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Autoras mineiras fazem prosa e poesia sobre o cotidiano em 'Jurema'

Livro tem lançamento neste sábado (16) na Feira Textura e inclui textos como o poema A minha avó não transava com qualquer um que não pudesse casar, de Isabelle Chagas


postado em 16/02/2019 05:08

Efemeridades inspiraram as sete autoras de Jurema, livro de contos e poemas editado pela Impressões de Minas, que tem lançamento neste sábado (16) em BH. O projeto nasceu da oficina “A escrita do cotidiano”, ministrada no ano passado por Carina Gonçalves, que organiza a publicação e assina um dos textos. A atividade – realizada no espaço Estratégias Narrativas, da romancista Laura Cohen, no Centro de BH – buscava em elementos corriqueiros e banais do dia a dia um motor de criatividade para novos escritores.

Apesar de a oficina reunir participantes homens, calhou de apenas mulheres tomarem a frente da publicação. “Não é um livro sobre o feminino, apesar de conter o olhar do cotidiano sob a ótica de sete mulheres. Jurema fala do invisível, do descartável e da permanência do insignificante”, define Carina Gonçalves. Em seu texto, A primeira vez, ela aborda a relação das pessoas com suas próprias mãos e como elas se tornam pontos de fuga em momentos de socialização.

A autoria dividida entre sete escritoras confere a Jurema pluralidade de estilos e abordagens. Há poucas aproximações entre as escritas de cada uma delas, segundo Carina. “Reunimos contos e poemas contemporâneos e outros com estrutura clássica. É um livro bastante diversificado. Talvez o tema, o cotidiano, seja o único fator em comum.”

CRATERAS

Em Crateras de verão, Thaís Campolina narra a interação entre passageiros de um ônibus em Belo Horizonte. A conversa é sobre os buracos no asfalto da cidade, que se multiplicam em época de chuva. Comparando-os às crateras de Marte, o conto antevê que o fim da vida na Terra pode começar pelas irregularidades no chão da capital mineira.

A linha 8102, o Bairro Floresta e as avenidas Cristiano Machado e Assis Chateubriand são citados no texto, mas nem todos os contos falam tão objetivamente da realidade na capital mineira. “Há muito da cidade, mas deixamos mais aberto o dia a dia retratado no livro. É um cotidiano particular e íntimo de cada autora, que pode ser pautado tanto por casos reais quanto por eventos ficcionais”, diz Carina.

É o caso de Amigas à parte, de Beth Andrade, que retrata a relação entre duas prostitutas. Já Isabelle Chagas traz o diálogo entre diferentes gerações no poema A minha avó não transava com qualquer um que não pudesse casar, e também o amor de platônico de um homem por uma mulher transsexual no conto Uma foto de Miguel Rio Branco, Pelourinho, 1970. O livro também conta com os trabalhos de Glau Nascimento, Olivia Gutierrez e Viviane Moreira.

LIBERAIS

A capa de Jurema reproduz a imagem de uma lata à la icônica incorporação da sopa Campbell’s por Andy Warhol em sua obra. Aqui, porém, há a imagem de uma cachorrinha – Jurema, pet de Carina que acompanha as escritoras desde os primeiros encontros e se transformou em mascote do grupo – e a anotação de que “não contém conservadoras”.

Segundo Carina, a definição agrega, mas não tematiza o livro. “Não é a mensagem central, mas, realmente, nenhuma de nós é conservadora. Nesse momento, achamos necessário assumir esse papel. A literatura não deve ser conservadora, mas livre, sempre aberta ao diálogo e à criação.”

O nome do livro foi escolhido no supermercado, quando a escritora se deparou com uma marca de ervilha. “Achamos interessante uma vira-lata representando o cotidiano, porque esse animal traz justamente uma imagem passageira, dos tantos cães que perambulam pela cidade e acabam se tornando invisíveis”, comenta Carina. “A lata de ervilha é algo ordinário, que transformamos na capa de nosso livro. Assim como Warhol, deslocamos a percepção da lata para um objeto extraordinário, dando importância a algo tido como banal.” (WF)


JUREMA

. Organização: Carina Gonçalves
. Impressões de Minas (62 págs.)
. R$ 25
. Lançamento neste sábado (16), das 11h às 17h, na Feira Textura. Rua Esmeralda, 298, Prado. Entrada franca.


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