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Helvécio Carlos


postado em 16/12/2018 05:07

(foto: Chico Diniz/Divulgação)
(foto: Chico Diniz/Divulgação)

 " Hotel não é para  dormir, é para viver uma nova experiência"

 

Em meia hora de entrevista, por telefone, Antônio Mazzafera citou duas vezes os entraves burocráticos como a grande dificuldade de qualquer empreendedor. Mas nem por isso o empresário se deixou levar e desistir dos projetos que começou a implementar no Brasil desde que voltou da Europa para investir na hotelaria brasileira. O Fera Palace, primeiro deles, completa 13 meses como um dos grandes sucessos do ano na rede hoteleira de Salvador. “A taxa de ocupação é de 60%, um índice muito bom no primeiro ano de operação de uma marca que ninguém conhecia”, comemora Mazzafera, que lembra ter trabalhado muito na reforma do prédio que estava literalmente caindo aos pedaços. E foi assim mesmo, em cacarecos, que o empresário se apaixonou pelo prédio quando passeava pelo Centro Histórico da capital soteropolitana há 8 anos, em um dos raríssimos passeios feitos por ele até então na capital baiana.

Ao lado dos sócios Marcelo Faria Lima e Nilton Serson, Antônio ampliou as suas ideias empreendedoras para aquele trecho do Centro Histórico. O trio pretende transformar o Palacete do Tira Chapéu em um espaço com 10 restaurantes e um residencial. Os sonhos cruzaram as fronteiras e os empresários pretendem inaugurar, em 2021, Fera Baixo Augusta, no Centro de São Paulo. As obras de reforma começam em janeiro.

Para Antônio, tanto o hotel de São Paulo quanto o da Bahia fazem o perfil de pessoas viajadas, descoladas, na faixa etária dos 25 aos 55 anos. “Hotel não é para dormir, é para viver uma nova experiência”, garante. A capital mineira, por enquanto, está fora do radar do grupo. “A situação da hotelaria em Belo Horizonte é muito complicada. No futuro, com melhoria do mercado hoteleiro, poderemos pensar.”

Com os pais – Maria Antônia Mazzafera e Antônio Afonso da Silva – morando na capital mineira, Antônio passa por aqui pelo menos uma vez por mês. “Até os 23 anos, morei em BH, hoje uma cidade cosmopolita, com restaurantes maravilhosos. Bem diferente daquela época.

É uma cidade que adoro. Sempre vou para renovar minhas energias.”

Com a palavra...
Antonio Mazzafera, empresário


Por que escolheu Salvador para inaugurar o seu primeiro hotel?
Em 2011, durante tour pelo Centro Histórico de Salvador, deparei-me com o Palace Hotel, prédio deslumbrante, um dos mais lindos que já vi, em estilo art déco. Com minha bagagem de hotelaria, pensei se seria possível resgatar um prédio tão icônico como aquele. Na época, o Centro Histórico estava todo degradado, tomado por viciados e traficantes. Foi uma decisão muito difícil de tomar. Ao mesmo tempo em que eu acreditava no potencial daquele edifício, o entorno não ajudava. O ACM Neto ganhou as eleições municipais e começou a fazer uma administração muito competente. Foi quando compramos o edifício para transformá-lo novamente em um hotel cinco estrelas. Ele estava fechado havia 12 anos, totalmente vazio. A partir daí começou minha paixão pela Bahia.

Mas você não frequentava a Bahia?
Frequento e gosto muito de Trancoso, mas fui poucas vezes a Salvador. Em uma dessas vindas, comecei a conhecer melhor a cidade. Descobri que a Rua Chile, onde o hotel está localizado, foi a primeira rua construída no Brasil, em 1549, por Tomé de Souza, primeiro governador-geral do Brasil. Andando pelo Centro Histórico de Salvador fiquei apaixonado por que é muita história. É o maior centro de construções coloniais das Américas, o maior Centro Histórico das Américas. Salvador foi a maior cidade das Américas até o fim do século 19 muito por causa do intenso comércio de escravos. Era uma cidade maior e mais rica do que algumas cidades norte-americanas. Esse lado da história me atraiu muito. A Bahia é um berço cultural fantástico. Como sou apaixonado com cultura, muito desse meu trabalho de resgate do hotel está focado em resgatar a cultura e a história local.

Quais foram os desafios enfrentados?

Foram muitos. Há uma força no Brasil totalmente contra o empreendedorismo. A burocracia tenta cortar todas as formas de você empreender. A região é patrimônio da Unesco, lidar com as burocracias de licença da prefeitura, do Iphan. Ter que lidar com as questões sociais ao redor. Aí tem também a questão do prédio, que estava caindo aos pedaços. Quando começamos a reforma, vimos que a situação era muito pior do que imaginávamos. Foram cinco anos entre projetos, aprovações e reformas de muita luta, muito suor, muitas pessoas descrentes. Alguns achando que o que estávamos fazendo era loucura. Várias vezes pensei se deveria ter empreendido. Mas passava esse pensamento, focava no resultado, e fomos vencedores nessa reforma. Para você ter uma ideia, durante a reforma reforçamos mais de 750 pilares, recuperamos 3 mil metros de fachada, mais de 640 janelas no estilo original. Realmente foi um trabalho muito minucioso. Abrimos o Palace como Fera Palace Hotel, em outubro de 2017. Estamos completando 13 meses. Nesse período, por ser uma marca muito nova, totalmente desconhecida criada por mim, o resultado é positivo. Na Bahia já somos reconhecidos, no Brasil, muitas pessoas já nos conhecem. Metade do nosso público é estrangeiro, com muito norte-americano, inglês, francês, que aprecia e valoriza esse tipo de construção. Estou muito feliz com o trabalho que temos empreendido.

O que trouxe você de volta ao Brasil?
Estava muito feliz em Londres, mas senti que era hora de voltar para o Brasil, começar o meu negocio na área de hotelaria e também ajudar no desenvolvimento no Brasil. O trabalho que estávamos fazendo em Salvador é fabuloso. Além do hotel, temos outros empreendimentos ao redor. Será um distrito – Bahia Design District – parecido com o Design District de Miami, com hotéis sofisticados como o Fera. O Fasano abriu no fim de semana passado. Eu e meus sócios temos um palacete (o Palacete do Tira Chapéu), que vai abrigar 10 restaurantes com culinária internacional e nacional; um projeto de residencial de apartamentos com vista para a Baía de Todos os Santos; construímos um edifício-garagem com quase 300 carros para poder estrutura básica ao bairro. É um projeto muito enriquecedor, gratificante. Até por conta disso fiquei muito orgulhoso e lisonjeado com o título de Comendador da Ordem do Mérito Cultural. É muito prazeroso você contribuir com o resgate da história e cultura do Brasil.

Está otimista para o próximo ano?

O Brasil passou por um momento muito difícil. Em 2016 e 2017, não houve nada igual na história econômica do país. Realmente dava muito medo. Eu estava no meio da reforma do hotel, não tinha como parar, tinha que tocar para frente. Vários projetos nossos ficaram paralisados para ver o que aconteceria. Agora estou otimista com a economia do país. Acredito que teremos uma melhoria em 2019. Na área imobiliária, já estamos vendo dados que comprovam que o mercado imobiliário está se recuperando, respondendo bem. Acho que agora é a hora de investir novamente. A equipe econômica do Ministério da Fazenda é extremamente competente, o que nos deixa bem otimista. Temos inclusive o mineiro Salim Matar como secretário de privatização.

Qual a sua avaliação do mercado turístico?

Ainda acho que o turismo no Brasil não é valorizado como deveria. Não há conhecimento de quanto benefício o turismo pode trazer. O turismo é uma indústria que emprega muita gente, pode gerar emprego e muita renda. Quando você atrai estrangeiros para cá, você está exportando serviço e fazendo entrar divisas internacionais no Brasil. Com a privatização de vários aeroportos, você vê essa atividade melhorando. O Aeroporto Internacional Tancredo Neves está fantástico. O de Salvador (Aeroporto Luis Eduardo Magalhães) ainda passa por reformas, é um aeroporto caótico, mas vai ficar muito bom. Há cinco anos que Salvador não tem centro de convenções, mas estamos confiando na abertura, até o final de 2019, de um novo centro de convenções construído pela prefeitura. Tem que se investir em turismo. O Brasil tem potencial muito grande que não está explorado. Você vê países como Espanha, França, Inglaterra recebendo 10, vintes vezes mais turistas que o Brasil. Fiquei feliz que o presidente Jair Bolsonaro manteve o Ministério do Turismo independente, por que talvez ele tenha visão da importância do turismo e o quanto ele pode mudar a vida do brasileiro.

São Paulo é o destino de seu próximo hotel – o Fera Baixo Augusta. Como estão as obras?

Marcelo Faria Lima, Nilson Serson e eu vimos a oportunidade de investir também no Centro no São Paulo. Foi quando resolvemos adquirir o Hotel Linson, no Baixo Augusta, para uma reforma completa. Ele ficou fechado há quase três anos enquanto obtínhamos licenças para todos os projetos, o que é muito demorado. A burocracia tenta cortar todo tipo de empreendedorismo que você tenta fazer, mas estou contente com a aquisição. A reforma está prevista para começar em janeiro de 2019 e, dois anos depois, a inauguração.

São Paulo ou Salvador?

Tenho uma casa e São Paulo e outra em Salvador. Geralmente, uma semana em São Paulo, uma semana em Salvador. Uma semana por mês fora do Brasil vendo negócios tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Gosto muito de São Paulo, aquela cidade movimentada, a mil por hora. Em Salvador, acordar de frente ao mar todo dia é uma sensação muito gostosa. E passar por Nova York, Paris e Londres é ótimo para ter contatos e trazer novas ideias para o Brasil.


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