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'Boy erased' é a não estreia mais comentada do cinema

Decisão da Universal Pictures de cancelar o lançamento no Brasil de longa sobre a "cura gay" transformou o filme num dos assuntos mais comentados da semana


postado em 07/02/2019 05:07

Lucas Hedges (à dir.), que interpreta o protagonista de Boy erased, foi indicado a melhor ator no Globo de Ouro por sua atuação (foto: FOTOS UNIVERSAL PICTURES/DIVULGAÇÃO )
Lucas Hedges (à dir.), que interpreta o protagonista de Boy erased, foi indicado a melhor ator no Globo de Ouro por sua atuação (foto: FOTOS UNIVERSAL PICTURES/DIVULGAÇÃO )

Nesta quinta-feira (7), estreiam no circuito de cinema de BH sete longas-metragens, entre eles três com indicações ao Oscar – Guerra fria, No portal da Eternidade e Se a Rua Beale falasse. No entanto, é um não lançamento que domina as conversas desde domingo, quando foi confirmado pela Universal o cancelamento da estreia no país de Boy erased – Uma verdade anulada.

Estrelado pelo promissor Lucas Hedges (Manchester à beira-mar, Lady Bird) e pelos veteranos Nicole Kidman e Russell Crowe, o longa de Joel Edgerton é baseado na autobiografia de Garrard Conley. No livro, Conley relata sua experiência em um centro religioso voltado a reverter a homossexualidade dos “pacientes”. A temática do filme, que envolve preconceito, religiosidade e crítica à controversa possibilidade de “cura gay”, foi logo apontada como razão por trás do cancelamento de sua estreia no Brasil (que havia sido inicialmente anunciada para 31 de janeiro).

A Universal Pictures nega que seja esse o motivo. Segundo a distribuidora, sua decisão foi baseada na avaliação de que a bilheteria nos cinemas não conseguiria compensar os gastos com a divulgação da estreia. Ou seja, seria um lançamento deficitário.

O assunto dominou as redes sociais no último domingo (3), depois que o ator Kevin McHale (Glee) postou sem suas redes sociais a seguinte mensagem: “Queridos brasileiros, Boy erased acabou de ser banido no Brasil. Seu presidente está CENSURANDO conteúdo LGBT+”, escreveu ele, em uma publicação temporária no Instagram. “Banir um filme sobre os perigos do conservadorismo é PERIGOSO! Bolsonaro é uma ameaça à vida dos LGBT+. Amo o Brasil e vou lutar com vocês”.

Garrard Conley também lamentou, em seu perfil no Twitter, a decisão de lançar o filme baseado em sua história no Brasil. “Boy erased censurado no Brasil. Sentia que isso poderia acontecer e estou muito triste que esse tipo de coisa aconteça em um país tão incrível”, escreveu e logo em seguida apagou a publicação. Ainda no domingo, o escritor admitiu que há informações confusas sobre o episódio.

A distribuidora divulgou nota em que diz: “A Universal Pictures não lançará Boy erased nos cinemas única e exclusivamente por uma questão comercial baseada no custo de campanha de lançamento versus estimativa de bilheteria nos cinemas. Bem-vindos a Marwen, previsto para este ano, também não será lançado pelo mesmo motivo”. Bem-vindos a Marwen é um longa que também envolve pesos-pesados. Dirigido por Robert Zemeckis, tem Steve Carell como protagonista.

Acusado diretamente por McHale, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) também usou o Twitter para comentar o assunto. “Fui informado de que um ator americano está me acusando de censurar seu filme no Brasil. Mentira! Tenho mais o que fazer”, postou.

CONSERVADORES
Mesmo que não tenha havido censura, parte dos que manifestaram indignação com a decisão da distribuidora nas redes sociais se inquieta com a possibilidade de a empresa ter tomado a decisão motivada pelo receio de aborrecer a parcela mais conservadora do público. Na trama do longa, Jared (Lucas Hedges) é um garoto de 19 anos, filho de um pastor (Russell Crowe) e de uma dona de casa (Nicole Kidman). Quando o jovem revela aos pais sua homossexualidade, é levado a uma clínica afastada da pacata cidade onde vivem, no Arkansas, e inicia um processo que promete reverter sua orientação sexual.

O filme mostra um tratamento psíquico falho e violento. Inicialmente cordato, Jared se conscientiza de que a “cura gay” não é um caminho possível e se rebela contra a instituição. O drama revela o sofrimento real de milhares de pessoas submetidas ao tratamento na instituição Amor em Ação (AEA). A primeira unidade, em San Rafael, na Califórnia, abriu as portas em 1973, mesmo ano em que a Associação Americana de Psicologia tirou a homossexualidade de sua lista de doenças mentais.

Crítico à “conversão” sexual, o filme foi exibido no Festival de Toronto e indicado a prêmios relevantes nos EUA, com duas nomeações no Globo de Ouro (melhor ator e canção original). Já o resultado de bilheteria foi decepcionante. Boy erased estreou nos EUA em 2 de novembro do ano passado e faturou US$ 6,7 milhões (R$ 24,6 milhões), segundo o site Box Office Mojo. Em comparação, Me chame pelo seu nome, romance gay lançado no mesmo período, em 2017, fez mais de US$ 18 milhões (R$ 66,12 milhões) nas salas norte-americanas.

OSCAR A ausência do longa nas indicações ao Oscar pode ter influenciado a decisão da Universal. Como nos anos anteriores, a homossexualidade é tema recorrente nesta temporada de premiações – ainda que em nenhum deles a questão sexual seja o fio condutor, como no filme de Joel Edgerton.

Indicados ao Oscar de melhor filme, Bohemian rhapsody, Green book – O guia e A favorita têm protagonistas LGBT e não tiveram sua distribuição ameaçada no Brasil. No ano passado, espectadores brasileiros relataram nas redes sociais que as cenas de conteúdo homoafetivo do filme Bohemian rhapsody estavam sofrendo vaias nos cinemas. A notícia teve grande repercussão, mas não chegou a ser comprovada. A cinebiografia de Freddie Mercury, vocalista da banda Queen, ficou em nono lugar na lista das maiores bilheterias de 2018 em todo o mundo.

Personagens gays defendidos por Melissa McCarthy e Richard E. Grant em Poderia me perdoar? lhes renderam indicações ao Oscar de atriz e ator coadjuvante, respectivamente. O longa de Marielle Heller – sobre a autora Lee Israel, envolvida em falsificação literária –, tem pré-estreia nesta quinta-feira (7) em apenas três cidades brasileiras, pela Fox Film do Brasil. Procurada pela reportagem para comentar o lançamento de Poderia me perdoar?, a distribuidora preferiu se manifestar por meio de nota. “Poderia me perdoar? está sendo lançado no Brasil pela Fox a partir de hoje (7), em sistema de pré-estreia em cinemas do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, e, a partir do dia 14 em circuito de estreia. De acordo com a demanda dos cinemas brasileiros, poderá ter sua programação ampliada, sendo possível atender a outras praças”, diz o texto. Boy erased deverá ser lançado pela Universal em DVD ainda neste ano.

#VaiTerFilme


A Pandora Filmes aproveitou a repercussão do caso para divulgar o filme O mau exemplo de Cameron Post, com estreia prevista para abril nas salas brasileiras. “Vai ter filme ironizando a ‘cura’ gay, sim!”, diz postagem da distribuidora no Instagram. A história se assemelha à de Garrard Conley: a atriz Chloë Grace Moretz dá vida à personagem-título, que, após ser flagrada transando com a melhor amiga, é enviada a um centro de “reversão sexual”. O longa é dirigido por Desiree Akhavan.

NAS LIVRARIAS

Lançado nos EUA em 2016, o livro de Garrard Conley ganhou uma edição brasileira pela Editora Intrínseca, que colocou o volume nas livrarias com uma sobrecapa que reproduz o cartaz do filme. Com tradução de Carolina Selvatici,  Boy erased – Uma verdade anulada tem 320 páginas e está sendo vendido a R$ 34,90 (e-book) e R$ 49,90 (impresso).


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