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É FILME OU JOGO?

Com Bandersnatch, Netflix lança seu primeiro produto interativo para público adulto. Recurso que dá ao espectador a chance de escolher o curso da narrativa dilui a fronteira entre o longa-metragem e o game


postado em 31/12/2018 05:03

Em história sobre o controle, o protagonista Stefan (Fionn Whitehead) é o criador de um videogame interativo chamado Bandersnatch(foto: NETFLIX/DIVULGAÇÃO)
Em história sobre o controle, o protagonista Stefan (Fionn Whitehead) é o criador de um videogame interativo chamado Bandersnatch (foto: NETFLIX/DIVULGAÇÃO)

“Nossa, isso é muito Black mirror” virou o comentário que se faz quando a realidade fica assustadora. Pois com Bandersnatch, o longa lançado na semana passada pela Netflix, o público agora vira cúmplice dessa realidade. O filme é o primeiro do serviço de streaming a propor a interatividade para adultos – a Netflix já havia lançado produtos do tipo para crianças.

“É como se o espectador estivesse dentro de Black mirror”, afirma o criador da série Charlie Brooker. É o usuário quem determina os caminhos do personagem principal, Stefan (Fionn Whitehead, de Dunkirk), que bola o videogame interativo Bandersnatch, em 1984. “No centro do filme está a noção de que alguém percebe estar sendo controlado, e nós percebemos que somos nós. Era uma história que só poderia ser feita com a interatividade e parecia muito a cara de Black mirror”, diz Brooker.

A interatividade deve funcionar em TVs novas (com controle remoto), consoles de games, computadores, tablets e celulares com Android e iOS, mas não na Apple TV, Chromecast e em aparelhos mais antigos em geral. Quando chega o momento de fazer uma escolha, uma barra aparece na parte de baixo da tela com as duas opções, e o espectador tem de 10 a 15 segundos para selecionar uma delas. A primeira pergunta é bem simples e uma espécie de piada com a interatividade: o pai de Stefan, Peter (Craig Parkinson) pergunta qual cereal matinal Stefan quer comer. Em seguida, o usuário pode selecionar que compilação musical o protagonista vai ouvir em seu walkman. Mas, com o tempo, as escolhas vão ficando mais sofisticadas.

Stefan fala ou não com a psicóloga Haynes (Alice Lowe) sobre um evento traumático em sua vida? Aceita ou não o emprego oferecido por Tucker (Asim Chaudhry) para desenvolver Bandersnatch, na mesma empresa em que trabalha também o gênio dos games Colin (Will Poulter)? Há escolhas de vida e morte.

VARIAÇÕES A Netflix estima em mais de 1 trilhão as variações na história, o que não significa que sejam caminhos ou linhas narrativas completamente diferentes. Isso resultou em muitas horas filmadas. Mas o caminho em default tem cerca de 90 minutos. Oficialmente, há cinco finais possíveis, mas com variações de cada um. “Há um debate porque não conseguimos concordar com o que constitui um fim”, avalia Brooker. Em sua cabeça, havia outras dúvidas. “Como funcionam os spoilers nesse caso? Não sabemos nem se dizemos ‘você viu’ ou você ‘jogou’?”

Para manter tudo sob controle, a empresa desenvolveu um software próprio. Mas esse não foi o único desafio apresentado por Bandersnatch, dirigido por David Slade. Tecnologicamente, o desafio era fazer com que não houvesse lentidão nem pausa antes e depois de uma escolha, além de fazer funcionar no maior número de aparelhos possível. “Também temos de ensinar as pessoas a ficar segurando o controle remoto, no caso da televisão”, diz Carla Engelbrecht, diretora de inovação de produto da Netflix. Não deve ser difícil para uma empresa que ensinou as pessoas a assistir a todos os episódios de uma só tacada. “Nós somos pioneiros da TV na internet, então queríamos inovar uma vez mais e levar a narrativa para o próximo estágio, oferecendo uma experiência mais visceral para o usuário”, diz Todd Yellin, diretor de produto. No futuro, ele sonha usar a tecnologia desenvolvida para Bandersnatch em comédias, romances, filmes de terror.

Narrativamente, também não foi nada fácil fazer Bandersnatch. “Não queríamos que a interatividade fosse apenas um truque”, afirma a produtora-executiva Annabel Jones. “Queríamos apresentar opções que fizessem sentido para o personagem. Nossa premissa central era um jovem experimentando muitas verdades diferentes, ou sem certeza do que era a verdade.”

A maior dificuldade de todas foi abdicar do controle. “O roteirista, o diretor, o produtor sempre estão tentando fazer o espectador focar em algo específico”, disse Brooker. “E quando você não tem mais isso, é libertador e desnorteante.” A verdade é que, em alguns momentos, certas escolhas resultam em becos sem saída, ou seja, os criadores sutilmente avisam que você tomou o caminho errado. Então, como pergunta Annabel Jones, “será que o espectador está mesmo no controle ou tem a ilusão do controle?”. Mais Black mirror, impossível. (Estadão Conteúdo)



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