ressalta a importância do cinema nacional nos últimos 20 anos com a produção de muitos filmes, muitos profissionais formados. “A estrutura existe. A gente já tem um modo de fazer.” Cita, como exemplo, a mineira Filmes de Plástico, “uma produtora que já tem 10 anos, que tem seu corpo de trabalho ali dentro”. A estrutura existente da indústria cinematográfica brasileira conta a favor, apesar de tudo que o governo está fazendo. “Eles acham que será fácil nos desarticular? Não vai. Estamos muito mais fortes.

“Quanto mais vida, melhor” já está totalmente gravada, e Bárbara não vê a hora de tirar umas boas férias. 

 Natal, ela pretende passar em Belo Horizonte. “Família, eu tô nessa”, diz ela, que esteve na cidade há pouco mais de um mês e muito rápido. “Queria ter ficado muito mais, estou com muita saudade de BH, muita saudade. Em BH estou em casa. Eu fico calma quando estou em BH com todos os amigos. Funciona também como meio de nutrir para poder ir para o mundo. Eu reabasteço a pilha e circulo de novo.”

Em 2022 ela deve participar do novo filme de Marquinhos Pimentel, por quem foi dirigida em “Dia de Reis”, especial da Globo Minas exibido em 2018. O longa será rodado no interior de Minas. Também está prevista a segunda temporada da série “Sentença” (Amazon), que ainda não estreou. Convites para outros filmes nacionais e internacionais também estão sob a mesa de Bárbara, que, por enquanto, só pensa em descansar.


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