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Estado de Minas AUDIOVISUAL

Cine OP realiza mostra virtual com filmes inéditos, debates e oficinas

Organização do evento que começa nesta quinta (3) diz que edição 2020 deixará de ter apenas o tradicional cortejo pelas ruas da cidade histórica  


02/09/2020 04:00

O documentário inédito Banquete Coutinho é um dos 103 títulos que integram a programação, disponível de amanhã até segunda-feira(foto: Universo Produções/Divulgação)
O documentário inédito Banquete Coutinho é um dos 103 títulos que integram a programação, disponível de amanhã até segunda-feira (foto: Universo Produções/Divulgação)


Cinema ou TV, tudo conforme a tela que se vê.” Foi com esse lema que quatro estudantes da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) criaram a TVDO. O mote é atualíssimo, desde que a pandemia do novo coronavírus obrigou toda a produção audiovisual, independentemente da origem e do meio de produção, a ser escoada via streaming. Só que esse mote data de 40 anos atrás, quando Tadeu Jungle, Paulo Priolli, Walter Silveira e Ney Marcondes eram os estudantes em questão.  
 
Com a proposta de conhecer o passado para entender o presente e pensar o futuro, a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto foi criada há 15 anos. No contexto da pandemia, o evento, tradicionalmente realizado em junho, foi transferido para este mês e terá uma edição inteiramente virtual. Mudou a forma, mas não o conteúdo. Desta quinta (3) até a próxima segunda (7), a mostra promoverá a exibição de filmes  – e terá o mesmo tamanho das edições anteriores. 
 
Serão 103 longas, médias e curtas, antigos e novos, disponíveis ao público nos cinco dias do evento, que trabalha com três eixos temáticos: preservação, história e educação. Entre os títulos inéditos estão os documentários Banquete Coutinho, de Josafá Veloso, sobre o cineasta Eduardo Coutinho (1933-2014), e Helen, de André Meirelles Collazzo, que acompanha a vida de uma garota de 9 anos num cortiço. O clássico de Hector Babenco Pixote: A lei do mais fraco (1981) será exibido em cópia restaurada. O processo de recuperação do longa será ainda tema de um debate – na segunda (7), às 12h).  
 
Os debates serão diários – às 10h, 12h, 14h, 16h e 18h – e vão contar com a participação de 75 profissionais do au- diovisual. Ainda serão realizadas quatro oficinas, quatro masterclasses, exposições e shows. Só que, em vez de a programação ocorrer em Ouro Preto, o palco é o mundo da tela do computador (ou do smartphone, TV ou tablet).

CORTEJO “A única coisa que não estamos fazendo é o cortejo”, afirma Raquel Hallak, coordenadora-geral da Mostra, referindo-se ao desfile que tradicionalmente percorria as ruas de Ouro Preto. “O principal desafio foi que o evento não fosse mais um catálogo de filmes, que quem já o conhece pudesse se identificar com o ambiente digital e quem não o conhece queira ir no próximo ano”, diz ela.
 
Mesmo com a possibilidade de que em 2021 tudo possa ser como dantes, Raquel comenta que o digital permanecerá em edições futuras. “Antes, só era beneficiado quem ia lá. Isso é restritivo. Agora, temos um sinal para o mundo, o alcance é outro. Agora, temos é que aprimorar o aprendizado”, comenta. 
 
Em abril, quando viu que não havia chance de fazer a CineOP nos moldes convencionais, Raquel lembra como foi complicado encontrar parceiros para abraçar o modelo virtual. “O que é live, o que é digital? Agora, vemos o novo modelo de atuação, e a mudança nos hábitos de consumo. Mas, lá atrás, tivemos que encontrar investidores que tivessem um entendimento do que seria um evento on-line.”
 
Antes de a pandemia ter início, o tema desta edição já havia sido decidido. Cinema de Todas as Telas dialoga com os 70 anos da TV brasileira e também com as novas formas de consumo. O roteirista e diretor Tadeu Jungle e o líder indígena e escritor Ailton Krenak são os convidados do debate que abre a CineOP, às 20h desta quinta (3). Também na abertura será exibido o primeiro dos quatro trabalhos da TVDO selecionados para o evento. 

AUDITÓRIO Avesso festa baile (1983) é um documentário sobre o programa de auditório Festa baile, na época produzido pela TV Cultura. “Quando surgiram as primeiras câmeras portáteis, houve uma explosão no modo de produção. Produzimos conteúdo audiovisual que desafiava o modo da narrativa do establishment. A televisão sempre tinha suas estrelas, seus famosos, e o povo ficava na função de aplaudir e consumir. Invertemos a câmera para o outro lado. Isso está muito explícito no Avesso festa baile, sobre um programa de auditório clássico apresentado por Agnaldo Rayol e Branca Ribeiro. O que foi feito ali foi virar a câmera para o público e mostrar como aquilo era feito, quebrando a quarta parede”, conta Jungle.
 
Se no início dos anos 1980 o grupo da TVDO já vislumbrava a ocupação das telas (fosse TV ou cinema) pela produção audiovisual, um conceito só mais recentemente incorporado ao senso comum, para o futuro próximo Jungle vê possibilidades ainda maiores. “Com o advento do 5G e a chegada de grandes empresas de streaming, os modos de fruição da informação serão múltiplos, mais até do que hoje.”
 
Para ele, “todas as telas” às quais a CineOP se refere traduzem “o poder de todos se expressarem”. Jungle acredita no crescimento das narrativas de todos os grupos. “Indígenas, identitários, tudo muito diverso. Acho que os grupos produzirão audiovisual com mais qualidade e pertinência, conteúdos não só dentro da narrativa oficial. Há três anos, não se sabia o que era Tik Tok. Hoje, ele é quase o mainstream na comunicação para os millennials.”
 
As novas narrativas acabam chegando às fake news. “A internet, o streaming não são bons ou maus per se. Eles são plataformas de expressão, e os grupos vão se expressar como quiserem. A tecnologia permite que você crie fatos e cenas que não se identificam com  o que é ou não real. Isso é uma grande discussão para o futuro próximo”, aponta Jungle.  
 
CINEOP – 15ª MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO
O evento, gratuito, será realizado desta quinta (3) a segunda (7), no endereço cineop.com.br.  
 
O documentário Normal é um dos títulos da 8 ½ Festa do Cinema Italiano, que prossegue até dia 10 com sua edição on-line
O documentário Normal é um dos títulos da 8 ½ Festa do Cinema Italiano, que prossegue até dia 10 com sua edição on-line 
 
 
Setembro tem agenda repleta de festivais
 
A conexão à internet é o limite. Ou seja, uma boa banda larga permite acesso a qualquer festival de cinema, que antes era restrito ao seu local de realização. Mais: boa parte deles deixa o filme disponível sem horário predeterminado, proporcionando ao espectador a chance de escolher quando quer assistir. Além da CineOP, há outros eventos audiovisuais em curso ou prestes a começar. 
Vinte produções italianas, nove delas inéditas nos cinemas brasileiros, integram a programação da 8½ Festa do Cinema Italiano. Um dos destaques é o documentário Normal, de Adele Tulli, que discute, por meio de imagens (não há narração), aspectos culturais em torno da construção da identidade de gênero na Itália contemporânea, desde a infância até a idade adulta. É tudo gratuito, via plataforma Looke.
 
Outro evento dedicado exclusivamente à cinematografia de um país é o Panorama Digital do Cinema Suíço. As exibições vão até o domingo (6), e cada filme fica em cartaz por três dias, na plataforma Sesc em Casa. 
 
O fim do mundo, longa do realizador suíço-português Basil da Cunha, ficará disponível desta quinta (3) até sábado (5). O filme acompanha Spira, um jovem que volta a morar em uma favela em Lisboa, depois de ter passado quase metade da vida em um reformatório. Para falar sobre o filme, Basil da Cunha participa de uma live com o diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho nesta quinta (3), às 20h, no Instagram (instagram.com/cinesescsp).
 
Até o próximo dia 30, serão exibidos 33 filmes na 1ª Mostra Internacional Cinema Virtual São Paulo. No evento digital, produções de 21 países, todas realizadas nos últimos cinco anos, serão exibidas em sessões diárias, às 19h e às 22h, pela plataforma Cultura em Casa. 
 
Entre as atrações está a comédia dramática indiana Hindi Medium (2017), de Saket Chaudhary, um dos sucessos recentes de bilheteria daquele país. O filme, que estreia na segunda (7), às 22h, é um dos poucos que ficarão disponíveis até o final do evento.
 
Já no domingo (6), tem início a décima edição do CineFantasy – Festival Internacional do Cinema Fantástico. Além da programação digital (são 140 filmes, entre longas e curtas de 30 países), disponível na plataforma Belas à La Carte, haverá também sessões presenciais, mas exclusivamente em São Paulo. 
 
O longa O cemitério das almas perdidas, do cineasta capixaba Rodrigo Aragão, abre o evento, em sessão em cinema drive-in. Sua exibição on-line ficará disponível na segunda (7), das 18h às 23h59.
 
8½ FESTA DO CINEMA ITALIANO 

Até 10/9, pela plataforma Looke (looke.com.br). Gratuito. Informações e programação no site br.festadocinemaitaliano.com

>> CINEFANTASY – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA FANTÁSTICO
De domingo (6) a 20/9 pela plataforma Belas Artes à La Carte (belasartesalacarte.com.br). Valor mensal da assinatura: R$ 9,90.  
Informações e programação no site cinefantasy.com.br

>> 8º PANORAMA DIGITAL DO CINEMA SUÍÇO
Até domingo (6), pela plataforma Sesc Digital (sescsp.org.br/panoramasuico). Gratuito.
 
>> 1ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA VIRTUAL DE SÃO PAULO
Até 30/9, com sessões às 19h e às 22h, 
pela plataforma Cultura em Casa (culturaemcasa.com.br). Gratuito. 
 
 


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