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Bauhaus chega aos 100 anos

Alemanha prepara comemorações da célebre escola de arte, design e arquitetura que lançou as bases do modernismo em diversas áreas e pregava a funcionalidade acima da estética


postado em 27/01/2019 05:08

Estudante desce escada da Universidade Bauhaus em um dos prédios originais, em Weimar, cidade onde o movimento teve início (foto: Fotos: John MACDOUGALL/AFP )
Estudante desce escada da Universidade Bauhaus em um dos prédios originais, em Weimar, cidade onde o movimento teve início (foto: Fotos: John MACDOUGALL/AFP )


A escola de arte Bauhaus, cujas linhas refinadas e “espírito revolucionário” podem ser observados hoje em dia nos iPhones ou nos móveis da Ikea, celebra seu centenário na Alemanha com um debate político sobre seu legado como pano de fundo. Weimar, no Leste do país, pode, com suas pequenas ruas de paralelepípedos e seu charmoso centro histórico, parecer um local de nascimento surpreendente para este movimento, moderno e minimalista, fundado em 1º de abril de 1919 pelo arquiteto e designer alemão Walter Gropius.

Após os horrores da Primeira Guerra Mundial, “os artistas se reuniram para criar uma nova forma de arte, com ideias bastante utópicas e idealistas”, explica Anke Blümm, curadora da Fundação Bauhaus, em Weimar. Seguindo a doutrina de “a forma segue a função” – o prático prima sobre a estética –, a Bauhaus desejava criar objetos ou prédios de desenho acessível para todas as classes.

Este ano, Weimar, também conhecida por ser a cidade de Goethe, será o coração das comemorações da Bauhaus no país, e espera atrair turistas de todo o mundo. Um novo museu abrirá suas portas na primavera, e a Haus am Horn, primeira casa branca de teto plano (característica do movimento Bauhaus) construída segundo os princípios da escola, em 1923, voltará a receber o público em maio. O movimento Bauhaus “é uma de nossas exportações culturais mais influentes”, disse o chefe de Estado alemão, Frank-Walter Steinmeier, na largada das comemorações.



REPERCUSSÃO


Quando o regime nazista a proibiu, em 1933, vários artistas deixaram a Alemanha, criando uma diáspora que espalhou a cultura da Bauhaus pelo mundo. As construções com este selo mais conhecidas fora da Alemanha são a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, com suas linhas puras, ou a Cidade Branca de Tel Aviv, inscrita no Patrimônio Mundial da Unesco, com seus 4 mil apartamentos de fachadas brancas e lisas e esquinas e varandas frequentemente arredondados.

Também há diversos objetos do cotidiano da época, como as famosas cadeiras, e os quadros ou fotografias expostos em museus. Sem levar o selo Bauhaus, as mesas da gigante sueca Ikea e a maioria dos celulares herdaram o seu estilo. Entre os seus pilares, a escola conta com pintores renomados, como o russo Wassily Kandinsky e o suíço Paul Klee, figura do Surrealismo, embora este último tenha acabado se distanciando do movimento, por considerá-lo muito fundamentalista.

A Bauhaus era movida por uma visão reformista, e inspirada nos progressos tecnológicos que se seguiram à Grande Guerra. Para o historiador Winfried Speitkamp, diretor da Universidade da Bauhaus, em Weimar, que continua ensinando os princípios da escola no mesmo câmpus que outrora, o objetivo era construir, através da arte, uma nova sociedade democrática sobre as ruínas do Império Germânico. O movimento coincidiu com uma democracia incipiente e frágil, também nascida em Weimar. “Queriam acabar com a monarquia, muito autoritária e militarista.”



DEBATE


Como a República de Weimar, a Bauhaus tornou-se rapidamente alvo dos nazistas nos anos 1920. “É típico da extrema direita considerar qualquer movimento que propague novas formas de cooperar e criar, uma abertura e diversidade, algo perigoso”, assinala Speitkamp.

Isto embora, como destaca o semanário Die Zeit, o movimento evitasse se comprometer contra os poderes políticos, para, dessa forma, manter o apoio financeiro vital do Estado. “Gropius insistia em que sua Bauhaus não era nem bolchevique, nem judaica, nem alemã”, lembra a publicação, um tanto crítica com a apresentação idílica que se faz do movimento 100 anos depois.

Agora, em um momento de auge nacionalista em vários países da Europa e do mundo, os festejos da Bauhaus dão lugar ao debate. “Queremos seguir o caminho da globalização ou precisamos reforçar nossas fronteiras e definir uma nação por sua etnia?”, questiona Speitkamp. “É disso que se trata o debate em torno da Bauhaus”, assinala, referindo-se a uma polêmica ocorrida no ano passado devido a um show do grupo punk Feine Sahne Fischfilet, ovelha negra da extrema direita no país, no câmpus da Bauhaus, em Dessau, de onde a escola foi expulsa em 1925.

A Fundação Bauhaus cancelou o show na última hora, citando ameaças da extrema direita e uma vontade de se distanciar de “qualquer extremismo político, seja de direita ou esquerda”. A decisão lhe valeu uma chuva de críticas, uma vez que ia de encontro às raízes do movimento. O espetáculo finalmente foi realizado, em um teatro de Dessau, que, como Weimar, encontra-se no território da antiga RDA, hoje reduto do partido de extrema direita alemão AfD. A fundação acabou pedindo desculpas e prometeu continuar sendo “um local transparente, aberto e internacional para os debates da sociedade, segundo o espírito da Bauhaus”. (AFP)






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