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Estado de Minas MÚSICA

Artistas e produtores defendem a continuidade de shows remotos em BH

Medo da variante Delta e logística mais simples mantêm agenda cultural on-line. Festivais Todos os Sons, Cantos de Beagá e Tambor na Praça adotam novo formato


01/09/2021 04:00 - atualizado 01/09/2021 07:07

O produtor Barral Lima, que comanda o Festival Todos os Sons, diz que formato on-line é seguro e
O produtor Barral Lima, que comanda o Festival Todos os Sons, diz que formato on-line é seguro e "ótimo negócio" (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 15/4/14 )

Com o avanço da vacinação e a queda nos índices de contágio e ocupação de leitos relacionados à COVID-19, eventos presenciais vão sendo gradualmente retomados em Minas. Porém, vários produtores e artistas ainda optam por manter as atividades no modelo remoto. As razões para isso são muitas: logística menos complicada, estrutura mais simples, custo menor, e por questão de segurança, pois a pandemia se mantém presente e o cenário é de incertezas, devido à expansão da variante Delta.

Se, por um lado, na agenda cultural de Belo Horizonte – e de outras cidades do país – começam a constar espetáculos com a presença de público, por outro, atividades on-line seguem em alta. E profissionais nos bastidores dessas atividades acreditam que esse é o modelo que veio para ficar.

Em 11 e 12 de setembro, será realizada a terceira edição do Festival Cantos de Beagá, que tem foco no samba e nas tradições boêmias da capital mineira. O evento propõe um giro por quatro bares da cidade que são redutos do samba, com direito a prática culinária e apresentações musicais de Giselle Couto e de Tavinho Leon. A transmissão ocorrerá por meio do canal da Favo Cultural no YouTube.

GRAVAÇÃO 

O percussionista Paulo Santos, ex-Uakti, se apresenta no próximo domingo, no Tambor na Praça on-line(foto: Youtube/reprodução)
O percussionista Paulo Santos, ex-Uakti, se apresenta no próximo domingo, no Tambor na Praça on-line (foto: Youtube/reprodução)
As visitas aos estabelecimentos – bares Opção, no Caiçara, Purarmonia, no Castelo, Canto do Beto, na Cidade Nova, e Estação Krug Bier, na Savassi – foram previamente gravadas, bem como as entrevistas com os proprietários de cada boteco e as incursões pelas respectivas cozinhas. Já os shows de Giselle, no dia 11, e de Tavinho, no dia 12, serão transmitidos ao vivo.

Lúcia Rêgo, diretora da Favo Cultural, que responde pela realização do festival, explica que o evento já nasceu on-line, por meio do edital Quatro Estações, da Belotur. “Naquela época de início da pandemia, com todo mundo meio perdido, a gente pensava em como seguir com as atividades. Entramos e fomos aprovados no edital com a proposta dessas três edições do Cantos de Beagá já no formato on-line. Fomos descobrindo como fazer durante o processo”, conta.

Apesar do ineditismo e da falta de referências a respeito do novo formato, edições do festival tiveram um bom retorno, comenta Lúcia. “Tinha gente do Amazonas e até de Portugal acompanhando”, diz.

Mesmo depois de toda a população vacinada e quando for seguro transitar, a Favo Cultural deve seguir com suas atividades de forma híbrida, fazendo uso do ambiente virtual. A produtora ressalva que caso a quarta edição do Festival Todos os Cantos seja aprovada no edital da Belotur, o formato deverá ser presencial, em dezembro.

“A questão agora é reaprender a fazer, já com público. Fiquei pensando: será que sei fazer?. É muita preocupação, é um mundo novo e as mudanças acontecem a todo momento”, pondera Lúcia Rêgo.

Tanto a questão da logística quanto do custo e da segurança das pessoas envolvidas pesam na opção pelo modelo presencial ou remoto, diz a produtora. Lúcia se diz ainda insegura para abrir mão do formato em que o Todos os Cantos foi criado.

“Quando a gente foi gravar agora nos bares, o Purarmonia estava aberto, mas era um ambiente meio estranho, com distanciamento, as pessoas com medo de chegar perto das outras. O Opção ainda está fechado, o (sambista) Ronaldo Coisa Nossa, o dono de lá, tem medo de reabrir. Eu mesma, que atuo como produtora há 30 anos, é como se estivesse começando agora, porque é tudo muito novo e incerto”, aponta.

O músico Tavinho Leon, atração do Festival Cantos de Beagá, vai tocar ao vivo (foto: Lu Gontijo/divulgação)
O músico Tavinho Leon, atração do Festival Cantos de Beagá, vai tocar ao vivo (foto: Lu Gontijo/divulgação)
SEM EXPECTATIVAS 

Quem também aderiu ao modelo remoto, sem alimentar muitas expectativas em relação ao reencontro presencial, é Barral Lima, diretor da UN Music – misto de produtora, selo e estúdio –, que realiza o Festival Todos os Sons.

O evento, que tem modelo competitivo, com artistas inscritos para concorrer a prêmios em dinheiro e troféus, está iniciando sua quarta edição com a abertura, nesta quarta-feira (1º/09), do período de inscrições, que seguem até o próximo dia 12.

A fase classificatória ficará a cargo de uma curadoria especializada, que selecionará 10 canções finalistas. Elas serão apresentadas ao vivo no Ultra Estúdio, em 2 de outubro, com transmissão pelo YouTube. Nas edições anteriores, a etapa final foi realizada em espaços públicos de Itabirito e Ouro Preto.

“A história desse festival é na rua, na praça. A gente acha que ainda não é hora de juntar pessoas em espaços públicos”, diz Barral. “A opção pela transmissão on-line se deve, primeiramente, à questão de segurança. Se você fizer num teatro sem público, então pode fazer no estúdio ou em qualquer lugar. Fica mais em conta o espaço menor, que a gente domina, onde há melhor controle de imagem e de som”, explica. “O artista se apresenta, você grava, mixa com os melhores equipamentos, e isso chega ao público de maneira direta, na hora.”

ULTRA 

A próxima edição do Palco Ultra, outro evento com a chancela da UN Music, está prevista para o início de 2022. Já está resolvido que ela ocorrerá de forma remota, com os artistas tocando no estúdio. Barral destaca que, independentemente da situação epidemiológica, todas as ações de sua produtora seguirão o formato híbrido. De acordo com ele, o modelo on-line se revelou um ótimo negócio, com muitas possibilidades.

“Você chega a um público maior, isso é moeda de troca com as marcas que eventualmente vão te patrocinar. E é um ótimo custo/benefício, é muito mais compensador pelo retorno que se pode ter. Adorei fazer eventos on-line e, por mim, continuo fazendo para sempre”, reforça.
Antes da chegada da pandemia, a UN Music tradicionalmente realizava festivais em espaços públicos, o que Barral diz ter o seu encanto, mas também problemas.

“Quando você faz um evento na rua, torce para começar e torce para acabar logo, pois o maior risco é o público. Você não sabe quem está ali. Tem gente que vai só pra arrumar confusão. Nesse cenário de pandemia, na rua você não tem controle, então, de repente, sem que isso tenha sido planejado, há ali mil pessoas aglomeradas. E é você quem está levando as pessoas para aquele lugar”, salienta. “No caso do evento fechado, on-line, você não corre esse risco. A possibilidade de dar um problema qualquer é muito remota”, completa.

Ao comentar a última etapa da quarta edição do Festival Todos os Sons, em 2 de outubro, Barral acredita que até lá todos os envolvidos já terão tomado a segunda dose da vacina. Isso representa uma tranquilidade a mais, pois as inscrições são abertas para todo o estado e é comum a presença de artistas que se deslocam de diversas regiões.

“A gente só pensa em anunciar evento com público quando a pandemia tiver acabado mesmo, quando o risco for mínimo. Preferimos continuar com nossas ações dentro do estúdio. Ali há um grau de segurança maior. Mesmo sabendo que tudo pode acontecer, nossa filosofia é essa”, diz.

Tambores on-line direto do teatro

(foto: Belisário Tonsich/divulgação)
(foto: Belisário Tonsich/divulgação)

"A gente tem de continuar mantendo o cuidado, porque a pandemia não foi embora. Só vou acreditar que ela foi embora, parar de usar máscara e aglomerar, quando tiver certeza absoluta de que o contágio zerou"

Maurício Tizumba, músico


Projeto realizado há 12 anos em espaços públicos, o Tambor na Praça, capitaneado por Maurício Tizumba, inicia sua temporada de 2021 no próximo sábado (4/09), em formato virtual, como ocorreu no ano passado. Antes da pandemia, as apresentações reuniam multidões para assistir a 50 ou 60 percussionistas tocando tambores para receber os convidados especiais, com grande equipe de profissionais envolvidos em diversas funções. No modelo remoto, será apenas Tizumba ao lado de seu convidado, no palco do Teatro Santo Agostinho, acompanhados por um produtor e três técnicos de áudio e vídeo.

“Para mim, é difícil, não vou mentir. Sou o cara de fazer ao vivo, preciso da resposta do povo na hora”, diz Tizumba. Ele considera, contudo, que o momento exige cautela e o formato on-line se justifica por uma questão de segurança da população.

“A gente tem de continuar mantendo o cuidado, porque a pandemia não foi embora. Só vou acreditar que ela foi embora, parar de usar máscara e aglomerar quando tiver certeza absoluta de que o contágio zerou. Todo mundo tem que pensar nisso. A gente que faz evento na rua deve dar o exemplo, porque a coisa é muito séria. A gente não deixa de fazer a nossa música, o nosso evento, mas é evento de pandemia, é on-line, sem aglomeração”, diz.

CHAT 

A solução encontrada para minimizar a distância do público foi criar um chat. As apresentações desta temporada do Tambor na Praça, cuja abertura tem como convidado o cantor, compositor e violoncelista Cid Ornelas, serão transmitidas ao vivo do Teatro Santo Agostinho. Ao final do show, os músicos permanecerão no local para um bate-papo virtual com as pessoas.

“Você pode conversar ali na hora, a gente tira uns 20 minutos para trocar uma ideia com quem está assistindo, fala das curiosidades dos instrumentos. O convidado conta um pouco da história dele. É uma forma de você se aproximar do público mesmo estando do outro lado da tela”, observa Tizumba.

“O tempo passou, as coisas mudaram e a gente tem que dar um jeito de se adaptar”, diz. “Mas assim que a pandemia passar, a gente volta para a rua, porque ali é o nosso lugar. A cultura do congado, do tambor mineiro, é uma cultura de rua.”

A programação do Tambor na Praça 2021 segue com dobradinhas de Tizumba com Paulo Santos (5 de setembro), Luísa Mitre (12 de setembro), Cleber Alves (13 de setembro), Theo Lustosa (2 de outubro), Laércio Vilar (3 de outubro) e Camila Rocha (9 de outubro).
A seleção de convidados, segundo o anfitrião, é orientada pelo desejo da mistura. “O Tambor Mineiro se propõe a quebrar preconceitos, juntar um estilo com outro. Entre as pessoas escolhidas, a maioria tem conhecimento acadêmico. Então, juntamos a cultura popular, que vem do tambor, com a linguagem do piano da Luísa, do violoncelo do Cid Ornelas, da bateria de jazz do Laércio Vilar”, conclui.

 TAMBOR NA PRAÇA AO VIVO
>> Maurício Tizumba convida: Cid Ornelas (4/09), Paulo Santos (5/09),Luísa Mitre (12/09), Cléber Alves (13/09), Theo Lustosa (2/10), Laércio Vilar (3/10) e Camila Rocha (9/10)
>> Direto do Teatro Santo Agostinho. Gratuito. Sempre às 20h, transmitido por YouTube.com/CiaBurlantins

4º FESTIVAL TODOS OS SONS ON-LINE
>> Inscrições até 12 de setembro
>> Regulamento e inscrições: https://festivaltodosossons.wordpress.com/
>> Final: 2/10, com transmissão em
https://www.youtube.com/c/UNMUSICgroup

3º FESTIVAL CANTOS DE BEAGÁ
>> Em 11 e 12/09, a partir das 18h
>> Transmissão pelo YouTube da Favo Cultural


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