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Estado de Minas TEATRO

Magiluth lança projeto de performance virtual para 'pagar contas'

Grupo pernambucano Magiluth lança projeto de performance virtual para 'pagar as contas' durante isolamento social. Sessões duram 30 minutos e experiência tem retorno positivo


postado em 09/06/2020 04:00

Magiluth nasceu do desejo de experimentação de alunos do curso de teatro da Universidade Federal de Pernambuco (foto: Pedro Escobar/divulgação)
Magiluth nasceu do desejo de experimentação de alunos do curso de teatro da Universidade Federal de Pernambuco (foto: Pedro Escobar/divulgação)

“Em um momento superpromissor da carreira, nos vimos falidos. Todo o nosso investimento foi por água abaixo. As coisas foram devastadoras. VHS salvou a nossa vida, está dando para pagar as contas”, conta o ator e dramaturgo Giordano Castro, um dos fundadores do grupo de teatro Magiluth, de Pernambuco.

O projeto Tudo que coube numa VHS: Experimento sensorial em confinamento foi a solução encontrada pela trupe para se sustentar neste período em que é impossível se apresentar no palco. As “sessões”, como o ator se refere às performances virtuais, são individuais e custam R$ 20.

“É um trabalho de construção. Sem dar muito spoiler, posso dizer que, primeiro, ligo para a pessoa, explico o trabalho e vou conduzindo. Vou dando pedacinho por pedacinho, e cada pedacinho vai acontecendo em uma plataforma digital. Acontece mais na cabeça de quem está assistindo do que na minha apresentação”, explica o ator.

A trama é conduzida nas plataformas on-line WhatsApp, Instagram, YouTube, Spotify e Deezer ou por meio de e-mail. “O projeto foi pensado e organizado para este período de confinamento. Preferimos chamar o espetáculo, que usa premissas teatrais, de experiência sensorial. Não vamos entrar na briga do que é teatro ou não”, brinca Giordano Castro.

Conduzidas por Giordano, Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Mário Sergio Cabral, Lucas Torres ou Pedro Wagner, integrantes do Magiluth, as sessões podem ser contratadas pelo Instagram (@magiluth). Elas são realizadas de terça-feira a domingo, das 17h30 às 23h, e duram cerca de 30 minutos.

“Acontece de um para um. Ou seja, de um ator para um espectador. Por noite, apresento o nosso trabalho para cerca de 10 pessoas”, conta Giordano Castro. Apesar de VHS ser a única fonte de renda, a trupe pretendem manter o projeto só até 21 de junho.

“Ficar de terça a domingo trabalhando das 17h30 à meia-noite tem sido muito cansativo. Vamos pegar pelo menos uma semana para descansar”, informa o ator. As sessões foram assistidas por pessoas de várias partes do Brasil e também de outros países – entre eles, Portugal, França, Colômbia, Estados Unidos, México, Itália e Chile.

A resposta do público é um alento para o Magiluth. “Quando terminei a dramaturgia e apresentei para o grupo, vimos que tinha uma coisa interessante ali. A forma como o público tem recebido é gratificante. O isolamento fez as pessoas se sentirem muito sós. Somam-se a isso o porquê do confinamento, algo muito duro, e as questões políticas que têm mexido muito conosco. É grande o estado de tristeza e desconforto”, ressalta Giordano.

O grupo tem recebido feedback positivo. “As pessoas nos revelam que foram levadas para outro mundo por 30 minutos”, diz o ator. “Uma médica contou que não vive outra coisa a não ser ver pessoas doentes ou morrendo. Ela nos disse que, durante a sessão, se sentiu em outro lugar.”

CASARÃO

Em 2019, a companhia pernambucana completou 15 anos. “No final do ano passado, começamos a entender que o Brasil havia se tornado desfavorável para as artes. Nosso grupo vive praticamente de bilheteria, percebemos que estávamos entrando num funil muito perigoso. Então, fizemos um investimento. Pegamos todo o nosso dinheiro e fundamos o casarão”, conta Giordano Castro.

O Espaço Cultural Casarão Magiluth abriu as portas em janeiro, no Recife. Fechou em fevereiro, por causa do carnaval, e em março não pode ser reaberto devido ao isolamento social. Giordano garante que quando a crise passar, o Casarão voltará com novidades.

“O Magiluth surgiu quando estudávamos na Universidade Federal de Pernambuco. Queríamos colocar em prática as coisas que víamos na faculdade. A princípio, era como um laboratório de pesquisa. Depois, começamos a entender que aquilo poderia ser o nosso ganha-pão”, conta o ator.

A trupe pernambucana se inspirou na trajetória dos mineiros Espanca! e Galpão. “Todo mundo que mexe com teatro de grupo tem o Galpão como 'papa'. É uma das experiências mais antigas, frutíferas e fortes nessa linguagem”, elogia Giordano Castro.

O ator e dramaturgo passa a quarentena ao lado da mulher, Thaysa, e de Gabo, o filho de três meses do casal. “Lavar prato, lavar roupa e ninar neném. São as coisas que mais fiz ultimamente. Tem sido legal”, conta ele. “A gente tinha aquela rotina de estar fora de casa. Muito provavelmente, se não fosse a pandemia, eu perderia essa fase do meu bebê.”


TUDO QUE COUBE NUMA VHS: EXPERIMENTO SENSORIAL EM CONFINAMENTO
•  Com grupo Magiluth
•  Até 21 de junho
•  Informações: Instagram – @magiluth

* Estagiária sob supervisão da  editora-assistente Ângela Faria


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