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Estado de Minas TELEVISÃO

Fernanda Montenegro alerta sobre 'retrocesso' no Brasil

Atriz critica 'imbecilidade' com que a cultura é tratada no país, mas diz que a arte vai sobreviver. Junto da família, ela gravou episódio da série Amor e sorte, que estreia na terça-feira


03/09/2020 04:00



Fernanda Montenegro sente na pele os efeitos da pandemia e torce pela vacina que salve a humanidade do coronavírus, mas preferiu deixar esse assunto de lado na entrevista de lançamento da série Amor e sorte, concedida na quarta-feira (2), via internet. Com 90 anos e 75 de carreira, a atriz optou por chamar a atenção para a situação da cultura no Brasil. “Há uma imbecilidade, um retrocesso gigantesco e trágico”, alertou.

Única brasileira indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua atuação em Central do Brasil, em 1999, Fernanda diz que a cultura é o caminho do ser humano para a transcendência. “Não seremos nós que ficaremos no fundo da terra. Não seremos mesmo. É só ter paciência. É um ciclo pelo qual vamos passar. Com maior dificuldade, interferências, estamos existindo, estamos vivos e atuantes. Fiz um discurso (sobre isso), mas botei minha alma junto”, afirmou.
 
 
Fernanda Montenegro e Fernanda Torres no set doméstico montado na serra fluminense durante o isolamento social(foto: Globo/divulgação)
Fernanda Montenegro e Fernanda Torres no set doméstico montado na serra fluminense durante o isolamento social (foto: Globo/divulgação)
 
 
 

 "Não seremos 
nós que ficaremos no fundo da terra. 
Não seremos mesmo. É só 
ter paciência”

Fernanda Montenegro, atriz
 
 
SÉRIE 

Fernanda Montenegro e a filha, Fernanda Torres, fazem parte do elenco da série dirigida por Jorge Furtado, com quatro episódios. Além de “Gilda e Lúcia” com as duas, que estreia na próxima terça-feira (8), vão ao ar “Linha de raciocínio”, com Taís Araújo e Lázaro Ramos (dia 15); “Territórios”, com Emílio Dantas e Fabiula Nascimento (dia 22); e “A beleza salvará o mundo”, com Caio Blat e Luisa Arraes (dia 29 de setembro).

Jorge Furtado define a série como um mutirão de atores, autores e equipe marcado pela ousadia. Com pouco tempo para execução do projeto, o diretor recorreu à mãe e à filha e a casais que pudessem gravar as cenas em sua própria casa, durante o confinamento social.

O argumento de “Gilda e Lúcia” começou a ser construído por Fernanda Torres e Jorge. O time de roteiristas se completou com Chico Mattoso e Antônio Prata. “A coincidência desse episódio é o fato de ter as duas atrizes e a família. Aliás, não é uma família, é uma equipe em quarentena. Tinha câmera, tinha som, tinha tudo. Foi outra experiência”, revela o diretor.

EXCEÇÃO 

Fernanda Montenegro trabalhou com Fernanda Torres e o genro, Andrucha Waddington, além de netos e parentes que se dividiram em várias funções no set. “Gilda e Lúcia” é uma exceção, com 25 pessoas no set e nas equipes remotas. Nos outros três episódios, os casais se encarregaram de tudo: fotografia, maquiagem, contrarregragem e figurino.

O roteiro passou por várias fases. Furtado queria contar a história da mãe que, para continuar “quarentenando”, esconde da filha a descoberta da vacina. “Uma situação difícil para levar por todo o episódio. O Prata e o Chico vieram com a mãe que foi jovem nos anos 1960 e 1970, época em que viver não fazia mal. Não se tratava de uma mulher da terceira idade que não podia fazer nada. Era uma pessoa de 90 anos ativa, que gosta de tomar sua caipirinha na praia”, diz Fernanda Torres. “A filha é muito mais careta do que a mãe. Esse conflito dá o caldo para o episódio”, conta.

Se na ficção mãe e filha se desentendem, na vida real as duas atrizes, confinadas na serra fluminense, dividiram alegrias. Fernandona diz que há anos elas não conviviam sob o mesmo teto. “Eu me vi amparada diante de uma mulher que luta pela vida, sabe o que quer, é honesta no que quer, é responsável como cidadã, tem uma sensibilidade diversificada muito qualificada. É um ser humano cheio de talento para o que quiser na vida”,  garante. “E é ela. Não é separada de mim como filha. Está lá. Isso, para uma mãe, é a comprovação de que aquele ser humano é livre. Foi isso o que aprendi nesses quatros meses”.

Fernanda Torres diz que estava cercada por dois workaholics: a mãe e o marido, Andrucha Waddington. “Com a pandemia, senti a mamãe projetando no futuro o que isso significava em termos de trabalho. Ao longo desses quatros meses, ela foi acalmando. Foi uma convivência incrível.”

Andrucha desempenhou papel fundamental nesse processo. “Dizem que genro não é parente, mas o Andrucha foi muito importante nesses quatro meses. Ele é muito gentil, muito atencioso, muito alegre. Uma figura de ligação muito importante para a nossa convivência ser harmoniosa”, elogia Fernanda Torres.

Bem-humorada, Fernandinha comenta que se viu diante de dois desafios. “Andrucha é apavorante, gente! E a mamãe vai na dele. Eles são mancomunados”. Para a atriz, em pior situação está Antônio Prata, casado com uma jornalista. “Todos os dias, ela volta para casa e lembra a ele o horror que está a vida aí fora”.

flordelis 
 
Prata tranquiliza Fernanda. Garante que a mulher, Júlia, não leva o notíciário para casa. Jorge Furtado comenta que é difícil lidar com algumas manchetes da vida real, citando o caso da deputada federal Flordelis, acusada de matar o ex-marido com ajuda dos filhos. “Não estou conseguindo acompanhar todas as nuances, são muitos detalhes”, diz.

“Isso é impensável como tema de qualquer coisa”, opinou Fernanda Montenegro. “Uma comédia boa dá, né? Cinquenta filhos em um swing... É um pornô evangélico de terror”, resumiu Jorge Furtado.





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