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Estado de Minas SUELI VASCONCELOS

O meio ambiente e o vegetarianismo

Comer uma dieta vegetariana é uma das melhores coisas para interromper as mudanças climáticas e pode ser delicioso e muito divertido


27/12/2021 06:00 - atualizado 27/12/2021 07:38

Alimentos naturais
(foto: Pixabay)
Há quase 3 anos, decidi não comer mais carne.  Fiz a opção pela versão vegetariana. Ainda como ovos e derivados do leite. Vou bem assim. Mas o pânico é quase geral entre os que estão próximos a mim. O temor do que será a mim servido, já que não como carne, tornou-se se um sentimento recorrente. Mesmo que eu não coma somente carne e quiabo (porque não consigo gostar), as pessoas se perdem quando descobrem que não têm a possibilidade de servir carne ao me receber. 

Na mente coletiva, o vegetariano ainda é, muitas vezes, aquele que bica três folhas de salada. Não percebem que, na realidade, somos mais vegetarianos no dia a dia que carnívoros (com o preço da carne nas alturas, é ainda mais comum nos dias de hoje).


A decisão de não comer mais carne foi impulsionada pelo desejo de fazer algo para o planeta. Foi a minha forma de ajudar a preservar o meio ambiente. Os motivos que levam as pessoas a optarem pelo vegetarianismo ou pelo veganismo são os mais diversos. A minha decisão teve uma preocupação ambiental.

A indústria da carne lança uma grande quantidade de Gases de Efeito Estufa (GEEs) na atmosfera. Estima-se que a produção animal contribua com, pelo menos, 14,5% de todas as emissões de GEES. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a criação de gado para a alimentação gera mais poluentes que todos os carros e caminhões do mundo juntos.  
 
 
A produção de 1 quilo de carne bovina requer de 10 a 15 vezes mais água que a produção de 1 quilo de vegetais. Conclui-se, assim, que a comida vegetariana reduz o desperdício e a poluição.

Em toda a cadeia de abastecimento alimentar, a que mais produz resíduos é a indústria da carne. Anualmente 2,5 bilhões de toneladas de alimentos vão para o lixo em todo o mundo, o que corresponde a 10% das emissões globais de GEEs.  Nas fazendas criatórias, são estimadas perdas de mais de 153 milhões de toneladas de carne por ano. Nada se equipara a esse índice de desperdício em outro setor de abastecimento da cadeia de alimentos. 

Recursos preciosos são desperdiçados para sustentar a pecuária. Parte considerável das safras mundiais são destinadas à produção de alimentos para os rebanhos. Para produzir 1 quilo de carne, são exigidos cerca de 8 kg de ração, e o consumo de carne representa apenas 12% da dieta humana.

Os dados divulgados durante a COP26 indicam que 400 milhões de hectares das terras agrícolas são destinadas para produzir ração para o gado. Se as terras fossem utilizadas, exclusivamente, para alimentar humanos, haveria um aumento de mais de 70% das calorias disponíveis, o que atenderia a mais de 4 bilhões de pessoas. 

Isso significaria, se bem distribuído, o fim da fome no mundo. Hoje, são mais de 800 milhões de pessoas passando por grandes restrições alimentícias em todo o globo.  As dietas vegetarianas ou veganas podem colaborar para uma alimentação mais equitativa. 

Se a humanidade busca uma produção de alimentos com o máximo de nutrientes e com menor impacto ambiental, a pecuária, da forma como é praticada atualmente, não terá muito espaço no futuro. 

Os rebanhos globais somam 23 bilhões de frangos, 1,5 bilhão de cabeças de gado, 1,2 bilhão de ovelhas, 1 bilhão de cabras e 1 bilhão de porcos que vivem em fazendas no mundo inteiro. Um reduzido número de grandes corporações domina essa atividade. 

Há uma tentativa constante de associar a produção da carne aos pequenos grupos familiares, preocupados com o bem-estar do animal e com o meio ambiente. Mas a realidade é outra: em média, 70% do gado são criados em grandes fazendas que dominam o setor e que consideram as perdas e o desperdícios como o custo para a manutenção dos negócios. 

A viabilidade da pecuária é possível usando grandes quantidades de terra e água para produzir poucos benefícios, além dos altos lucros garantidos às empresas do ramo. Ao longo do tempo, teremos que produzir e comer menos carne, se desejarmos, de fato, um planeta mais equilibrado ambiental e socialmente. 

As razões para se tornar vegetariano são variadas. As pessoas podem escolher entre tantas. Vamos lá. Vou tentar convencê-lo a mudar alguns hábitos. Pode ser estabelecer a "segunda sem carne" como padrão inicial. 

 A dieta vegetariana ajuda a ficar em forma e a perder peso (dê adeus às salsichas e mergulhe canudos de cenoura no queijo cottage e seja mais feliz); para ajudar ao planeta (citei vários ótimos motivos antes); salvar as abelhas (o desaparecimento dessa espécie está associado à criação intensiva e ao uso de fertilizantes e agrotóxicos, que contribuem para o envenenamento desses insetos) e evitar a crueldade dos humanos com os animais. 

Inspire-se em algumas celebridades e cientistas (Ariana Grande, Rita Lee, Brad Pitt, Felipe Neto, Luísa Mell, "Lisa Simpson",  Einstein e Darwin são ou foram defensores de dietas vegetarianas/veganas). 

Ainda tem dúvidas? Uma razão é  lutar contra a fome no mundo (comer vegetariano reduz as disparidades e desigualdades alimentares no mundo. Os cereais usados para alimentar os rebanhos poderiam alimentar os humanos que têm fome e assim sanar um mal que atinge a humanidade em pleno Século XXI); respeitar nossa natureza (segundo alguns cientistas e naturalistas, somos frugívoros e não carnívoros. Nossos dentes, estômago e intestinos diferem entre humanos e carnívoros); ser vegetariano ou vegano previne a obesidade e diabetes, entre outras. 

As razões são múltiplas, basta escolher a sua. No final, o planeta e seu corpo agradecem.

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