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Longa gaúcho reconstitui trama de bastidores na posse de João Goulart

'Legalidade', que estreia nesta quinta-feira (12), mostra campanha liderada por Leonel Brizola para garantir a posse do vice de Jânio Quadros


postado em 12/09/2019 04:00 / atualizado em 11/09/2019 18:56

Cena de 'Legalidade', do gaúcho Zeca Brito. Diretor afirma a necessidade de o Brasil ressignificar o patriotismo (foto: Joba Migliorin/Divulgação)
Cena de 'Legalidade', do gaúcho Zeca Brito. Diretor afirma a necessidade de o Brasil ressignificar o patriotismo (foto: Joba Migliorin/Divulgação)

Legalidade, longa do gaúcho Zeca Brito que estreia nesta quinta-feira (12), trata do movimento homônimo liderado em 1961 pelo então governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola, que garantiu a posse de João Goulart como presidente da República, após a renúncia de Jânio Quadros.
 
Introduzindo um romance fictício na trama histórica, o longa promove a memória dos acontecimentos e do ator Leonardo Machado, intérprete do protagonista, que morreu de câncer no ano passado, aos 42 anos. Esse foi seu último papel no cinema.

“É uma história que ficou na garganta e na memória de muita gente. Meu pai foi professor em uma escola pública construída por Brizola. Já na escola pública em que estudei, essa história não foi contada, mas sobreviveu pela memória familiar”, diz o cineasta de 32 anos, diretor também da comédia Em 97 era assim (2017) e do documentário A vida extraordinária de Tarso de Castro (2018).
 
Brito diz que o roteiro começou a ser preparado em 2010, em parceria com Leo Garcia e recorrendo a pesquisas em torno do tema. “Além de dissertações e teses, também lemos contos dos dias da Legalidade escritos por romancistas como Moacyr Scliar. Buscamos distintas visões da história”, afirma.

%u201CÉ uma coisa bonita da arte, cristalizar a realidade. Foram coisas meio predestinadas. Era uma mensagem muito forte que o Leo (o ator Leonardo Machado, morto em 2018) tinha pra dar no filme, pela contribuição que esse discurso tem para o Brasil contemporâneo. Ele morreu ano passado, mas segue vivo cada vez que a luz do cinema projeta imagens e sons%u201D

Zeca Brito, diretor

O filme começa com a renúncia de Jânio Quadros narrada pelas rádios e seguida das reações de Brizola (Leonardo Machado) e seus apoiadores. Preocupados com a iminente tentativa de golpe militar, Brizola lidera a articulação para garantir que João Goulart, então em viagem à China, retorne ao Brasil e tome posse, como previa a Constituição.
 
O vice de Quadros era visto como uma ameaça comunista pelos setores mais conservadores. Tudo isso é mostrado com poucos recursos digitais, cenários simplificados, em planos mais restritos aos personagens e seus diálogos.

Em meio a essa turbulência, Cecília Ruiz (Cleo), correspondente do Washington Post, aparece com o objetivo declarado de escrever um perfil do governador gaúcho. Com comportamentos misteriosos, ela se envolve com Tonho (José Henrique Ligabue), repórter fotográfico local.
 
Porém, Cecília já conhecia intimamente o antropólogo Luis Carlos (Fernando Alves Pinto), irmão do fotógrafo, desde a cobertura de um encontro de Che Guevara com líderes políticos em Punta Del Este, alguns meses antes. O triângulo amoroso ficcional dá contornos de novela ao drama histórico.

Enquanto Brizola mobiliza a população com discursos eloquentes, driblando a censura às rádios e sob risco de um bombardeio militar ao Palácio Piratini, a jornalista persegue seus objetivos em cenas repletas de clichês nos diálogos e as ações.
 
Ela manipula um dos irmãos e sente algo a mais por outro. Entre algumas cenas, a trama insere a persoangem Blanca (Letícia Sabatella), filha da correspondente, que, em 2004, em Porto Alegre, pesquisa a real atuação que sua mãe teve no passado.

Cleo interpreta jornalista de comportamento misterioso no longa(foto: Joba Migliorin/Divulgação)
Cleo interpreta jornalista de comportamento misterioso no longa (foto: Joba Migliorin/Divulgação)
O diretor explica a escolha. “Tivemos consultoria de Hilton Lacerda para o roteiro. Queríamos um olhar brasileiro, e ele nos deu esse tempero. Não tivemos medo de apostar na cultura popular. É um filme de alfabetização histórica, que lida tanto com cultura de massa quanto com erudita. Por isso a importância da Sabatella e da Cleo, muito conhecidas, que chegam à casa de todas as pessoas pela TV. Queríamos um filme que atingisse todas as camadas, absolutamente democrático, que coloca informações históricas na boca de personagens fictícios com fluidez cinematográfica, por meio de aventura, suspense e espionagem.”

Brito define os personagens fictícios como uma síntese de várias figuras reais envolvidas no contexto, no caso dos dois irmãos, e uma metáfora, no caso de Cecilia Ruiz. “Ela é uma jornalista cobrindo uma tensão política externa que, em 1964, serviu para condenar Brizola. Cinquenta anos após a campanha da Legalidade, a CIA revelou que ele foi um dos homens mais investigados no Brasil. Criamos uma personagem que no cinema norte-americano é sempre vista com heroísmo e tentamos dar uma nova visão, pelas transformações que ela passa. É uma brincadeira com o soft power e com essa dominação vazia.”

Lançado numa atualidade em que as tensões políticas se assemelham às mostradas em cena (em uma delas, personagens trocam acusações de “comunista” e “golpista”), o filme destaca aspectos históricos importantes, como a adesão do 3º Exército, como era identificado o comando militar gaúcho, ao movimento que postergou o golpe contra o Estado democrático brasileiro.
 
“É um filme que tem um papel histórico de ressignificar o patriotismo. Não é algo unilateral, nasce na diversidade nacional. O Brasil é um país de muitas culturas, e pensar esse país é muito importante”, afirma Zeca Brito.


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