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Helvécio Carlos


postado em 15/11/2018 05:05

Maurício Canguçu e Ílvio Amaral no camarim do Cine Theatro Brasil (foto: Fotos: Helvécio Carlos/EM/D.A PRESS)
Maurício Canguçu e Ílvio Amaral no camarim do Cine Theatro Brasil (foto: Fotos: Helvécio Carlos/EM/D.A PRESS)


Nos bastidores de Acredite,

um espírito baixou em mim

Mantendo sua posição de primeira colocada na venda de ingressos da Campanha de Popularização Teatro  & Dança, a peça Acredite, um espírito baixou em mim ainda é um assombro, mesmo 20 anos depois de sua estreia nos palcos. As teorias para explicar o sucesso são as mais variadas. Há quem aposte na simplicidade do texto de Ronaldo Ciambroni, na direção de Sandra Pêra ou simplesmente na empatia de Ílvio Amaral e Maurício Canguçú com o público, ao contarem a história de um gay que, inconformado com a sua morte, não quer arredar os pés da Terra. Nessa nova temporada, o elenco conta com Bruno Albertini, Fabrizio Teixeira, Carolina Cândido e Marino Canguçu.

Depois de duas semanas no Cine Theatro Brasil, a montagem segue a partir de quinta-feira para o Teatro Sesiminas e continua, às segundas, no Teatro Estação Cultural, onde fica até o fim da Campanha, dia 4 de março. Mas a trupe não para e ainda em março segue para o Teatro Raul Belém Machado, no bairro Alípio de Melo, onde Maurício, Ílvio e Carolina estarão em cartaz também com Essa herança é minha comédia dirigida por Fred Mayrink, além de Acredite...

A coluna acompanhou a sessão da sexta-feira passada, no Cine Brasil, e ainda não conseguiu chegar a uma conclusão sobre o porquê de tamanho sucesso, mas reconhece que o que se passa nos bastidores é muito trabalho, profissionalismo e, claro, com bom humor e diversão.



***

“Boa noite, Farofa, que hoje vai fazer o Vicente!”. Com a saudação, seguida de uma gargalhada, o ator Fabrízio Teixeira foi recebido por Maurício Canguçu em um dos camarins do Cine Brasil. Assustado, mas sem perder o humor, o rapaz só entendeu a brincadeira ao perceber que, na última hora, houve mudança no elenco da peça.

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Horas antes, Ílvio Amaral já havia se queixado de uma reação alérgica a um remédio que ingerira havia poucos dias. Mesmo assim, o ator ainda se manteve a postos e seguiu com sua rotina antes do espetáculo. “Até as 20h vou fazer o aquecimento de voz e descansar um pouco”, disse ele ao companheiro de cena. Com a agenda intensa, o melhor era se mesmo se cuidar. Além dos compromissos com o Espírito, Ílvio seguiria no sábado à noite para o Rio de Janeiro, onde gravaria participação especial em um capítulo de uma novela no domingo. Sem contar que, antes da temporada no Sesiminas, deveria encarar uma plateia de mais de 1.300 pessoas, em duas noites de Essa herança é minha, no Sesc Palladium.

***

Ílvio tentou, mas, depois de alguns calafrios, a opção foi seguir para o pronto atendimento de um hospital. Foi só um susto. O ator manteve seu compromisso com a emissora carioca, e as duas sessões da outra comédia em Belo Horizonte estão garantidas.



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Com o elenco reunido e dividido entre os dois camarins, a trupe não perdeu tempo. Faltando pouco menos de uma hora para a cortina se abrir, o movimento foi acelerado. De um lado, Maurício e Carol faziam a maquiagem, observados por Fabrízio, que passava trechos do texto com os “novos” personagens. Naquela noite, Maurício ficou com a personagem de Ílvio e Fabrício, com a de Maurício. Mas a batata quente não ficou apenas com Maurício – que, apesar de conhecer o texto na ponta da língua, não escondia a ansiedade de interpretar Loló pela primeira vez naquele teatro. Fabrízio, Carol, Marino e Bruno Albertini reconheceram que, com uma mudança tão rápida, o risco de confundir os personagens não estava descartado. “O time é forte e preparado para essas situações”, garantiu Fabrízio. “Não se precipite”, brincou Marino Canguçu.

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Dentro do camarim existem alguns ritos. Na bancada de Ílvio, por exemplo, ele monta um pequeno altar com imagens dos santos de sua devoção, como Nossa Senhora Aparecida e São Judas, além de presentes recebidos por pessoas muito queridas por ele. Tudo envolto por um rosário. Antes de seguir para o palco, o elenco se reúne em frente a porta do camarim para rezar um Pai nosso, seguido de vários gritos de guerra. “Cada um faz um pedido”, revela Maurício, que, entre os desejos, pede para que eles não esqueçam o texto e que o público ria muito. A oração é feita com mãos em uma posição que se repete todas as noites da mesma forma.

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Outra das superstições é que o ator Marino Canguçu acompanha o intérprete de Loló até sua entrada em cena – que se dá pela plateia. No caso do Cine Brasil, Marino precisa ser esperto para pegar o elevador no andar do camarim, descer dois andares até a entrada do teatro e fazer o percurso de volta a tempo de não se atrasar para sua primeira cena no espetáculo, ao lado de Maurício.

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Embora Maurício se dissesse ansioso por causa das mudanças de última hora, era difícil acreditar nessa tensão. Tranquilo, ele ainda conversou enquanto aguardava o terceiro sinal. Contou que iria justificar a ausência de Ílvio para o público somente no final da apresentação. “Tenho medo da reação das pessoas.”

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Da cochia não foi difícil perceber que, de cara, Maurício colocou a plateia nas mãos. O público gargalhava sem parar. Lá atrás, nos bastidores, o elenco não parava, ora se revezando na produção de efeitos especiais, ora passando trechos das cenas seguintes. Na correira entre uma troca de roupa e outra, 40 minutos depois do início da peça, Maurício vibrava na cochia. “Dou graças a Deus por menos uma cena que não errei”, dizia, bem-humorado.

***

A noite não acabou com os aplausos finais. O elenco ainda foi para fora do teatro, onde posou com fãs. A fila para fotos durou mais de meia hora. Mas fez a felicidade de Maria Bernardes Pacheco, uma das veteranas na plateia do Espírito. Ela mora no Barreiro e calcula ter assistido à peça pelo menos 20 vezes, desde 2008. “Sempre tive vontade de fazer foto com eles e desta vez consegui”, comemorou, ao lado de Pedro Apolinário, que apontou o que considera o segredo do sucesso da montagem: “Eles têm espontaneidade. Sempre tem coisa nova”.


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