Não desistir é o lema de Neiva Nascimento, carioca de 43 anos que interpreta Lady Bug, a joaninha por quem o ser estranho de Ovo se apaixona. Da primeira audição até ser chamada para viver uma das protagonistas do espetáculo, foram 10 anos. E pelo menos três audições.
“Quando mandei o primeiro vídeo (para o Cirque du Soleil), uma amiga me falou que eles gostavam de coisas diferentes. Resolvi inventar”, relembra. Neiva, criada no circo, montou um número em que unia o trapézio ao jongo (dança afrobrasileira executada ao som de tambores). Detalhe: estava de saia rodada, comprida, e com ela foi para o trapézio.
“Sempre falo que o que os brasileiros têm é versatilidade e criatividade. Quando me perguntam como entrar no Cirque, digo para procurar algo que chame a atenção.” Nascida no Espírito Santo e criada no Rio de Janeiro, Neiva é de família circense.
“Estreei aos 7 anos no picadeiro. E, acredite, comecei fazendo contorção”, conta ela. Filha de um palhaço, Neiva sempre se interessou em interpretar um. “Com meu pai, eu trabalhava como palhaça, mas nunca consegui atuar com ele, pois começava a rir. Meu pai era um palhaço muito feio, o que era bom, pois todo mundo ria.” A mãe dela se aposentou, mas o pai continua na ativa – atualmente é professor de pirofagia e equilibrismo na Escola Nacional de Circo, no Rio.
Sempre intercalando uma atividade e outra no circo, Neiva teve que abraçar o mundo dos clowns aos 28 anos. O excesso de lesões a tirou das atividades acrobáticas. Hoje, totalmente confortável no papel da joaninha, ela ainda se belisca de vez em quando. “Para ingressar no Cirque é difícil. São muitos talentos, muitas disputas e diferentes habilidades. É tudo tão grandioso que às vezes paro e não acredito no que está acontecendo.”