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Quarentena imposta pela COVID-19 inspira novas canções

Artistas como Adriana Calcanhotto aproveitaram o início da pandemia do coronavírus e isolamento social para compor músicas e lançar álbuns


31/12/2020 04:00 - atualizado 31/12/2020 07:17

Adriana Calcanhotto, acostumada a escrever sem pressão, se comprometeu a compor uma música por dia durante a quarentena. O resultado é o álbum Só, lançado em maio passado(foto: Léo Aversa/Divulgação)
Adriana Calcanhotto, acostumada a escrever sem pressão, se comprometeu a compor uma música por dia durante a quarentena. O resultado é o álbum Só, lançado em maio passado (foto: Léo Aversa/Divulgação)
Tanto no Brasil quanto no resto do mundo, a pandemia atingiu em cheio a produção cultural. Com agendas de shows suspensas, alguns artistas utilizaram o período da quarentena para compor novas músicas. Por aqui, Adriana Calcanhotto e o rapper Baco Exu do Blues escreveram e lançaram seus trabalhos em tempo recorde. No exterior, o grupo Nine Inch Nails produziu um álbum instrumental duplo e a cantora Charli XCX contou com a ajuda dos fãs para decidir até a foto da capa do disco.

Impedida de embarcar com destino a Portugal, onde leciona na Universidade de Coimbra, Adriana Calcanhotto passou a quarentena no Rio de Janeiro. Acostumada a escrever sem pressão, ela impôs a si a tarefa de escrever uma música por dia, o que resultou no álbum Só, lançado em maio.

Com nove músicas, o trabalho reflete sobre a pandemia e também carrega uma função social, já que os rendimentos de cada música foram doados para ONGs e instituições que atuam no fomento da cultura. A maioria das faixas são sambas, mas Calcanhotto escreveu até um funk, Bunda lê lê, produzido em parceria com o DJ Dennis.

O rapper baiano Baco Exu do Blues compôs nove músicas em três dias para o álbum Não tem bacanal na quarentena, lançado em março. O projeto foi a saída encontrada por ele quando o isolamento social impediu que sua equipe finalizasse seu terceiro álbum, o ainda inédito Bacanal. Em forma de música, ele registrou o que estava vivendo dentro de casa, desde a torcida por Babu no Big Brother Brasil, os memes com a Cardi B e a insatisfação com o presidente Jair Bolsonaro.

Feito completamente à distância pelos quatro integrantes da banda brasiliense Scalene, o EP Fôlego, lançado em junho, conta com cinco faixas que seguem a mesma linha indie-pop do álbum Respiro, de 2019, com músicas lentas e reflexivas.

Apesar de não abordarem a pandemia diretamente, o que chama a atenção no trabalho é o modo de produção. Gustavo Bertoni, Tomas Bertoni, Lucas Furtado e Philipe Conde participaram igualmente das composições. Cada músico fez uma parte das músicas e a encaminhava para o outro completar

De alguma forma, o mesmo se aplica à Assim tocam os meus tambores, disco lançado em setembro por Marcelo D2. Produzido sob os olhos dos fãs através da plataforma Twitch, o trabalho reúne vozes exponenciais da atual cena brasileira de hip hop, como Djonga, BK, Don L e Ogi. Com 12 faixas, o trabalho rendeu um filme, disponível no YouTube, que reúne o clipe de cada uma das músicas.

Reclusa em casa, Charli XCX usou o tempo livre para compor e lançar, em seis semanas, seu quarto álbum, How I’m feeling now, lançado em maio. Em contato com os fãs pelas redes sociais, a cantora britânica de 27 anos tomou várias decisões após ouvir a opinião deles, desde a foto de capa, deitada na cama, até o título do disco.

Já Trent Reznor, do Nine Inch Nails, em parceria com Atticus Ross, surpreendeu os fãs com dois discos instrumentais compostos durante a quarentena, Ghosts V: Together e Ghosts VI: Locusts, ambos lançados em março. Com 23 faixas ao todo, os dois registros têm um clima soturno e sufocante que os dois artistas disseram sentir durante a quarentena.

ÁLBUNS-SURPRESA 

Difícil falar da música produzida em 2020 sem citar Taylor Swift. Surpreendendo a todos, e principalmente os fãs, a cantora norte-americana lançou dois discos ao longo do ano, ambos produzidos durante o períodode isolamento por conta do coronavírus.

O primeiro deles, Folklore, saiu em julho, quase um ano após a chegada de Lover (2019). Menos comercial, o trabalho foi feito em parceria com Aaron Dessner, músico da banda de indie rock The National, que coassina 11 das 16 faixas.

A aproximação com a música alternativa não para por aí. O único “feat” do álbum é com Bon Iver, cantor de folk eletrônico que empresta sua voz grave para Exile.

O segundo trabalho, Evermore, chegou no início de dezembro, com 15 faixas e repetindo a parceria com Bon Iver. Além disso, as irmãs Haim e a banda The National também entraram no trabalho, descrito pela cantora como ''irmão'' do disco anterior.

Com isso, Taylor encerra o ano com mais dois trabalhos de estúdio na discografia, totalizando nove, e expandindo os horizontes do que significa ser uma cantora pop neste momento.

TRILOGIA DE PAUL

 Composto por canções criadas ou retrabalhadas por Paul McCartney durante o início da pandemia, McCartney III, lançado em 18 de dezembro, é a parte final de uma trilogia.

O primeiro álbum – intitulado McCartney – foi lançado há 50 anos, enquanto McCartney II foi lançado 10 anos depois, em 1980.

Na ocasião do lançamento, o ex-integrante dos Beatles explicou que, originalmente, não planejava lançar um álbum em 2020, mas que o confinamento deu a ele a oportunidade de retrabalhar canções antigas, além do desejo de criar composições.

Gravado em Sussex (Sul da Inglaterra), o trabalho contém um conjunto de canções inéditas nas quais o artista canta e toca piano, guitarra, baixo e bateria. Este é seu 18º álbum solo, após Egypt station, que, em 2018, catapultou McCartney para o topo da lista de referência de vendas nos Estados Unidos, a Billboard, pela primeira vez em 36 anos. 

DESTAQUES DE 2020
(foto: Acervo pessoal)
(foto: Acervo pessoal)

. Fetch the bolt cutters
De Fiona Apple
Com instrumental inovador, construído a partir da percussão, Fiona Apple quebrou um jejum de quase oito anos. O resultado é um disco pessoal e revelador, que trata de liberdade, saúde mental e reflete os efeitos de movimentos como o MeToo.
(foto: AFP/Cortesia DA ABC )
(foto: AFP/Cortesia DA ABC )

. Future nostalgia
De Dua Lipa
O segundo álbum da estrela pop britânica é uma coleção de faixas que resgatam a estética dos anos 1980 sem perder o pé na contemporaneidade. Escapista, o trabalho é dançante e despertou interesse pela dance music num momento em que as pistas de dança 
estavam vazias.
(foto: INTERNET/REPRODUÇÃO )
(foto: INTERNET/REPRODUÇÃO )

. Punisher
De Phoebe Bridgers
Apesar de estar indicada ao Grammy na categoria revelação, Phoebe Bridgers iniciou a carreira em 2014. No entanto, 2020 foi o ano da norte-americana, o que se deve ao seu segundo álbum de estúdio, Punisher, que passeia entre o indie rock, o pop e o folk.
(foto: Fred TANNEAU/afp)
(foto: Fred TANNEAU/afp)

. Rugh and rowdy days
De Bob Dylan
Aos 79 anos e com um Nobel de Literatura na bagagem, Bob Dylan recorre a jogos de palavras, tiradas filosóficas e um fino entendimento das grandes questões humanas num belo e atemporal disco sobre a morte.

(foto: AFP/Cortesia da ABC)
(foto: AFP/Cortesia da ABC)

. After hours
De The Weeknd
Esnobado pelo Grammy apesar de ter a faixa mais ouvida do Spotify em 2020 (Blinding lights), The Weeknd também emulou uma nova abordagem ao pop dos anos 1980. No melhor estilo Michael Jackson (1958-2009), ele criou um mundo próprio num disco recheado de hits.

. Histórias da minha área
De Djonga
Desde 2017, o rapper mineiro mantém a tradição de lançar um álbum de inéditas. Em 2020, isso não foi diferente e Djonga lançou ''Histórias da minha área'', registro em que ele mantém o discurso politizado e reúne nomes como Bia Nogueira, MC Don Juan, Cristal e FBC.
(foto: Caroline Lima/Divulgação)
(foto: Caroline Lima/Divulgação)

. Bom mesmo é estar debaixo d'água
De Luedji Luna
Com bases instrumentais gravadas no Quênia, o segundo álbum eleva o patamar artístico da cantora baiana ao incorporar a riqueza espontânea do jazz dentro de uma perspectiva feminina.
(foto: Mariana Lima/Divulgação)
(foto: Mariana Lima/Divulgação)

. Letrux aos prantos
De Letrux
No segundo álbum do projeto Letrux, a cantora carioca Letícia Novaes prova que é capaz de ir além da irreverência e retrata os diferentes aspectos da fossa. Ela expande a sonoridade pop criada em Letrux em noite de climão (2017) e faz até um samba-indie diferentão.

. Corpo sem juízo
De Jup do Bairro
EP de estreia da paulistana Jup do Bairro, ''Corpo sem juízo'' é um dos álbuns mais importantes do ano. Multifacetado, o trabalho aborda questões caras ao movimento LGBTQ+, ao mesmo tempo em que deixa claro o posicionamento antirracista e diaspórico.

. Quadra
De Sepultura
No 15º álbum de uma carreira de 35 anos, o Sepultura, gigante do heavy metal mundial, resume de forma inesperadamente vigorosa as suas muitas qualidades. É um disco agressivo, melódico, rítmico e experimental.


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