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Estado de Minas MÚSICA

Isabel Lenza lança o disco 'Véspera' e diz desafiar 'o fluxo das trevas'

Álbum foi gravado em BH com o produtor Leo Marques, na véspera da pandemia, depois de a cantora se apaixonar pela sonoridade da banda Moons


26/08/2021 04:00 - atualizado 26/08/2021 07:31

Isabel Lenza diz que seu novo álbum é uma forma de enfrentar ''com sanidade'' este momento de crise (foto: Gabriela Batista/divulgação)
Isabel Lenza diz que seu novo álbum é uma forma de enfrentar ''com sanidade'' este momento de crise (foto: Gabriela Batista/divulgação)

Assim que lançou seu disco de estreia, “Ouro”, em 2017, a cantora e compositora paulistana Isabel Lenza já sabia que queria produzir outro álbum. Na época, ela se dividia entre o trabalho, de segunda a sexta-feira, e a música, mas alimentava o desejo de se dedicar exclusivamente à carreira artística. Entre 2018 e 2019, conseguiu se organizar financeiramente para isso e compôs as canções do álbum Véspera”, recém-lançado de forma independente.

“O primeiro disco foi um processo que aconteceu junto com a vida que eu levava. Mas entendi que queria compor próximo do zero, a partir de uma proposta específica. Queria saber o que é sentar para compor um disco. Desenvolvi um processo em que realmente me coloquei nessa rotina de sentar e me concentrar na composição”, ela conta.

MOONS

Com o repertório em mãos, Isabel precisava encontrar um produtor que a ajudasse a transformá-lo em registro de estúdio. Na época, ela se encantou pela música “Corações em fúria (Meu querido Belchior)”, do baiano Teago Oliveira, voz da banda Maglore. Depois de assistir a um show solo do músico, ela foi apresentada ao produtor da faixa, o mineiro Leonardo Marques. Naquela mesma noite, duas pessoas a aconselharam a ouvir trabalhos dele, como o da banda Moons.

“Cheguei em casa, dei play nos discos da Moons e fiquei fascinada com a elegância deles. Sozinha, comemorei a existência da Moons. Mandei mensagem para um amigo em comum com o Leo dizendo que tinha encontrado a pessoa com quem queria trabalhar. Estava tudo encaixado. Dois dias depois, ele (Leonardo Marques) me ligou e, em cinco minutos de conversa, já sabia que nossa parceria daria certo. Assim que desligamos, comprei minha passagem”, conta.

Em dezembro de 2019, Isabel Lenza desembarcou em Belo Horizonte para conhecer o Ilha do Corvo, estúdio de Leo Marques. Em uma manhã de trabalho, os dois conseguiram finalizar uma canção e ela decidiu reservar o restante das sessões para março de 2020. Por pouco a gravação não foi afetada pelo início da quarentena. Em uma semana, tudo estava gravado.

“A gravação ocorreu em um momento de muita agonia e incerteza. Ficamos imersos, mas a cada dia era uma bomba, como se estivéssemos de fato vivendo a 'véspera'. E de fato estávamos”, relembra. Porém, o título do disco surgiu muito antes da pandemia.

“A palavra liga todos os sentimentos presentes nesse trabalho. Na época em que escrevi as músicas, sentia que estava vivendo uma grande véspera. A véspera tem significado e forma que, às vezes, são maiores do que o próprio evento que ela antecede. Eu estava naquele momento de preparação da terra para algo que viria depois.”

A chave do disco é a canção “O melhor está por vir”. Na letra, Isabel descreve poeticamente o momento anterior a algo. A música está exatamente no meio do álbum e é em torno dela que as outras oito faixas orbitam.

Há bons momentos em singles lançados nos últimos meses, como “Tudo o que você não vê”. O grande destaque é “Imenso verão”, canção cinematográfica marcada por camadas de guitarra e sons sintetizados, além do envolvente “chá lá lá lá” que Isabel canta após o refrão.

Parceira de Marcelo Jeneci em seis faixas do disco “De graça” (2013), Isabel Lenza assina sozinha oito das nove músicas do álbum. “Colados” é fruto da parceria dela com Regis Damasceno.

Bastante influenciados pela dupla norte-americana Beach House, Isabel e Leo Marques criaram uma espécie de dream pop tropical, que combina perfeitamente com dias de mormaço pesado e úmido – “Livres buscando amor” e “Janeiro gelado, 2020” são boas opções para ocasiões como essas.

Nas letras, ela cria imagens psicodélicas que combinam muito bem com a sonoridade acústico-sintetizada. “É pra hoje” reserva boas experimentações sonoras combinadas a frases como “guarde as suas vísceras” e “deixe as dores no varal”.

“MEXIDA”

O lançamento de “Véspera” demorou por conta da crise sanitária. “Naquele primeiro momento (da pandemia), eu estava muito mexida com tudo. Não consegui lançar, até porque ninguém estava absorvendo nada. Então decidi puxar o freio de mão”, conta. Em outubro de 2020, ela voltou a lidar com o disco e preparar as etapas finais de mixagem e masterização.

Lançar o trabalho neste momento é um ato de resistência, afirma Isabel. “Ser artista é estar na contramão do fluxo da força das trevas, seja ela a pandemia ou o governo. Hoje, não vivo da minha música e nem teria como. Esse trabalho é fruto do investimento que fiz a partir do momento em que consegui me planejar e estruturar. É quase coisa de louco fazer isso em um momento tão difícil. Mas também é uma necessidade. É a maneira que encontro de ter sanidade, porque escrever essas canções é uma sangria para mim”, revela.

(foto: Reprodução)
(foto: Reprodução)

“VÉSPERA”
• Disco de Isabel Lenza (@isabellenza)
• Nove faixas
• Independente
• Disponível nas plataformas digitais


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