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Estado de Minas CINEMA

Cine Belas Artes faz campanha para não fechar as portas

Pandemia trouxe complicações para o último cinema de rua de BH, que pretende arrecadar R$ 500 mil para pagar dívidas e modernizar equipamentos. Data de reabertura não foi definida


28/09/2020 04:00 - atualizado 28/09/2020 11:11

Cine Belas Artes BH tem programação voltada para filmes independentes e lançamentos de pequenas produtoras(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press-2016)
Cine Belas Artes BH tem programação voltada para filmes independentes e lançamentos de pequenas produtoras (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press-2016)


Tradicional reduto de apaixonados pela sétima arte e único cinema de rua da capital mineira, o Cine Belas Artes BH passa por uma fase delicada. Fechado desde 18 de março devido à COVID-19, o espaço acumulou dívidas de impostos, aluguel e benefícios trabalhistas ao longo dos últimos meses. Sem fluxo de caixa, a solução encontrada para salvar o Belas foi lançar uma campanha de financiamento coletivo, que entra no ar nesta segunda-feira (28).
 
“Antes do coronavírus, a vida do Belas Artes já era difícil”, afirma Adhemar Oliveira, proprietário do cinema de arte do bairro de Lourdes, com 336 lugares. “Esses meses parados jogaram a gente na beira do precipício. Estávamos numa batalha para conseguir alguma forma de patrocínio, batemos na trave umas três vezes, mas as parcerias nunca foram firmadas. Já estava difícil, e com a paralisação das atividades ficou impossível.”

ALUGUEL Segundo ele, o Belas se endividou nos últimos anos porque passou pelo processo de digitalização. A isso somam-se despesas cotidianas, como o aluguel do prédio, que pertence ao Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e o pagamento aos 17 funcionários, cujos contratos de trabalho foram suspensos. Atualmente, eles recebem seguro-desemprego.
 

"Esses meses parados jogaram a gente na beira do precipício. Estávamos numa batalha para conseguir alguma forma de patrocínio, batemos na trave umas três vezes, mas as parcerias nunca foram firmadas"

Adhemar Oliveira, proprietário do Belas

 
 
“A campanha também é uma forma de relembrar aos mineiros a importância de um cinema como o Belas Artes. Além de seu valor histórico, ele é um vetor na cena cultural da cidade e do país. Por ser cinema de rua, movimenta toda uma economia do entorno que não pode ser deixada de lado, como bares, restaurantes e outros aparelhos culturais da Praça da Liberdade”, explica Oliveira.
Além de cobrir as dívidas, a campanha pretende arrecadar recursos para manutenção, reparos, troca de poltronas, revestimento acústico e telas das três salas. O projeto será feito em três etapas. A primeira planeja arrecadar R$ 200 mil para garantir o não fechamento do espaço e a cobertura das despesas funcionais. A segunda, cuja meta é obter outros R$ 200 mil, tem o objetivo de renovar o interior do Belas Artes, principalmente com a compra de novos assentos. A terceira, no valor de
R$ 100 mil, é voltada para a modernização dos equipamentos de exibição.
 
A meta total é arrecadar R$ 500 mil. “O Belas Artes é um espaço valioso para o cinema brasileiro. Nossa programação não é dedicada aos blockbusters, mas a filmes independentes e de distribuidoras pequenas. Nos últimos anos, o cinema mineiro tem ganho muito espaço na programação, somos um dos poucos locais de Belo Horizonte que exibem essa produção maravilhosa e importante. Então, a cidade precisa estar atenta para não perdê-lo”, comenta Adhemar Oliveira.
 
Aberto em 1992, na Rua Gonçalves Dias, 1.581, o Belas Artes nasceu com o objetivo de remodelar a experiência cinematográfica do público belo-horizontino. Porém, com o passar dos anos, as instalações da edificação, assinada pelo arquiteto mineiro Sylvio Vasconcellos (1916-1979), construída na década de 1950, tornaram-se ultrapassadas.

PROTOCOLO Adhemar Oliveira não tem pressa em abrir as salas, mesmo que a Prefeitura de Belo Horizonte autorize o funcionamento. “Fizemos várias reuniões com a Secretaria Municipal de Cultura para o desenvolvimento de um protocolo de segurança bastante rígido. Não nos interessa ter fraquezas para receber o nosso público”, comenta.
Atualmente, o cinema e o café estão fechados. A Livraria do Belas realiza vendas on-line, com entrega e retirada de produtos.
 
“Queremos abrir no melhor momento, com instalações renovadas. As poltronas, que hoje são de tecido, pretendemos trocar por revestidas de couro sintético, o que vai colaborar para a higienização das salas. Tudo deve ser feito com muita cautela, não dá para reabrir correndo. Vamos dar tempo ao tempo, tentar mobilizar as pessoas para que o Belas Artes não feche e possa reencontrar seu público de cara nova. Daí em diante, a gente vê o que será. Mas já adianto que o próximo investimento será em programação”, conclui Adhemar Oliveira.
 
Para saber mais sobre a campanha acesse benfeitoria.com/soscinebelasbh.


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