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Estado de Minas Natal e réveillon

Como não deixar o isolamento tirar a alegria nas festas de fim de ano

No Natal e no réveillon, o segredo é saber viver, mesmo com as restrições de convívio da pandemia


06/12/2020 04:00 - atualizado 06/12/2020 12:40

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

“Quem espera que a vida/Seja feita de ilusão/Pode até ficar maluco/Ou morrer na solidão/É preciso ter cuidado/Pra mais tarde não sofrer/É preciso saber viver”. “Toda pedra do caminho/Você pode retirar/Numa flor que tem espinhos/Você pode se arranhar/Se o bem e o mal existem/Você pode escolher/É preciso saber viver”. Mais do que nunca o ano de 2020 ensina a todos que é preciso saber viver. A canção composta pela dupla Roberto e Erasmo, regravada pelos Titãs, traduz um pouco do recado que a pandemia do novo coronavírus impõe ao mundo e alerta sobre o comportamento que todos devem ter neste fim de ano diante da celebração do Natal e ano-novo.
 
O momento carrega tristezas, perdas, dores, marcas profundas, mas, ao mesmo tempo, chega para lembrar da continuidade da vida, do poder de renovação, da esperança, do desejo de mudança, da solidariedade, da alegria e de viver tudo isso, acima de tudo, com responsabilidade própria e pelo outro. Não é deixar de festejar, mas saber como comemorar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já pediu para que as pessoas renunciem às festas. Para a entidade, juntar pessoas em meio a uma segunda onda eminente da COVID-19 pode ser um risco para a disseminação da doença, que já matou mais de 170 mil brasileiros.
 
Sem poder prever o cenário que a pandemia reserva ao Brasil, em meio a uma alta de casos em quase todas as regiões do país, médicos alertam sobre os cuidados que todos devem colocar em prática e, ainda mais, desestimulam a reunião nesta confraternização. Nesta fase do ano, Natal e réveillon, muitos sentimentos são despertados. Há pessoas que amam o período, por ser tempo de festa, de estar com a família, trocar presentes e por significar esperança. Mas, para muitas outras, as datas afloram tristezas e angústias. Na pandemia, com restrições e distanciamento, com mais de 170 mil perdas pelo Brasil, há menos emprego, redução de salários, dificuldade financeira e econômica, saúde mental instável, e tantos outros obstáculos que, enfim, a dúvida é quanto esses dias serão carregados de alegria ou de dor. E como lidar.

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)


"Viver é muito simples, só precisamos ter empatia e, principalmente, entender que estamos aqui de passagem"

Lowell Revert, de 50 anos, com as filhas Luiza, de 11, e Helena, de 6

 

Lowell Revert, de 50 anos, viúvo de Cecília, a Cissa, há um ano e dois meses que foi vencida por um câncer, aos 39 anos, e pai de Luiza, de 11, e Helena, de 6, encontrou a sabedoria de saber viver diante de todos os obstáculos que tem enfrentado. É contagiante e transparente seu prazer pela vida. “Sou uma pessoa de bem com a vida, sou feliz por natureza. A partir do momento que levanto da cama, tenho a missão, durante todo o dia, de ser feliz. O que recomendo a todos, independentemente do que passou ou passa, é encontrar algo que o faça feliz, pode ser uma palavra amiga, uma história que conforte, um pet.”
 
O astral de Lowell, gerente-executivo da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI), emociona. Além da dor pela perda da mulher, ele também já lidou com as mortes do irmão mais velho e o caçula, e do pai. Hoje, cria as filhas sozinho e segue com o sorriso no rosto. “Somos nós três e uma funcionária que me ajuda. Houve alguns ajustes, a jornada no trabalho foi alterada, mas juntos seguimos de bem com a vida. Criamos nosso mundo, sexta é dia de festa, um evento e preparo tudo.
 
Parece uma multidão, mas somos só nós. Não é me gabar, mas sempre fui um paizão, presente, próximo. Sentimos falta da Cissa, mas levamos de uma forma leve, é a vida. Na pandemia, trancados em casa, ocioso e por gostar de gente, de conversar, acabei criando no Instragram o pae_belas, onde estamos presentes por lá. Cuido de tudo que posso, amo cozinhar e desde os 11 anos, ensinados pela minha mãe, eu e meus irmãos (são cinco) aprendemos a lavar, passar, cozinhar, estudar e assim crescemos”, conta.
 
Mineiro de Olhos D’Água, Norte de Minas, Lowell mora em BH há 36 anos. Filho de Marília, de 83, e Latércio (já falecido), o Natal reúne a família religiosamente no interior das Gerais. Encontro nada comum, já que só de parentes a média é de 200 a 300 pessoas (desta vez ainda não se sabe quantos vão estar presentes). São mais de 20 tios, e primos, só de primeiro grau, passam de 50. Encontro que ninguém abre mão.
 
 “É um grande evento. Já criamos um grupo e WhastApp para acertamos todos os detalhes da festa que será em um sítio, com muita área ao ar livre, já que temos muitos idosos, grávidas e crianças. Tomaremos todos as precauções para estarmos juntos. Vamos celebrar a vida como fizemos até aqui com uma ceia ao nosso estilo, com leitão, frango caipira, não pode faltar o arroz com pequi e tantos outros pratos, e muita música. O momento de oração é sagrado. E no fim, claro, tem boate. Graças a Deus ninguém teve COVID-19, todos se cuidam, há poucos casos em Olhos D’Água, e vamos nos encontrar com responsabilidade”, afirma.

MENSAGEM EM VÍDEO


Otimista, positivo, alto astral, encarando as pancadas da vida, Lowell deixa como mensagem um presente, um tesouro bem particular que, depois de um ano pensando, decidiu compartilhar com o mundo, mesmo com medo e receio das críticas: uma linda mensagem que a mulher Cecília deixou para ele e as filhas em vídeo. Há pouco tempo, ele decidiu criar um perfil no YouTube e postou o vídeo, que surgiu do desejo de Cecília, quando doente, de escrever uma carta para a família.
 
A descoberta ocorreu quando Lowell encontrou no celular da mulher a gravação pouco mais de um mês do falecimento dela. “Primeiro, é ter consciência de que a felicidade é tão mais próxima da gente. É só prestar atenção. A Cissa queria escrever cartas e eu encontrei um vídeo de despedida. O mais lindo da vida. Fiquei meses remoendo, chorava todas as vezes que assistia, mas senti que tocava nosso coração de uma forma tão leve, de fé. Ela morreu quatro dias depois da gravação. Ao decidir postar, quase um ano depois, em 6 de agosto de 2020, vi que era uma mensagem que poderia ser importante para mais pessoas. Apesar o medo de ser criticado, a resposta foi maravilhosa, o vídeo viralizou, recebo mensagens incríveis, de agradecimento, é mágico, provando que a Cissa tocou (e toca) o coração de muitos. Por isso, digo: descubra o que te faz feliz.” Quer ser emocionar, aquecer o coração, acesse lá, o vídeo já em mais de 300 mil visualizações, basta digitar o nome de Lowell Revert (Despedida câncer).


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