Tratava-se de fazer a reforma de regras mais dura possível – e ele a fez (algo que a reforma federal de 2019 deveria ter tornado obrigatório não apenas para a União), e, depois, complementar esse esforço com o aporte do maior volume possível de ativos do Estado no respectivo fundo de previdência. Só assim seria possível, diante da alta rigidez do resto do gasto corrente, evitar a debacle dos investimentos, que já vinham em nítida escalada descendente há algum tempo, e eventualmente, até mesmo ficar sem caixa para arcar com todas as despesas obrigatórias.
E vejam a falta que eles estão fazendo agora, quando a pandemia está arrefecendo, com variantes e tudo, mas o PIB “anda de lado”, segundo o ministro da economia, exatamente por conta das novas variantes (desculpa essa um tanto esfarrapada, especialmente para um governo que tem total descaso pela vacinação...).
Como previdência de servidores é pagamento sagrado, e também diante de um orçamento ultra engessado nas demais contas fora investimento, percebeu que teria de reformar regras no que pudesse naquela área, e deveria ao final fechar a conta previdenciária via aporte de ativos a fundos criados especificamente para esse fim. (Saiba-se que hoje os fundos já criados por entes subnacionais acumulam cerca de R$ 200 bilhões em ativos garantidores de aposentadorias).
Essa seria a principal herança que a atual gestão deixaria para a próxima administração – a garantia de que o Estado pudesse voltar a investir, já de 2023 a 2030, pelas contas que fiz, algo próximo do pico de R$ 2 bilhões, que fora observado em 2013. Claro, sem falar na necessidade de aprovar um plano de ajuste de longo prazo para os demais itens de alta rigidez no orçamento: pessoal ativo e despesas em “outros custeios” financiadas com receitas vinculadas a determinados usos.