
O padre Filipe Lemos, esse é seu nome, participou de todos os trabalhos, passou toda a sexta-feira na igreja. Projetou a circulação dos fiéis em torno da Nossa Senhora das Dores, empurrando os bancos para formar um caminho obrigatório a partir da porta de entrada, separou o percurso com faixas, carregou as caixas para doação e ajudou a cobrir o chão com touceiras e mais touceiras de alecrim para manter o aroma tradicional da igreja na sexta-feira santa. Até carregar os dois tocheiros bem grandes de madeira para colocar de um lado e outro do esquife que ficou em frente ao altar ele carregou.
Quando o primeiro turno dos trabalhos da arrumação da nave terminou, descemos para casa e ele ficou na igreja. Quando voltamos para o segundo turno, ele estava lá, firme, trabalhando ainda e se preparando para o grande sermão do descendimento. Uma novidade na programação das comemorações da semana santa foi a trasladação do Santíssimo Sacramento para a capela do Hospital São João de Deus, descendo pela Rua Direita. Várias casas cobriram suas janelas com panejamentos roxos e brancos e não foram poucos os que decoraram a fachada das casas com pequenos altares com muitas flores e muitas velas. A cidade ganhou uma solenidade nova, que varou a noite com muita fé e oração, completada pela procissão da penitência com a imagem de Nossa Senhora das Dores, que terminou às 5h.
A sexta-feira da paixão manteve sua tradição com a apresentação das figuras bíblicas, o canto da Verônica, coro Angélico, o sermão do descendimento, a procissão e a chegada na matriz, com a veneração do Santo Sepulcro. Um reparo na organização: nos anos anteriores, era proibido o estacionamento de carros dos dois lados da Rua Direita. Este ano eles estavam lá, o que diminui o espaço para a procissão, com seus andores e figurantes. Não sei como funcionou a rua, com a montagem, na madrugada de domingo, dos tapetes de serragem colorida que marcaram a procissão da ressurreição e bênçãos do Santíssimo. Que contou mais uma vez com os numerosos figurantes bíblicos.
