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O triste destino das esquerdas

A reforma da Previdência deveria ser a agenda prioritária das esquerdas, que em toda a parte e em todos os tempos sempre tiveram como principal discurso a justiça social


postado em 15/04/2019 05:06 / atualizado em 15/04/2019 10:25

Quem vê com mais lucidez a história contemporânea percebe que os conceitos de esquerda e direita perderam completamente o significado. As mudanças na vida econômica e cultural tornaram a realidade social muito complexa para caber nos limites estreitos e redutores daqueles conceitos. As pautas políticas na era da informação são tão amplas e diversificadas quanto o pensamento humano.

 

Políticos que se mantém presos às fantasias do futuro, ao modo da velha esquerda, ou às fantasias de um passado idealizado, como fazia a clássica direita, não servem mais para resolver os problemas concretos com que se defrontam as sociedades modernas. Infelizmente, ainda são muitos os partidos e os políticos que se filiam a ideologias extemporâneas e que deveriam já estar sepultadas nas covas rasas da história das idéias erradas e perigosas.

 

Entre nós, em toda a América Latina e no Brasil, a política de esquerda, malgrado seus repetidos fracassos, sua propensão para provocar ao término dos seus governos a ruína fiscal e o aprofundamento generalizado da pobreza, pela impotência a que reduzem o Estado, ainda exerce uma estranha sedução, não tanto entre os pobres, mas especialmente junto às classes intelectualizadas, artistas, professores, jornalistas, a quem servem com devoção.

 

A situação da Previdência no Brasil não comporta sofismas, pois seus dados são públicos e claros. Só na esfera federal, gastamos anualmente cerca de R$ 700 bilhões com aposentadorias e pensões. Este valor equivale a 52% de toda a receita de impostos da União. Para se ter uma medida de comparação, o governo federal gasta apenas R$ 70 bilhões com educação, ou seja gastamos com as crianças, na era do conhecimento, dez vezes menos do que gastamos com a população idosa. Todos os estados brasileiros, com exceção dos novos estados criados na Constituição de 1988, tem enormes déficits previdenciários, quase todos gastando mais com os inativos do que os ativos, e por isso estão falidos e impotentes.

 

É impossível não reconhecer que nosso sistema é muito injusto, concorrendo para tornar o país mais desigual. Enquanto 20 milhões de trabalhadores do setor privado recebem até dois salários mínimos de aposentadoria, no setor público federal 450 mil servidores ganham de R$ 10 mil a R$ 39 mil, além de desfrutarem ao longo de sua vida da segurança econômica absoluta que lhes propicia o privilégio da completa estabilidade do emprego.

 

A situação da Previdência, sem nenhum exagero, explica quase todo o infortúnio por que passa há mais de 30 anos a economia brasileira. Por causa dos gastos excessivos, o Estado brasileiro não tem mais dinheiro para coisa alguma, nem educação, nem saúde, nem investimentos em infraestrutura. Para piorar, o sistema é muito desigual, porque preserva cerca de 2 milhões de brasileiros das incertezas da conjuntura econômica, qualquer que seja a condição do país, de crescimento ou de recessão. Somos pobres e desiguais em grande medida por causa da nossa Previdência.

 

A reforma da Previdência deveria ser a agenda prioritária das esquerdas, que em toda a parte e em todos os tempos sempre tiveram como principal discurso a justiça social e a luta contra os privilégios. O ex-presidente Lula foi fiel a esta tradição, promovendo uma ampla reforma da Previdência dos servidores públicos já nos primeiros dias do seu mandato. Por incrível que possa parecer, a ala mais radical do PT insurgiu-se contra o fim dos privilégios, abandonou o PT e constitui nosso mais extremo partido de esquerda, o Psol. Foi cena própria de um teatro do absurdo.

 

Esta comédia de erros repete-se agora. Os auto-proclamados partidos de esquerda, PT, Psol, PSB, PCdoB e PDT, de olho na sua alta clientela, alinham-se ferozmente para impedir qualquer reforma da Previdência. Querem que, em nome da justiça e da igualdade, seja mantido o estrangulamento fiscal do Estado, e que fiquem intocados os privilégios de uns poucos,  às custas dos pobres do país.

 

Que essas esquerdas ainda se chamem esquerda, é um despautério com que nem Mucanaíma, nosso herói sem caráter, poderia sonhar!

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