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Referência quando o assunto é saúde

Aos 75 anos, Hospital da Baleia se destaca em diversas frentes da medicina


postado em 07/07/2019 04:05

(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press )
(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press )

O Hospital da Baleia, fundado por iniciativa de um visionário, o industrial Benjamin Guimarães e nascido em 1944 como dispensário – unidades de tratamento da tuberculose, doença altamente transmissível e de raras possibilidades de cura àquela época, e que se tornara problema de saúde pública no Brasil –, vem sobrevivendo às custas de malabarismos para suprir o descaso de governos em relação à saúde da população e à falta de recursos para funcionamento pleno.

Atualmente referência em diversas frentes da medicina, a unidade hospitalar está instalada em uma das mais belas paisagens da capital mineira, a Mata da Baleia, na Região Leste. Uma área de 3 milhões de metros quadrados (m²), que abriga 184 espécies de aves e animais em uma floresta plantada por seu fundador. Benjamin parou de trabalhar aos 55 anos e passou a viajar pelo estado e a construir escolas e outros estabelecimentos públicos, como hospitais, em parceria com autoridades locais. “Ele chegava na cidade sem se identificar, com seu jeito muito simples, e se inteirava com a comunidade até descobrir suas maiores necessidades. E, então, propunha às autoridades locais uma parceria para construir aquilo que suprisse a maior carência”, conta sua bisneta, Tereza Guimarães Paes.

Tereza, diretora-presidente da instituição, é psicanalista e psicóloga formada pela PUC/MG. Em 1991, ao chegar de uma especialização na França, recebeu o convite da tia e então presidente da fundação, Célia Guimarães Diniz, e da mãe, então vice-presidente Maria de Lourdes Guimarães, mais conhecida como Lolita, para estruturar o serviço de psicologia, praticamente inexistente em clínicas e hospitais. Ela conversou com o Bem Viver sobre a trajetória e a história da Fundação Benjamin Guimarães, entidade mantenedora do Hospital da Baleia.


Com a descoberta da penicilina, a tuberculose passou a ser tratada com sucesso. Como foi a transição do então dispensário para hospital referência em outros tratamentos?
Naturalmente, quando surgiram os antibióticos, as preocupações com a tuberculose foram sanadas. Então, passamos a nos dedicar ao tratamento de problemas ósseos, principalmente com a ortopedia pediátrica, área em que nos tornamos referência nacional. O professor José Henrique da Matta Machado havia chegado de uma pós-graduação em ortopedia nos Estados Unidos (a especialidade ainda não era regulamentada no Brasil, o que ocorreu em 1977) e criou um ambulatório de ortopedia com atendimento a cirurgias e tratamentos. O Baleia foi a primeira residência médica do Brasil em ortopedia, tornando-se formador de mão de obra na área. Em 1982, inauguramos a oncologia para adultos e, posteriormente, para crianças, um centro de referência com toda a linha de cuidados: ambulatório, cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Ao longo do tempo, desenvolvemos expertises. São 26 clínicas, com referência nacional em ortopedia, oncologia e pediatria. Temos a nefrologia, que abriga desde as sessões de hemodiálise, que são 50 mil por ano, até o transplante renal, sucesso com pós-operatório de curta permanência na unidade hospitalar.

São muitas as entidades filantrópicas com problemas financeiros, principalmente no setor de saúde, cujos custos de manutenção e investimentos são altos. Como o hospital vem se mantendo?
O Baleia nasce com atendimento gratuito, na época do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps). Em 1988, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), pela Constituição, que garantiu o atendimento universal e gratuito para todos, passamos a atender pelo novo sistema, representando mais de 90% do atendimento. Temos, ainda, 36 convênios de saúde e duas seguradoras. As cirurgias particulares estão entre as saídas para nossa sobrevivência. O SUS não paga nem dois terços do custo e precisamos oferecer outros serviços que deem suporte à carência de recursos públicos. Contamos com o “Mais Baleia”, programa em que as cirurgias eletivas podem ser pagas em até 10 vezes no cartão de crédito ou débito. Não se trata de um plano de saúde, é bom ressaltar. Quando a pessoa precisa de uma cirurgia no joelho, por exemplo, bariátrica, vesícula, hérnia e o convênio não cobre, pode recorrer ao Mais Baleia e os custos são divididos a partir do serviço prestado. Essa foi uma solução encontrada para quem pode pagar parceladamente e que, às vezes, fica aguardando até cinco anos na fila do SUS por um procedimento. Temos unidades no Barreiro, aqui no Baleia e em Venda Nova.

Vocês contam também com campanhas para arrecadação de doações.
Sim. São campanhas de aporte dirigidas ao público. Temos parcerias com o EPA (rede de supermercados) e a Araújo (drogaria), em que os centavos de troco nas compras podem ser revertidos para nosso hospital. No mês passado, consumidores dessas duas empresas nos repassaram R$ 750 mil. Outras empresas parceiras adotam leitos. A manutenção de um leito no CTI pediátrico tem custo diário de R$ 2.700. O SUS nos repassa R$ 600 desse total. Outra forma é a sensibilização dos nossos deputados para que façam emendas destinando verbas. Mas o que necessitamos muito é que as autoridades cumpram os contratos, e que tenham outro olhar para a saúde, remunerando, de fato, os serviços prestados. Afinal, cumprimos papel que é do Estado. O setor filantrópico acumula dívida de R$ 27 bilhões. O governo do estado tem débitos não pagos há quatro anos. No início deste ano, a dívida acumulada do estado com a gente chegou a R$ 7,7 milhões, e quando se trata do município, o repasse dos serviços prestados leva 60 dias, representando um ciclo financeiro muito longo. Além do mais, temos juros de nossas dívidas a longo prazo com bancos, que são altíssimos. Quanto à sociedade, só temos que agradecer o reconhecimento do trabalho que vem com o retorno das campanhas, e o que oferecemos é a credibilidade de nossa equipe de funcionários e a excelência de nossos serviços, além de transparência na prestação de contas.

Qual a capacidade de atendimento hoje do hospital?
São 500 mil atendimentos por ano. Atendemos 82% dos municípios de Minas Gerais. Não temos pronto-socorro como porta de entrada. Os pacientes são encaminhados por UPAs ou postos de saúde, diretamente para um especialista ou para internação ou cirurgia. Temos 124 leitos operando, mas nossa capacidade é de 211. A redução foi necessária devida à crise no setor. Estamos entre os hospitais com menor incidência de infecção. Temos núcleo de ensino e pesquisa, residência médica, internato em medicina e diversos estágios para cursos de nutrição, fisioterapia, enfermagem e farmácia. Somos um campo de formação de mão de obra na área de saúde.


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3 A instituição oferece 25 especialidades médicas e atende pacientes da rede pública (85% dos atendimentos), particulares e conveniados. É referência estadual em oncologia adulta e pediátrica, ortopedia, pediatria, cirurgia bucomaxilofacial, cirurgia geral, nefrologia e urologia.

3  Centrare: o Centro de Tratamento e Reabilitação de Fissuras Labiopalatais e Deformidades Craniofaciais do Hospital da Baleia existe desde 2004. É o 3º centro de referência no Brasil em volume de pacientes. Por ano, são mais de 350 novos casos, cerca de 300 cirurgias e 12 mil atendimentos ambulatoriais (consultas, equipe multi e odonto).

. Centro de nefrologia: a clínica de nefrologia do Baleia é uma das maiores do estado no atendimento a pacientes com insuficiência renal: são cerca de 50 mil sessões de hemodiálise por ano. O serviço beneficia pessoas de BH e do interior de MG, que, sem o tratamento, não sobreviveriam. O Baleia é credenciado desde 2000 para a realização de transplante renal em adultos e crianças. Conta com médicos e enfermeiros experientes, além de equipe multidisciplinar, ambulatório, setor de exames e centro cirúrgico equipado com 10 salas, além de CTI adulto e pediátrico. Destaque para o pós-operatório do transplante renal, com alta resolutividade e baixo tempo de internação.

. Centro de oncologia: o Hospital da Baleia é referência estadual no tratamento de crianças e adultos com câncer, sendo uma Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) credenciada pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). O serviço para adultos foi implantado em 1982, a oncopediatria existe desde 2003 e, em 2009, a instituição lançou o primeiro programa de residência médica em oncologia pediátrica de Minas Gerais. O hospital conta, desde 2013, com dois aceleradores lineares – equipamentos utilizados nas sessões de radioterapia, que permitem tratamento menos invasivo que o convencional. Por ano, são mais de 86 mil atendimentos, cerca de 24 mil sessões de quimioterapia e 21 mil de radioterapia.

. Interessados em contribuir com a instituição podem realizar doações on-line (www.amigosdobaleia.org.br) ou se informar pelos telefones (31) 3489-1653 e (31) 3489-1660.

SINO DA CURA

Há dois anos, pacientes do Baleia que vencem o câncer tocam o 'sino da cura', incentivando os demais a lutar pelo fim do tratamento. Trata-se de uma ação de humanização liderada pela equipe de enfermagem para dar esperança a crianças e adultos que sonham com essa vitória. “O sino da cura virou símbolo de incentivo, desde a primeira consulta até o término do tratamento. O soar do sino simboliza o fim de uma batalha e o simples gesto de tocá-lo tornou-se um momento em que os pacientes e seus familiares se sentem vitoriosos e demonstram gratidão a toda a equipe assistencial envolvida”, afirma Nathália Abbas, coordenadora do Centro de Oncologia.


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