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Museu d'Orsay tenta tirar modelos negros do anonimato

Em exposição que reúne obras feitas a partir do século 18 até o 20, instituição francesa tenta identificar os personagens que ficaram à sombra dos brancos em telas de artistas como Géricault, Manet e Matisse


postado em 26/03/2019 05:06 / atualizado em 26/03/2019 19:32

Visitantes observam a tela Estudo de um homem a partir do modelo Joseph, de Theodore Géricault, pintada entre os anos de 1818 e 1819 (foto: FOTOS: FRANCOIS GUILLOT/AFP)
Visitantes observam a tela Estudo de um homem a partir do modelo Joseph, de Theodore Géricault, pintada entre os anos de 1818 e 1819 (foto: FOTOS: FRANCOIS GUILLOT/AFP)


Madeleine, Joseph, Laure... Quem foram os modelos negros que posaram anonimamente para Géricault, Manet ou Matisse? Uma exposição em Paris estabelece sua identidade, em um exercício inédito na França para tirá-los do esquecimento. Definida pelos curadores como um “primeiro gesto de um grande museu nacional”, a exposição O modelo negro, de Géricault a Matisse, no Musée d’Orsay, percorre obras que retratam desde o combate abolicionista do final do século 18 até a afirmação da identidade negra no século 20, com ícones como Josephine Baker.

Uma viagem artística, mas também política e social, que reúne 300 obras para oferecer “um novo olhar sobre um assunto ignorado por muito tempo”: a contribuição dos negros na história da arte. Negro, Mulato – os títulos dos retratos de negros do início do século 19 refletem uma época em que a França ainda mantinha a escravidão em suas colônias, restaurada por Napoleão em 1802, oito anos depois de a Revolução Francesa aboli-la.

A mostra mantém os títulos, mas renomeia aquelas obras cujos modelos seus curadores conseguiram identificar pelo menos com o primeiro nome, como Madeleine, uma jovem de Guadalupe que se libertou da escravidão para se tornar empregada doméstica do cunhado da artista que a pintou, Marie-Guillemine Benoist.

Nesse retrato de 1800, que abre a exposição, Madeleine posa sentada dignamente, mas seu seio exposto não deixa dúvida sobre sua antiga condição de escrava.



LOUVRE


Nascido em Santo Domingo, em 1793, empregado como acrobata em Paris, José foi um dos grandes modelos artísticos do século 19 na França e o grande protagonista de A balsa da Medusa, de Théodore Géricault, exposta no Museu do Louvre.

Com as costas largas e o torso musculoso, Joseph representa nessa famosa obra o marinheiro que agita o lenço como a última esperança de salvar do naufrágio um grupo de colonizadores na costa da Mauritânia. Géricault era militante da causa abolicionista e em A balsa da Medusa incluiu três negros, embora a história apenas contasse um a bordo do navio precário.

Quando Edouard Manet exibiu pela primeira vez sua Olympia, em 1865, a escravidão havia sido definitivamente abolida na França quase duas décadas antes, em 1848. Obra considerada fundadora da pintura moderna por seu realismo e escandalosa por suas alusões à prostituição, trata-se de um nu de uma jovem branca, Olympia, deitada em uma cama olhando diretamente para o espectador.

Apesar da fama dessa pintura, a identidade de seu segundo personagem, uma empregada negra parada ao lado da cama, segurando um buquê de flores para sua ama, havia sido ignorada até agora. “Laure, uma mulher negra muito bela”, escreveu em uma caderneta de modelos Manet, ao lado de seu endereço em Paris. Os curadores descobriram, por exemplo, que Laure estava pagando um aluguel de 200 francos por mês, uma quantia muito modesta, em um bairro de operários e comerciantes.

Em I like Olympia in black face (1970), do americano Larry Rivers, a empregada é branca e sua amante, negra. Essa é uma das obras que fecham a exposição, como coroação de um processo histórico que levou à afirmação da identidade negra no século 20. A mostra, apresentada previamente em versão reduzida na Wallach Art Gallery de Nova York, ficará em cartaz até 21 de julho e viajará posteriormente para Guadalupe. (AFP)


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