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Estado de Minas COLUNA

Ações da Eletrobrás e o FGTS: a prioridade para os trabalhadores

O que os investidores individuais e corporativos estão vendo de tão atraente na operação de capitalização da Eletrobras é um futuro promissor


07/06/2022 04:00 - atualizado 07/06/2022 07:11

Prédio da Eletrobras
Com a capitalização, que é diferente da simples venda da empresa para a iniciativa privada, a Eletrobras deixa de ter o governo como seu acionista majoritário (foto: Reprodução)


A rapidez com que avança o processo de capitalização destinado a desestatizar a administração da Eletrobrás traz consigo revelações animadoras sobre o amadurecimento político de parte expressiva da sociedade brasileira. Mais do que apoiar a operação, milhares de cidadãos de todas as classes estão dispostos a apostar algum dinheiro no sucesso da nova configuração da empresa.

Assim que foi aberta a possibilidade de o comum dos mortais tornar-se acionista de uma grande geradora e distribuidora de energia elétrica que, de agora em diante, não será mais cabide de empregos políticos, começou a corrida para a reserva de ações.

O governo reservou os primeiros lugares na fila dos candidatos a acionistas da Eletrobrás para os trabalhadores de qualquer empresa que desejarem aplicar até a metade do saldo de seus depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Os bancos e demais instituições financeiras criaram, para isso, os Fundos Mútuos de Privatização (FMP). Qualquer trabalhador que tenha carteira de trabalho assinada pode procurar um banco e se inscrever, declarando quanto quer aplicar, desde o mínimo de R$ 200 até o máximo de 50% de seu FGTS.

O prazo para se inscrever é curto: começou na sexta-feira, dia 3, e termina amanhã, 8 de maio, no fim do expediente. O que quase ninguém supunha é que a procura fosse tão grande, superando em 50% as expectativas desde o primeiro dia. A razão para tanto entusiasmo é clara: os juros pagos ao trabalhador pelo FGTS são de apenas 3% ao ano, ou seja, pior do que a popular caderneta de poupança.

Antes de continuarmos, cabem aqui alguns avisos aos menos acostumados ao mercado de ações. Trata-se de uma aplicação em renda variável, ou seja, a cotação das ações pode subir ou descer ao longo do tempo, e quem usou o FGTS para comprá-las só terá acesso a elas se for demitido sem justa causa, se comprar sua moradia ou se aposentar. Ou seja, ao trabalhador que não tem uma poupança já feita para o caso de perder o emprego, sugere-se cautela dobrada.

Os que já têm a poupança para emergências e ainda vão trabalhar mais de 10 anos para se aposentar, o mais provável é que sairão ganhando com as ações. Ainda assim, a prudência recomenda não concentrar tanto as aplicações em ações de uma só empresa. Portanto, quando for este o caso, comprometer 50% do FGTS numa única aplicação pode ser demais.

Mas não só quem tem FGTS pode participar. A partir do dia 9, quinta-feira, as demais pessoas físicas e jurídicas podem se inscrever em um banco para reservar ações da nova emissão da Eletrobrás. Nesses casos, a aplicação mínima é de R$ 1 mil e a máxima, de R$ 1 milhão.

Futuro promissor

O que os investidores individuais e corporativos estão vendo de tão atraente na operação de capitalização da Eletrobrás é um futuro promissor que, enquanto estatal, ela não tinha. Afinal, trata-se de uma empresa que em apenas quatro anos, entre 2012 e 2015, acumulou prejuízos de R$ 30 bilhões e se endividou perigosamente.

Com a capitalização, que é diferente da simples venda da empresa para a iniciativa privada, a Eletrobrás deixa de ter o governo como seu acionista majoritário e seu administrador. Assim, ela se livra da burocracia e das amarras da legislação do setor público. Isso significa ter liberdade para tomar decisões e agilidade para implementá-las em favor da eficiência e da produtividade.

Um dos pontos mais importantes para a gestão totalmente privada é o que dá à Eletrobrás a alternativa de vender no mercado livre de eletricidade a energia gerada por suas usinas, competindo com outras empresas, sem eventuais pressões governamentais sobre sua política comercial.

Investimentos

Essa liberdade será obtida com o pagamento à vista ao governo da outorga para a exploração, por 30 anos, de 22 usinas hidrelétricas. Essa operação está orçada em cerca de R$ 25 bilhões, a serem captados no processo de capitalização. Além disso, como empresa privada, a Eletrobrás passa a ter acesso aos mercados de crédito e de capitais, podendo contrair financiamentos e chamar novos acionistas, sem as complexas autorizações e participações do governo.

É nisso que os novos investidores baseiam as expectativas de crescimento da empresa e de retorno do capital aplicado. Esse acesso aos mercados financeiros nacionais e internacionais permitirá à Eletrobrás realizar investimentos para manter e expandir seus ativos. Atualmente, a empresa tem investido R$ 4 bilhões por ano, quando, somente para manter sua participação no mercado brasileiro em expansão, deveria estar aplicando R$ 15 bilhões por ano.

As vantagens da desestatização da Eletrobrás para a nossa economia são, pois, evidentes e urgentes. Afinal, o mundo desenvolvido vem acelerando a migração da energia gerada por minerais fósseis para a eletricidade limpa e renovável, como a da Eletrobrás. A maioria dos brasileiros parece ter percebido isso, como demonstra a procura pelas ações da empresa, o que acaba deixando velhos políticos, acostumados aos cabides de emprego, falando sozinhos.
 
 

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