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Estado de Minas

Produção de mel e própolis cresce em Minas Gerais

Apicultura conquista lugar de destaque no agronegócio, beneficiada pelo clima favorável e fauna e flora, mas burocracia trava exportações


postado em 28/08/2017 06:00 / atualizado em 28/08/2017 09:01

Apicultores projetam um aumento de 20% na produtividade este ano(foto: Leandro Couri/EM )
Apicultores projetam um aumento de 20% na produtividade este ano (foto: Leandro Couri/EM )

Se no passado o café e o leite tinham a predominância na atividade agropecuária em Minas Gerais, pouco a pouco essa mistura vem sendo adoçada com mel. A apicultura ganha espaço no estado impulsionada pelas condições favoráveis do clima, da fauna e da flora, que permitem a produção de mel e própolis de alta qualidade.

O bom desempenho da atividade apícola em Minas tem relação também com o sumiço das abelhas do Sul do país, sobretudo no Rio Grande do Sul, um dos principais produtores do Brasil. Neste ano, a projeção é de que a produtividade aumente 20% em relação ao ano passado e chegue a 10 mil toneladas ao ano – embora 30% acabem não sendo computadas nas estatísticas oficiais. Os dados são da Federação Mineira de Apicultura (Femap). Entidades lutam para desburocratizar o setor e ampliar exportação.


Um dos fatores responsáveis pelo impulso à produção mineira, o desaparecimento das abelhas tem sido observado nos Estados Unidos e ao Sul do hemisfério sul. De acordo com pesquisas, essa epidemia, que ficou conhecida como Desordem de Colapso de Colônia (DCC), está associada ao uso de pesticidas e químicos na agricultura. “Basicamente, a produção depende dos cultivos plantados, mas aqui em Minas ainda se utiliza muito a vegetação nativa”, afirma a coordenadora estadual de pequenos animais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Márcia Portugal.

Em Minas, quase 80% da produção é de mel silvestre, produzido a partir de floradas nativas. “O mel é muito puro. Não se usam agrotóxicos e inseticidas”, afirma. Outro trunfo da produção apícola no estado é o própolis verde, substância resinosa produzida pelas abelhas da espécie Apis mellifera a partir do alecrim-do-campo ou vassourinha, planta nativa do cerrado.

Minas é o único estado brasileiro que produz esse tipo de própolis, considerado um patrimônio mineiro e premiado em concursos internacionais. A Femap está buscando a denominação de origem do produto, para obter certificação de que se trata de produto exclusivo.
 
Segundo a Emater-MG, o estado conta com cerca de 7 mil apicultores, sendo que a atividade apícola gera 42 mil empregos diretos e indiretos em Minas Gerais. “A apicultura é também é muito rentável. Se o manejo for bem feito, as  abelhas fazem o trabalho por você”, afirma Márcia. As áreas mineiras são responsáveis por aproximadamente 12% da produção do mel e quase 90% da produção de própolis verde no país. Entretanto, o aumento da produção esbarra na burocracia que o setor enfrenta.

ENTRAVES “Obter a documentação para exportar mel leva dois anos, fora outras exigências que pressionam os gastos a até R$ 80 mil”, afirma o presidente da Femap, Cézar Ramos Júnior, que também é diretor do Conselho Técnico da Própolis junto à Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel). Ele esteve na sexta-feira em Brasília para negociar a revisão da regulamentação da atividade apícola no país. “É um mercado muito promissor. É uma nova onda, motivada pelas práticas de se alimentar bem com produtos naturais”, diz.

Em julho, o setor conseguiu junto ao governo do estado diminuir a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), que baixou de 18% para 7%, mas é preciso avançar, segundo Ramos Júnior. “Ainda tem muito a ser feito, a burocracia dificulta muito o andamento e a celeridade para acessar mercados”, diz. Por causa desses entraves, 30% da produção do estado é vendida de forma clandestina. Do total de 10 mil toneladas produzidas neste ano, 3 mil devem ficar fora das estatísticas oficiais, pelos cálculos da Femap. Atualmente, os principais compradores do mel brasileiro no exterior são Japão, China e países europeus.

Terreno fértil no Norte do estado


A expansão da produção do mel em Minas encontra terreno fértil no Norte do Estado, que tem cadastrados pela Emater-MG 1,6 mil apicultores. “É uma alternativa de renda, porque a produção não tem tanta interferência do clima seco. A flor de aroeira, se chover, não produz mel direito”, comenta o coordenador técnico regional de pequenos animais da Emater-MG, Luiz Fernando Mendes, que fica no escritório de Montes Claros, polo da região.

Em julho, foi criada a Cooperativa de Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi), que integra empreendedores do ramo de 20 municípios. Com pouco mais de um ano, já comercializou mais de 400 toneladas de mel. No caso dessa região, além da florada nativa, o mel da florada de eucalipto também tem destaque. “Há grandes áreas de reflorestamento. Na florada nativa, o destaque é o mel de aroeira, que é um mel de cor escura”, conta Mendes.

Jeremias Nogueira Pereira, presidente da Associação do Grupo Orgânico de Apicultores de Minas Gerais (Apiorg-MG), com 100 associados e sede em Bocaiuva, afirma que a exportação do mel orgânico está aquecida, sobretudo para a Europa e Arábia Saudita. Os preços têm variado de acordo com a cotação do dólar, em torno de R$ 10 o quilo. “Cada dia mais vemos pessoas que estão fazendo da apicultura a atividade principal”, afirma Pereira, na área há 18 anos.

Ele ensina que o ideal é começar com pelo menos 30 colmeias, que podem render em torno de R$ 300 por florada, período da safra de mel. Também de Bocaiuva, o apicultor Mário Fernando Veloso começou na atividade há sete anos e largou a profissão de metalúrgico. Ele e o pai cuidam de 250 colmeias, que rendem a cada um vencimento mensal de R$ 3 mil. “Todo o mel que produzimos é exportado”, conta.
 


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