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Estado de Minas Em dia com a psicanálise

Análise é como jogo de futebol, sempre inédita, nunca se repete

Nenhum paciente é igual a outro, assim como as jogadas que nunca são idênticas. Ambos exigem força, destreza, inteligência e determinação


10/04/2022 04:00 - atualizado 09/04/2022 00:37

Ilustração divã de psicanalista sobre o qual há o desenho de um campo de futebol

Quem pede uma análise tem seus motivos. O motivo invariavelmente é o sofrimento. Pelo cansaço, estresse, a dificuldade de fazer escolhas e não escolher, de certo modo, também é uma escolha. Por perder as rédeas de sua vida, por não saber sobre seu desejo e por aí vai uma longa lista de causas.

São motivos justos e que impedem o sujeito de desfrutar da vida como poderia, ou seja, com prazer e tranquilidade, permanecendo sempre embaraçado, paralisado, deprimido em uma das três dimensões que sempre estão presentes como fundo de cada chegada: ansiedade, angústia ou inibição.

No pedido de análise se retratam em palavras e relatos de vida ou mesmo de sonhos enigmáticos a serem compreendidos, nem sempre totalmente, mas invariavelmente nos conduzem ao cerne de uma questão importante.

Sempre são diferentes as formas que encontramos uma pessoa em sofrimento. Nenhum paciente é igual a outro, sendo a psicanálise então passível de ser comparada, por exemplo, a um jogo de futebol.

As jogadas são sempre inéditas, nunca se repetem, nunca são idênticas. Um esporte criativo que requer colaboração entre os jogadores, dar e receber lances para chegar à finalização, que é o gol. Força, destreza, inteligência e determinação.

No nosso caso, a bola são as palavras que, faladas, deslizam e uma substituindo a outra tem valor material. Quando lançadas, não retornam as mesmas e nos levam àquilo que é a meta de uma análise. E o que é a nossa meta? Encontrar a verdade do sujeito e fazer com que ele, sabendo mais um pouco sobre seu desejo e sobre seu sintoma, possa fazer algo melhor com isso.

Numa análise, a cada sessão se avança em direção à escuta do mais singular, que vem da palavra. Mas não se trata de um bate bola, porque o analista assiste ao jogo do sujeito com ele próprio, mas está fora deste jogo.

Está fora no sentido de que ali ele é mais função do que pessoa com quem se trocam ideias. Ele é função escuta. E quando sai deste lugar perde a preciosa escuta daquilo que lhe é traído, revelando a verdade inconsciente daquele que fala e quem fala sempre fala de si. Mesmo quando pensa falar de outrem, é de si que se trata,

Em sonhos, por exemplo, todos os personagens são referências de si próprios, dos traços do sonhador, de suas posições que, voltados para ele, dizem de sua lógica com objetivo de revelar conteúdos externos à consciência.

Sonhos são como mensagens diretas do inconsciente para o sujeito. Mas eles sempre nos parecem incompreensíveis, surreais e sem sentido algum. As pessoas desprezam seus sonhos com certa frequência e os esquecem deixando-os escapar entre as tarefas do dia.

O sonho é uma das formas como o inconsciente se faz ver e escutar, pois para que mande sua mensagem o faz por meio de condensações e deslocamentos, como em criptogramas, para driblar a censura e atingir sua meta, ou seja, enviar a mensagem do sonhador para si próprio. Incrível como sabemos mais do que pensamos saber.

E assim se fazem as análises. Com uma escuta precisa e preciosa, capaz de acolher aquilo que não se sabe, mas que, ao vir à luz, traz a possibilidade de fazer algo melhor com a vida e com mais alegria.

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