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Estado de Minas CIÊNCIA

Estudo científico comprova correlação entre o colesterol e o Alzheimer

Conexão veio por meio da observação da proteína apolipoproteína E (apoE), que atua no transporte do colesterol para os neurônios


18/08/2021 13:30 - atualizado 18/08/2021 13:30

A ligação entre colesterol e o Alzheimer já havia sido detectada em estudos anteriores, mas só foi comprovada agora diante do avanço da tecnologia, de técnicas de microscopia com alta resolução de imagens(foto: OpenClipart-Vectors/Pixabay )
A ligação entre colesterol e o Alzheimer já havia sido detectada em estudos anteriores, mas só foi comprovada agora diante do avanço da tecnologia, de técnicas de microscopia com alta resolução de imagens (foto: OpenClipart-Vectors/Pixabay )


O colesterol não é só um vilão, ele é necessário para o funcionamento do organismo e é um tipo de gordura que faz parte da estrutra de várias células, do cérebro aos músculos e coração. No entanto, precisa ser controlado para não se tornar maléfico e isso exige bons hábitos alimentares.

O Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória que se instala quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começam a dar errado. O que essas duas doenças tem em comum?

O estudo científico Regulation of beta-amyloid production in neurons by astrocyte-derived cholesterol, conduzido por pesquisadores da Scripps Research, na Flórida, EUA, comprovou a correlação entre o colesterol e a produção de uma das proteínas associadas ao  Alzheimer, a beta-amiloide (Aβ).

A pesquisa esclarece como a doença está diretamente ligada ao acúmulo anormal dessas proteínas, que atuam como receptoras de sinais químicos no cérebro.

A conexão foi comprovada por meio da observação de uma outra proteína, a apolipoproteína E (apoE), que atua diretamente no transporte do colesterol para os neurônios, facilitando a produção da Aβ na membrana externa dessas células. O bloqueio do fluxo de colesterol seria capaz de impedir esse contato, evitando efetivamente a produção dessas proteínas.

De acordo com o estudo, a Aβ pode se aglomerar formando grandes emaranhados de “placas” nas membranas celulares dos neurônios, o que atrapalha na transmissão dos sinais nervosos e pode desencadear a perda de memória, uma das principais características da doença.

RESULTADO EM RATOS, NÃO EM HUMANOS

De acordo com o estudo, a apoE pode se aglomerar formando placas nas membranas celulares dos neurônios, o que atrapalha na transmissão dos sinais nervosos e pode desencadear a perda de memória(foto: Gerd Altmann/Pixabay )
De acordo com o estudo, a apoE pode se aglomerar formando placas nas membranas celulares dos neurônios, o que atrapalha na transmissão dos sinais nervosos e pode desencadear a perda de memória (foto: Gerd Altmann/Pixabay )


Essa ligação já havia sido detectada em estudos anteriores, mas não comprovada. A pesquisa só se tornou possível agora por utilizar técnicas de microscopia avançadas, com alta resolução de imagens, para poder enxergar as células cerebrais de camundongos e como elas atuavam na produção da beta-amiloides.

Adriana Thomaz, médica cardiologista do Hermes Pardini, destaca que o artigo é bem específico, uma excelente pesquisa: "A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, representando 60% a 70% de todos os casos (OMS). No Brasil, são cerca de 1,2 milhão de pessoas portadoras de demência, sendo 700 mil a 800 mil com Alzheimer. É uma degeneração primária do Sistema Nervoso Central. É caracterizada pela presença de placas amiloides, emaranhados neurofibrilares, inflamação e perda da função cognitiva".

Segundo a cardiologista, a sua etiologia é multifatorial (genética, fatores ambientais - atividade física, hábitos alimentares, atividade intelectual, consumo de álcool), e muito se tem estudado sobre o assunto, uma vez que é uma preocupação mundial. "Sabemos da importância do diagnóstico precoce para melhor direcionamento do tratamento, motivo pelo qual inúmeros trabalhos estão sendo feitos na pesquisa sobre biomarcadores."

Conforme Adriana Thomaz, "este artigo diz respeito a um estudo realizado em cérebros de ratos (embrião Dia 17), onde se mostrou o colesterol do astrócito a chave reguladora do acúmulo neuronal de proteína amiloide. Os dados das culturas de neurônios e astrócitos mostraram que a apoE (Apolipoproteína E) carreia o colesterol para dentro dos neurônios".

Colesterol aumentado nos neurônios, em última análise, está relacionado ao acúmulo da beta amiloide nas sinapses, explica Adriana Thomaz. "Os astrócitos sofrem mudanças morfológicas em modelos degenerativos. No entanto, se os astrócitos estão reagindo ao Alzheimer ou tendo papel na promoção da doença é desconhecido. No artigo, mostrou-se papel direto dos astrócitos na promoção do fenótipo da doença de Alzheimer."

Adriana Thomaz enfatiza que estudos continuam sendo feitos na tentativa de esclarecer melhor a etiopatogenia da doença. Mas independentemente disso, é preciso enfatizar a importância do controle dos fatores de risco cardiovasculares e da mudança dos hábitos de vida. "Sabendo que o Alzheimer é uma doença multifatorial, é importante estarmos atentos a bons hábitos alimentares, atividade física e intelectual, controle do colesterol etc."

 
AÇÃO TÓXICA NO CÉREBRO 

 
José Pedro Jorge Filho, cardiologista cooperado da Unimed-BH, diz que a grande pergunta é se redução do colesterol por meio da medicação, das estatinas, pode realmente diminuir o risco de desenvolver Alzheimer(foto: Arquivo Pessoal)
José Pedro Jorge Filho, cardiologista cooperado da Unimed-BH, diz que a grande pergunta é se redução do colesterol por meio da medicação, das estatinas, pode realmente diminuir o risco de desenvolver Alzheimer (foto: Arquivo Pessoal)
José Pedro Jorge Filho
, cardiologista cooperado da Unimed-BH, diz que "estudos feitos em cérebro de pessoas com Alzheimer mostram que eles têm um acúmulo de proteína anormalmente formada, que é a chamada beta-amiloide, e ela forma pequenos grumos que vão se aglomerando formando placas que prejudicam a transmissão do impulso nervoso dos neurônios, provocando o défict congnitivo".

"Descobriu-se que o colesterol elevado, quando chega ao cérebro, circula por todo o organismo e pode contribuir para que estas placas se juntem formando placas maiores, prejudicando a transmissão do impulso elétrico através dos neurônios. Então, o colesterol alto, vários estudos têm demonstrado isso, pode piorar o desenvolvimento da doença de Alzheimer favorecendo a formação das placas maiores, chamadas de proteínas beta-amiloide", explica.

Para José Pedro Jorge Filho, "a pergunta que não quer calar é se a redução do colesterol por meio da medicação, das estatinas, pode realmente diminuir o risco de desenvolver Alzheimer. Esse é um campo amplo para pesquisa. Mas a relação colesterol alto e piora do Alzheimer parece que agora ficou bem evedenciada diante deste novo estudo", acredita.

Em resumo, conforme o cardilogista, "o colesterol elevado no cérebro tem uma ação tóxica, levando à agregação da proteína beta-amiloide, que já é normalmente alta no Alzheimer, fazendo com que forme placas maiores e acelere o processo da doença de Alzheimer".

  
MUDE DE HÁBITOS. DICAS DE COMO EVITAR OU CONTROLAR O COLESTEROL

Alimentação saudável é aliada da saúde (foto: Shutterbug75/Pixabay )
Alimentação saudável é aliada da saúde (foto: Shutterbug75/Pixabay )
  • Pratique atividade física regularmente
  • Evite consumir gordura
  • Tenha sempre uma alimentação saudável
  • Não fume
  • Como moderadamente carnes vermelhas e derivados de leite. Prefira peixes e frango sem pele, eles têm menos gorduras
  • Coma à vontade verduras, legumes e frutas frescas
  • Prefira os alimentos cozidos, refogados, grelhados ou assados em vez dos fritos
  • Tenha moderação na quantidade de creme de leite, chocolates, sorvetes à base de leite, presunto e demais embutidos. 



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